sábado, 31 de dezembro de 2011

Para um ANO NOVO...

Ser criador é ser parte de Deus

A vida somente é vida quando o amor arde dentro de você, quando a chama do amor é tão brilhante que começa irradiar a sua volta, a se espalhar para os outros, a ser sentida pelas pessoas - seu amor se torna quase tão tangível que as pessoas poderiam tocá-lo.

Assim, ele não é uma benção só para você, mas também para todas as outras pessoas.

Um homem verdadeiro é sempre um enriquecimento para o mundo, para a existência; ele contribui muito. Se você não pode contribuir com alguma coisa, nunca será bem-aventurado.

É por meio da contribuição com algo para a existência que você participa da obra do criador, pois você mesmo se torna um criador. Ser criador é ser parte de Deus - não há outro jeito.

Osho, em "Meditações Para o Dia"


imagem: Google


sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O Plano das Trevas

O Texto é um pouco longo mas é importante

e você vai gostar...

O Plano das Trevas

Hugo Lapa

Certa vez, o senhor das trevas chamou toda a hierarquia infernal a fim de traçar os planos para implantar o mal em toda a humanidade. Outras reuniões como essa já haviam ocorrido em tempos passados, mas agora, com o advento de novos tempos, há necessidade de uma nova organização das trevas para atualizar seus planos contra a humanidade.

Então, os demônios de alta patente se reuniram e, atentamente, ouviram as instruções de seu chefe.

“Invoquei a presença de todos aqui com o objetivo de transmitir as diretrizes gerais para os novos tempos, a fim de se fazer do planeta Terra, na atualidade, um mundo cada vez mais sofrido, onde o mal predomine finalmente.”

Cada um de vocês deve ouvir atentamente as instruções que serão passadas agora, pois delas depende todo o sucesso de nosso trabalho.

“Para subjugar os seres humanos e fazer delas verdadeiros escravos, os principais pontos que todos devem se esforçar para implementar no mundo são os seguintes:

Em primeiro lugar, vamos estimular ao máximo nos seres humanos o orgulho e o egoísmo. Esses dois pilares devem ser a chave da submissão da humanidade. O orgulho, a soberba, a arrogância e a prepotência são os principais ingredientes de nossas realizações, pois farão com que cada ser humano se sinta melhor do que os outros; quanto mais existirem pessoas que se acreditam superiores, mais essa falsa percepção terá o poder de gerar divisões, disputas e conflitos. A soberba e a arrogância fomentarão o preconceito, a discriminação e a luta pelos direitos de uns se sobressaindo diante dos direitos de outros. Do orgulho brotará o sentimento de egoísmo, que fará com que os seres humanos busquem as coisas apenas para si mesmos, esquecendo que fazem parte de uma coletividade e dela dependem. Estimulando o individualismo ao invés do coletivismo; a competição ao invés da cooperação. Vamos influenciá-los a acreditar que podem levar uma vida totalmente isolada do restante, e mesmo assim serem felizes. Faremos com que a busca de benefícios apenas em proveito próprio seja o pivô de todas as relações humanas, e como consequência, os seres humanos estarão sempre brigando entre si por pequenas migalhas e farão de tudo para passar por cima uns dos outros. Dessa forma, estabeleceremos a competitividade, a violência, as distinções de classe social, dentre outras mazelas. Isso promoverá uma grande distância entre as pessoas e produzirá indivíduos solitários e carentes.”

“Muito bom senhor” respondeu um dos demônios. “Esse é sempre um bom plano”.

“Sim, mas não é só isso” – respondeu o Senhor do Submundo – “Há ainda mais ações a serem implantadas para nosso sucesso total.”

“Em segundo lugar, vamos implantar nas mentes humanas o pecado da vaidade. Vocês devem fazer com as pessoas sejam vaidosas a todo custo. Façam com que elas dêem mais atenção ao exterior do que ao interior. Se conseguirem isso, elas verão apenas a imagem que se encontra na superfície e serão cada vez menos capazes de enxergar além e ver aquilo que jaz oculto no interior de cada um. Isso contribuirá para a criação de pessoas mais voltadas às aparências do mundo e menos capazes de enxergar as coisas como elas realmente são. Vamos também confundir as pessoas e fazê-las acreditar que vaidade e autoestima são a mesma coisa; assim uma pessoa que cuida excessivamente de sua aparência terá a impressão que gosta de si mesma, que se ama, quando a verdade é o contrário disso. Quanto mais uma pessoa é exageradamente ligada a sua aparência, mais defeitos ela vê em si mesma, menos ela se aceita e consequentemente, menos ela se ama. Vamos promover a indústria da moda, dos cosméticos e das revistas de beleza para que as mulheres se sintam cada vez mais desajustadas e se voltem menos para as coisas que interessam – como o amor, o conhecimento, a paz, a sabedoria – e se voltem mais para o supérfluo e aquilo que é passageiro.”

Os demônios ouviam com atenção e curiosos sobre as próximas instruções do mestre das trevas.

“Em terceiro lugar, vamos promover ações principalmente no plano monetário, no mundo do dinheiro. Vamos estimular a cobiça, o sentimento de posse, e divulgar a ideia de que o ser humano mais realizado é aquele que possui mais sucesso profissional, mais bens, mais dinheiro guardado. Vamos confundir a mente das pessoas e fazê-las acreditar que o dinheiro é tudo na vida, e que todo o resto é secundário. Levando uma vida toda voltada à sobrevivência e à aquisição de bens materiais, não sobrará tempo para a família, para o encontro consigo mesmo, para leituras e para o conhecimento, para a reflexão, a oração e a meditação. Vamos fazer do dinheiro o píncaro da realização pessoal, assim não sobrará tempo para o que realmente é importante. O dinheiro não deve ser apenas um instrumento do viver, deve ser, isso sim, o fim da vida, seu objetivo primordial, a meta derradeira de todos os seres humanos. Quanto mais os seres humanos buscarem no dinheiro a realização, mais eles ficarão frustrados por não a encontrarem; ficarão tristes, deprimidos, solitários, carentes e vulneráveis. Fecharão os olhos para tudo e todos e se dedicarão, quase com exclusividade, ao sucesso do mundo da acumulação de capital. Eles ganharão mais e mais dinheiro, mas ainda assim não estarão satisfeitos, e vão buscar mais e mais, e nem vão desconfiar que o dinheiro nunca poderá preencher o espaço interior vazio do seu coração. Por outro lado, vamos fazer as pessoas serem consumidoras por excelência: toda a vida humana deve estar voltada ao consumo, mesmo que os bens consumidos sejam desnecessários. Faremos da compra algo ritualizado, que gera prazer e contentamento pessoal, assim as pessoas vão buscar fora de si algo que só poderia ser conquistado dentro. Vamos enganá-los com a ideia de que o dinheiro pode comprar tudo. Precisamos agir no mundo de tal modo que, aqueles que não têm dinheiro, vão sofrer pela sua ausência; e aqueles que têm dinheiro, vão sofrer pela possibilidade de perdê-lo. Tanto um como outro serão nossos escravos e não encontrarão a verdadeira realização: a realização espiritual”.

Os demônios apreciaram muito a explanação, e estavam sedentos de novas instruções.

“Além desses três aspectos” – continuou o senhor da escuridão – “há outros dois que devemos investir com todas as nossas forças, a ciência e a religião:

“Com relação à ciência, devemos tomar todas as medidas para que ela se torne materialista, tecnicista e voltada apenas aos interesses econômicos. A ciência precisa ser apenas técnica, sem alma, e tudo que se faça nela deve responder a interesses de grandes empresas; os cientistas devem estar sempre subjugados a grupos econômicos, para que suas ações não sejam livres e independentes. Isso ajudará a fazer com que a pesquisa científica seja controlada por grupos pequenos, que serão os detentores do direcionamento que será dado a trajetória da ciência. Expurguem completamente do campo científico qualquer debate sobre os limites éticos do conhecimento e disseminem a ideia de que, para o conhecimento humano, não há barreiras éticas e humanas. Faremos as pessoas dependerem completamente da tecnologia, a ponto de fazer com que uma ruptura no sistema seja a causa de um colapso geral. Assim, cada vez mais as pessoas vão acreditar que dependem da tecnologia e estão subordinadas a ela. Por outro lado, façam de tudo para que a ciência se torne dogmática, assim como a religião, e que haja uma constante disputa entre ambas, mesmo que em essência tanto a ciência como a religião seja duas faces de uma mesma moeda. Vamos estimular nos cientistas a preservação conservadora dos conhecimentos: fazer ela mais dogmática e menos investigativa, um verdadeiro depósito de certezas. Façam com que os cientistas não percebam que o conhecimento científico sempre possui um prazo de validade. É preciso traçar com firmeza e de forma bastante definida os limites que separam a ciência da religião, e que essa linha limítrofe se torne praticamente intransponível, pois com essas barreiras, os conflitos entre ambas vão desgastar, minar e atrasar o desenvolvimento de uma e outra, fazendo com que o ser humano precise escolher entre uma das duas e que sua consciência fique dicotomizada, totalmente dividida e em permanente conflito. De toda forma, é importante também descartar completamente qualquer intercâmbio entre essas duas formas de conhecimento, e rechaçar com veemência as novas pesquisas que ajudem a aproximar uma da outra. Os cientistas só devem acreditar naquilo que veem e acreditar que nada exista fora da ciência. Além disso, façam de tudo para deixar a consciência totalmente de fora da pesquisa científica, e estimulem ao máximo os cientistas a buscarem reduzir a realidade a um mero aglomerado de átomos inertes e sem vida. Façamos principalmente a ciência acreditar no acaso; acreditar que tudo surgiu do nada e para o nada retornará; façamos os cientistas acreditarem que a vida não tem um significado e que cada modelo científico é definitivo, e que deve resistir ao máximo à prova do tempo, mesmo que existam muitas evidências em contrário.”

“O segundo aspecto é a religião. Desde o primórdio dos tempos nós atuamos nas religiões, mas agora precisamos nos manter firmes nessa empreitada, pois a religião, caso seja transformada, tem o poder de mudar muitas coisas. A primeira e principal ação a ser reforçada nas religiões é, como vocês já sabem, estimular o fundamentalismo, o fanatismo e o dogmatismo. Os fiéis de um credo, qualquer que seja ele, devem acreditar piamente que apenas a sua religião é verdadeira e que todas as outras são falsas. Façam com que eles leiam os livros sagrados e os interpretem sempre ao pé da letra; façam com que eles não percebam a sabedoria oculta por detrás dos símbolos; deixe que eles acreditem que não há um significado simbólico nos ensinamentos, e que há apenas uma verdade literal, que deve ser conservada imutável a todo custo. Tornem todos eles submetidos sempre a uma hierarquia sacerdotal, que deverá lançar as bases do que se deve acreditar e do que não se deve acreditar. Assim, ninguém poderá promover mudança numa religião, pois tudo emanará da cúpula sacerdotal.”

“Façam também com que eles pensem que apenas alguns líderes têm o contato com Deus e que apenas eles podem servir de intermediários. Não permitam, em hipótese alguma, que os seres humanos descubram que eles não precisam de um intermediário entre o ser e o divino, e que a verdade pode ser alcançada pelo amor, pela sabedoria, pela compaixão e pela caridade. Procurem extirpar completamente dos cultos o silêncio, a oração e a meditação. Façam os rituais e as reuniões religiosas parecerem cada vez mais um show, com gritarias, barulho, orações repetidas e sem alma. Cuidem para que os líderes religiosos sejam adorados, que seu ego seja cultuado e que eles sejam encarados como semi-deuses na Terra. A personalidade dos líderes deve prevalecer sobre o conhecimento que eles propagam. Algo muito importante, e que não pode faltar nas religiões: a ideia do medo e do pecado. Façam com que as religiões amedrontem as pessoas, com noções de céu e inferno, e influenciem-nas a acreditarem que, uma vez no erro, não há redenção possível nem possibilidade de corrigir suas faltas. Não permitam, de modo algum, que surjam aqui e ali ideias de universalismo religioso, de ecumenismo e integração entre as várias crenças: as religiões devem competir umas com as outras pelos seus fiéis, e estes devem ser coagidos psicologicamente a permanecer toda a vida pertencentes a uma mesma denominação, sem nenhum questionamento. Façam com que o amor pareça uma coisa piegas, sentimentalista e sonhadora; façam com que a compaixão seja confundida com fraqueza; que a humildade seja considerada submissão; estimulem os adeptos a julgarem outras pessoas em nome da fé, e a separarem totalmente a teoria da prática, ou seja, a não incorporarem em suas vidas os mais elevados princípios morais de sua religião. Além de todas estas, há algumas ações menores, porém não menos importantes: façam os fiéis acomodados e anestesiados diante do mundo; façam os líderes religiosos controlar a vida dos membros; façam os fiéis debaterem sempre os mesmos temas e ficarem girando em círculos, sem saírem do lugar; estimulem ideias do tipo: ‘nós’ contra ‘eles’; façam com que eles se sintam pequenos e fracos diante do líder e da grandeza da religião; façam com que os membros se fechem mais dentro de si mesmos e se alienem do meio; promovam uma adoração desmedida da figura do mestre em detrimento do estudo e da prática dos seus ensinamentos originais. Com essas medidas, as religiões continuarão servindo aos nossos propósitos.”

Os demônios, muito interessados, anotavam tudo e procuravam assimilar cada aspecto citado, para que seu trabalho junto à humanidade fosse mais eficiente.

“Há agora alguns outros elementos em que devemos investir…” – disse o príncipe das sombras – “e eles são de extrema importância na modernidade”.

“Quanto à televisão, vamos fazer com que ela sirva aos nossos propósitos. Ao invés de ser um veículo de educação e civilidade, faremos com que se torne um amontoado de propagandas bastante sedutoras. Mesmo que as pessoas não precisem dos produtos anunciados, vamos criar nelas a necessidade de obtê-los, para pensarem que necessitam de muitas coisas para serem felizes. Faremos com que seja promovida a vaidade, a sexualidade desregrada, a cobiça, a alienação, a soberba e a arrogância. Vamos promover uma inversão de valores, e fazer com que as pessoas se atenham ao superficial. Quanto mais elas se detiverem nas imagens sedutoras da telinha, mais elas esquecerão de encontrar a sabedoria dentro de si mesmas. Valorizem o mundo do entretenimento; coloquem homens e mulheres sem roupa e sensuais, para despertar os instintos mais primitivos; tratem as mulheres como objetos na TV e nas revistas, e mostrem-nas apenas como um corpo bonito, porém sem essência, vazio por dentro. Façam uma imprensa tendenciosa, que não represente as diferentes forças sociais, mas que apenas preservem os interesses dos poderosos do mundo. Usem a arma da informação para manipularem a vontade as mentes das pessoas, e o melhor de tudo, façam com que elas pensem que as opiniões são delas mesmas, que as ideias apresentadas nasceram de seu pensamento, assim elas dificilmente perceberão que estão sendo manipuladas. Elas irão acreditar firmemente que as ideias surgiram em suas mentes, e assim jamais vão questionar algo que, segundo creem, teria sido gerido e processado pelo seu pensamento (mas que em realidade não foi). Os homens jamais podem se defender de algo que não conhecem e não percebem. Se eles não perceberem que estão sendo manipulados, não serão capazes de resistir à nossa dominação. E não se esqueçam: veiculem na TV a todo momento cenas de violência, para que os atos criminosos fiquem bem assentados no inconsciente coletivo, pois dessa forma, a violência se tornará corriqueira, comum e natural, pois, assim sendo, quase não será questionada seriamente com ações concretas. Só mostrem o negativo pela TV, ocultem ações positivas e humanistas, para que as pessoas acreditem que o mundo é essencialmente mau e que não há esperança de ser diferente.”

“Quanto à música, vamos retirar seu caráter de elevação da consciência humana, de contato com as emoções, do dinamismo imaginativo e criativo e de conscientização social. As músicas devem, assim como a TV, estimular a alienação e a degradação sexual. Em vez de conservar viva a tradição de um povo, com sua identidade, ela deve, ao contrário, fazer o ser humano esquecer suas origens. Um povo sem memória é muito mais propenso a repetir os erros do passado, reeditando antigas mazelas, sem aprender com elas. A música atual deve ser cada vez mais barulhenta, pois assim o ser humano se tornará incapaz de ouvir a natureza e a si mesmo.”

“Quanto ao meio ambiente, façamos com que eles destruam a natureza, para que, dessa forma, eles destruam a si mesmos. Vamos nos empenhar para que o ser humano acredite ser o senhor da natureza; vamos estimular ações de conquista, e não de integração com o meio natural. O homem deve se impor no meio ambiente, as ruas, as calçadas, o lixo, as casas, todas devem ser construídas de modo que representem a sobreposição do homem diante da natureza, como se ele fosse seu domador. Não deixem que eles percebam que são parte da natureza, que são filhos da terra, e que a ela devem a sua sobrevivência. Não permitam, em hipótese alguma, que o ser humano encontre o elo que o une, de forma indissociável, ao seu lar natural, pois se assim o fizer, ele terá mais força, vitalidade e saúde. Estimulem ações do homem contra seus irmãos menores, os animais, e façam-nos acreditar que os animais só existem para servi-lo, e não para conviver com ele. Façamos também com que os homens se tornem cada vez mais intoxicados. Ao invés de usarem produtos naturais, que eles usem apenas produtos industrializados, modificados quimicamente, pois um homem intoxicado é muito mais vulnerável a nossa dominação do que um homem de vida natural e sadio. Estimulem a procura de remédios alopáticos que visem apenas abafar os sintomas de uma doença, para que sua causa permaneça desconhecida e não seja tratada. Tirem os medicamentos naturais de seu alcance, para que eles vivam menos de ações preventivas, e cada vez mais intoxicados com químicas que acomodem sua consciência. Estimulem o uso do álcool e das drogas, lícitas ou ilícitas: criem o hábito de se recorrer aos entorpecentes ao menor sinal de sofrimento, pois assim eles estarão mais distantes da resolução de seus conflitos internos. Façam com que os seres humanos vivam uma verdadeira era da intoxicação, pois assim eles estarão muito mais propensos a doenças, a transtornos mentais e menos dedicados a causas humanitárias e de transformação social e espiritual.”

“Para finalizar, devemos combater com força dois sentimentos humanos: a fé e a esperança.”

“Para desmerecer a fé, devemos sempre associá-la as religiões. Mesmo sendo a fé uma convicção íntima de uma realidade transcendente, precisamos influenciar as pessoas de que a fé é sinônimo de crença cega, de fanatismo e de conformismo com dogmas religiosos. Neguem a todo custo que a fé seja o sentimento íntimo de uma realidade divina, um farol que guia a um porto seguro, e preguem com toda a ênfase que todas as formas de fé são idênticas, assim as pessoas não poderão distinguir a fé genuína, que nasce de uma aproximação do ser com o cosmos, e a fé fundamentalista, que está subordinada a um conjunto de credos.”

“E finalmente, a esperança. Temos que trabalhar ao máximo para apagar a palavra esperança dos corações humanos. As pessoas precisam acreditar que não existe esperança de um futuro melhor, que nada vai mudar, que tudo sempre foi do jeito que é, e que qualquer coisa que se faça para transformar a realidade atual é pura perda de tempo, pois não trará nenhum resultado.”

Quando os demônios já começavam a deixar o local de reunião, o chefe das trevas gritou-lhes:

“Não se esqueçam: tirem a esperança deles… e façam com que acreditem que não são capazes de transformar o mundo através da transformação íntima. Isso é muito importante: não permitam, em hipótese alguma, que eles percebam que são capazes de transformar a realidade atual.”

HUGO LAPA

imagem: /Anselm Kiefer

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Me dou o luxo...


Me dou o luxo...

"Sou daquelas pessoas que têm a alma distraída
e atravessam a vida com confiança, sem medo de cruzar becos escuros e estradas
movimentadas... que diz o que sente e sente o que diz, olha no olho e acredita
no que ouve, porque não acha que as pessoas tenham razões para mentir ou
motivos para enganar... que não sabe representar personagens nem diz sim às
tentações narcísicas que alguns minutos de sucesso põem à mesa.

Nessa imperfeição toda de quem tem o coração à mostra
num mundo tão doente, já pulei muitos muros traiçoeiros, atravessei mares
raivosos e venci tempestades. O mais difícil, porém, foi/é sobreviver à fúria
dos vaidosos contrariados e às epidemias de falsidades e desamor...

Depois de tantos caminhos percorridos, tantos erros
e acertos, me dou o luxo de só ter como amigo quem compreende a língua do
coração e sabe ler a poesia da vida, quem tem a alma distraída de maldades;
quem é incapaz de uma indelicadeza por palavra, ato ou omissão, quem não concebe
a bondade como escambo e se admite falível. Sou muito imperfeita para conviver
com os deuses sem maculá-los. Ou com demônios sem não feri-los.

Por isso não me causa nenhuma dor eliminar os
atiradores nem os jogadores acostumados a fazer da vida um bingo ou um
carteado, não me fere nenhum princípio deixar de acender vela para os falsos
santos ou expulsar do meu templo os sepulcros caiados...

Tenho muita preguiça pra ser infeliz e falta-me
disposição pra viver triste e insatisfeita perto de quem não é falível e
maravilhosamente complexo como os seres verdadeiramente humanos. Quem não se
sentir elo de corrente que se desgarre... só acredito na vida que se faz pela
união, pela compreensão mútua e pelo amor incondicional."


Aíla Sampaio

Fonte: http://literaila.blogspot.

PS: Para reflexão profunda e com discernimento... GEPER.

domingo, 30 de outubro de 2011

EGO.


Ego

Todos nós nascemos sem um ego. Quando uma criança nasce, ela é apenas consciência: flutuando, fluindo, lúcida, inocente, virgem, sem ego. Aos poucos, o ego é criado pelos outros. O ego é o efeito acumulado das opiniões dos outros sobre você.

Um vizinho chega e diz "Que criança bonita!", e olha para a criança com um olhar de apreciação. Então o ego começa a funcionar. Alguém sorri, uma outra pessoa não sorri. Algumas vezes a mãe é muito carinhosa, outras vezes está muito zangada.

E a criança vai aprendendo que não é aceita como ela é. Seu ser não é aceito de forma incondicional: há condições a serem satisfeitas. Se ela grita e chora e há visitas na casa, sua mãe se zanga. Se ela grita e chora, mas não há visitas na casa, sua mãe não se importa.

Se ela não grita, nem chora, sua mãe a recompensa sempre com beijos amorosos e com carinho. Quando há visitas, se a criança sabe ficar quieta, em silêncio, sua mãe fica muito feliz e a recompensa. A criança vai aprendendo as opiniões dos outros sobre si mesma olhando no espelho dos relacionamentos.

Você não pode ver a sua face diretamente. Você tem que olhar em um espelho, e no espelho você pode reconhecer sua face. Esse reflexo se torna sua ideia de sua face, e há milhares de espelhos a seu redor, todos eles refletindo algo. Alguém o ama, alguém o odeia, alguém é indiferente.

E então, aos poucos, a criança cresce e continua acumulando as opiniões de outras pessoas. A essência total dessas opiniões dos outros constitui o ego. A pessoa começa a olhar para si mesma da forma como os outros a veem. Começa a se olhar de fora: isso é o ego.

Se as pessoas gostam dela e a aplaudem, ela pensa ser bela, estar sendo aceita. Se as pessoas não a aplaudem e não gostam dela, rejeitando-a, ela se sente condenada. Ela está continuamente procurando formas e meios para ser apreciada, para ser repetidamente assegurada de que possui valor, que possui um mérito, um sentido e um significado.

Então a pessoa passa a ter medo de ser ela mesma. É preciso encaixar-se na opinião dos outros.

Se você deixar de lado o ego, subitamente se tornará novamente uma criança. Você não estará mais preocupado com o que os outros pensam sobre você, não prestará mais atenção àquilo que os outros dizem de você.

Nesse momento, terá deixado cair o espelho. Ele não tem mais sentido: a face é sua, então por que perguntar ao espelho?

Osho, em "Osho de A a Z: Um Dicionário Espiritual do Aqui e Agora

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

PAZ


"O que é a paz?
Para a maior  parte das pessoas, esta palavra evoca a possibilidade de viver tranquilamente ao abrigo de qualquer agressão. Mas, na realidade, a paz é uma coisa completamente diferente; é o trabalho mais intenso que pode ser realizado no mundo por seres que aprenderem que ela é, em primeiro lugar, um estado interior. Este estado é o resultado de uma vitória obtida com autoridade sobre todos os antagonismos psíquicos que nos dividem.  Para conseguirmos instalar a paz em nós, devemos restabelecer todos os dias a ligação entre a nossa consciência e os centros espirituais que existem no nosso cérebro e no nosso plexo solar.
Quando o conseguimos, nem os tormentos, nem as angústias tomam verdadeiramente posse de nós. Mas devemos agarrar-nos solidamente a um ponto fixo em nós, senão nada nem ninguém pode, do exterior, trazer-nos a paz."
OMRAAM MIKHAEL AIVAN OV

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

È preciso buscar seus motivos na vida espiritual

Os instrumentos que servem a quem pratica um esporte são os mesmos, em potencialidade, a quem produz um quadro; ambos estão extravasando seus sentimentos.
O Homem busca sempre a perfeição em seus atos na vida terrena, mas se esquece de buscar seus motivos na vida espiritual.
É preciso que ele vá buscar em seu passado encarnacional os motivos presentes do sofrimento e também das alegrias.
Todo ser humano já viveu vidas diferentes; é natural que de todas suas oportunidades traga algo pertencente as suas andanças. É por isso que muitos trazem aptidões sem que percebam que são oportunidades vividas em outras vidas e, por que não dizer, também em outros planos.
As experiências marcam uma oportunidade e é bem nítida toda sua impressão, que deixa profundos traços de caráter, pois toda a vivencia de cada espírito fica em seu lastro encarnacional, e é sua marca de personalidade..
-- Uma vida influi na outra oportunidade?
Existe uma personalidade própria em cada encarnação, inclusive pela herança genética de sua família. Mas existe um toque indelével em sua personalidade que o liga ao passado; é tão forte que, às vezes, em muitas encarnações há a recordação de ter vivido cenas completamente iguais muitas vezes.
O espírito guarda seu lastro de emoções. É bem verdade que ele tem que trilhar novas experiências, grandes emoções, mas é também verdade que todas as vezes que ele encarna adquire novas oportunidades de colocar a prova seu livre-arbítrio, seu proceder mais intimo no jogo da vida, que dá sempre novas oportunidades para que ele se eleve que possa cumprir com dignidade aquilo que aqui veio fazer.
O tempo é limitado a cada experiência, portanto, não deve o humano desperdiçar com futilidades sua vida, pois ele é a morada do espírito que veio não para gozar de bens fúteis, materiais, mas sim para se pôr ao dispor de seu irmão, veio para amar e ser amado, dar aquilo de que é formado.
O homem luta sempre contra a própria personalidade, luta para que seus desejos sejam satisfeitos, esquecendo-se de que está em seu lado intimo, em sua essência, tudo o que de mais puro traz, e sofre; ao mesmo tempo, perde grande oportunidade de crescer espiritualmente, de alcançar a plenitude do espírito, sua evolução, e vê sua permanência inútil, sua oportunidade perdida, e tudo voltado para o vazio de realizações.
A vida é dada sempre como oportunidade de ser vivida, como um prêmio e não como um castigo, para que todos se encontrem e se apoiem, mas também que sigam os sentimentos mais íntegros do se humano e que juntos alcancem a
LUZ, a PAZ, o AMOR.
Ramatís - O Despertar da Consciência
obra psicografada por Maria Margarida Ligouri

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Nosso Prisma



Muitos são os espíritas que não se interessam pelos fenômenos da alma. Chegam mesmo a desprezá-los, seja por não os compreenderem, seja por comodismo imobilista. Preferem um Espiritismo que enxergam como uma religião. E religião em moldes já ultrapassados: um ninho de certezas transcendentais, onde as pessoas se acomodem, fabriquem dogmas, intocáveis ortodoxias, carismas, mitos ... e bem delineados limites à investigação, por mais sadia e necessária que seja.
Cremos que a finalidade básica da Doutrina Espírita é redimir os homens. E redimir evangelizando-os, elevando-lhes os sentimentos e pensamentos, aperfeiçoando-os de modo a colocá-los em condições vibratórias que lhes permitam evolução espiritual rápida e segura. Não se deve desejar da Doutrina que ela transforme todos os homens em cientistas, pois a Ciência não é sinônimo de elevação espiritual; pelo contrário, é apenas instrumento desta. Sabe-se, à saciedade, que esforços intelectuais, pura e simplesmente, não levam à meta; áridos, despovoados de vivências, só passam a ter fecundidade quando submergidos na prática da caridade evangélica. Julgamos de fundamental importância, por isso, incrementar a faceta religiosa do Espiritismo por todos os modos e meios a nosso alcance, porque ela constitui um alicerce indestrutível para a elevação espiritual das criaturas e da Humanidade como um todo.
Cremos também que a religião, unindo a criatura ao Criador, deve ser entendida e vista em sua natural amplitude, isto é, dentro de um contexto cósmico. Precisa ser vivida de modo arejado, cada criatura se sentindo imersa em sua própria eternidade, aberta a horizontes infinitos, e ungida de fé inabalável - porque sempre pronta à iluminação, à pesquisa e ao aprendizado. Uma vez que a criatura vislumbre o Cristo Cósmico em si própria, a meta se torna próxima. E a atrai.
Cremos que a Doutrina Espírita, em respeito às próprias formulações e à ampla visão de seu Fundador, não deve enveredar pela trilha fácil e descendente dos decadentes. Estaríamos, assim, no bojo de mais uma religião estática, limitada por dogmatismos sectários e infestada de particularismos e personalismos rasteiros. Infelizmente, esta degradação já se esboça no Espiritismo. Em prejuízo do Espírito.
Cremos que a intolerância religiosa e o culto artificial da pureza doutrinária são incompatíveis com os horizontes da Doutrina dos Espíritos, dinâmica e sempre atual por sua própria natureza, ensejando progresso e aprendizado contínuos. Limitar-se ao passado, em nome de pureza e cânones ortodoxos, é voltar a cair no poço de onde KARDEC e os Espíritos quiseram tirar a Humanidade. Não podemos esquecer: foi, precisamente, invocando a pureza da Lei Mosaica, que o Sinédrio crucificou JESUS. A intolerância medieval também invocou a pureza dos ensinamentos de CRISTO para levar milhares de criaturas à morte, em fogueiras infamantes e cárceres infectos.
Não é possível o Amor sem Liberdade. O Amor à Verdade, também.
Este é o nosso prisma.
Jose Lacerda de Azevedo (Espirito e Matéria)

sexta-feira, 9 de setembro de 2011





Meditação Pelo Brasil

Um Exercício Prático de Construção do Futuro

Carlos Cardoso Aveline

Esta é uma meditação que rompe o circuito fechado de imagens negativas sobre o Brasil e abre espaço para o processo de regeneração social que marcará o nosso futuro.

Você pode praticar esse exercício individualmente ou em grupo, em sua associação, sindicato ou movimento comunitário. De preferência, escolha um local onde haja silêncio e ar puro.

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1 - Sentado, com os pés bem plantados no chão, as partes superiores e inferiores das pernas formando ângulo reto, fique com a coluna ereta.

2 - Respire calma e profundamente. Deixe de lado toda preocupação com assuntos pessoais de curto e médio prazo.

3 - Relaxe os pés, depois as pernas, as mãos, os braços, e finalmente os músculos do rosto. Sinta o contraste entre a musculatura relaxada e a coluna vertebral firme. Assim devemos ser diante da vida: firmes no essencial e flexíveis no que é secundário.

4 - Pense na dor centenária do povo brasileiro e no sofrimento coletivo que houve desde o ano 1500. Pense nos jovens e velhos que sofrem devido às secas, às enchentes, à miséria, ao desemprego, à violência urbana, e à falta de atendimento nos hospitais públicos. Pense na sua própria dor. Em tudo o que você sofreu até hoje. Perceba como a experiência humana transmuta a dor em sabedoria. Admita que todo obstáculo, grande ou pequeno, existe para ensinar-nos uma lição, e que nossa tarefa diante da vida não é lamentar-nos, mas crescer interiormente.

5 - Veja agora a intuição e a solidariedade iluminando as relações entre todos os brasileiros. Imagine a população despertando para o mundo espiritual a partir da sua vida diária concreta. Cada cidade acordando para a solução fraterna e participativa dos seus problemas imediatos.

6 - Veja os meios de comunicação social atuando a serviço da vida, pesquisando e transmitindo sabedoria, e promovendo uma espécie de assembleia geral permanente do povo brasileiro, cujo grande tema seja como atuar de modo correto, individual e coletivamente, a cada momento da vida cotidiana. Visualize o rádio, a televisão e os jornais brasileiros defendendo os interesses da nossa população. Decida fazer alguma coisa de prático a respeito, ou renove a sua decisão se ela já foi tomada.

7 - Visualize dirigentes sinceros ouvindo de coração o povo brasileiro, em nível federal, estadual e municipal. Imagine a sua cidade e o Brasil como territórios livres da desonestidade e do sofrimento que ela causa. Como espaços livres para a nova era de fraternidade entre todos os seres. Guarde consigo esta imagem. Mantenha-a nítida em sua mente e coração.

Faça com que ela seja mais forte que quaisquer sentimentos negativos. Assim você estará não só desenvolvendo o poder da sua vontade espiritual, mas também será um foco criador de uma sociedade melhor.

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Texto reproduzido do livro “A Informação Solidária”, de Carlos Cardoso Aveline, Edifurb, Blumenau, SC, 86 pp., 2001, pp. 72-74.

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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Onde encontrar Deus

Deus está em nós e fora de nós, e pode-se dizer a mesma coisa do nosso Eu superior. A maior parte dos seres humanos não tem uma consciência suficientemente desenvolvida para sentir, dentro de si, a presença desta sublime entidade que é toda luz, todo amor e onipotência.
A primeira tarefa de um espiritualista é a de procurar, dentro de si, todas as pistas de tal presença, sabendo que é o seu verdadeiro eu.
Foi dito: ‘Conhece-te a ti mesmo!’
Para se conhecer verdadeiramente, é preciso se conhecer no alto, no mundo divino. Enquanto o ser humano não tiver tomado consciência de existir no alto como uma partícula da Divindade, nunca se conhecerá e não possuirá nenhuma qualidade divina. Conhecer-se significa encontrar-se a si mesmo e ao mesmo tempo encontrar Deus.
Quando se encontra Deus, encontra-se o amor, a luz, a liberdade, a alegria e não apenas dentro de si, mas em todos os seres humanos e também nos animais, nas plantas e nas pedras.
Quando Deus é encontrado em si mesmo, Ele é descoberto por toda a parte, em toda a natureza, e isto significa conhecer-se verdadeiramente.


- Omraam Mikhaël Aïvanhov -(1900-1986): Mestre espiritualista búlgaro, que morou a maior parte de sua vida na França, onde fundou a Fraternidade Branca Universal

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

NA TRILHA DA REFORMA INTERIOR

Toda transformação tem raizes no cotidiano, e não há melhor maneira de evoluir espiritualmente do que vivenciando, dia a dia, as proposições que conduzem o ser humano nesse sentido. Aqui são expostos alguns pontos básicos dessa jornada evolutiva.
O tempo é precioso. Os minutos, às vezes, até parecem escorrer lentamente. Mas uma vida inteira pode se derramar, com surpreendente rapidez, pela interminável repetição do momento presente que chamamos de "agora".
No plano material, nossa eternidade que é interior - não existe. O passado é feito de memórias; o futuro é imaginação. De instante em instante, escoa o tempo que nos é dado viver. O período de uma existência humana é relativamente breve e deve ser aproveitado da melhor forma possível.
A vida se enriquece quando ultrapassa a mera busca de conforto - seja físico, emocional ou mental. No entanto, isso requer disciplina, criatividade, desapego e um amplo conjunto de virtudes que cada indivíduo irá desenvolvendo, de acordo com suas próprias decisões, ao longo do tempo.
Para o dr. Jayadeva Yogendra, instrutor do The Yoga Institute, na índia, um programa pessoal para uma vida mais completa, voltada ao crescimento espintual, pressupõe os seguintes pontos básicos:
1) Aceitar as situações da vida - "Ioga é a arte de viver", diz ele. Na ioga, aprendemos a aceitar a vida como ela é, a buscar seu significado, a desenvolver confiança na natureza e no futuro. E preciso observar a realidade serenamente, sem as distorções do apego ou da rejeição.
2) Colocar nossos deveres numa escala de prioridades - Seja definindo prioridades ou compreendendo nossas próprias motivações, é indispensável estudar nossa natureza interior. Como me relaciono com a vida? Quando decido fazer algo, surge em mim um sentimento de dever? Posso cumprir meus deveres experimentando o prazer do trabalho bem-feito, sem esperar recompensas?
3) Participar plenamente da vida - A sinceridade, a devoção e a consciência do dever geram atenção e concentração. A estabilidade da nossa atitude mental deve ser cultivada. Assim, o significado do trabalho iniciado torna-se cada vez maior. Nosso nível de consciência passa por uma mudança sutil, mas abrangente.
4) Ampliar constantemente nossos horizontes - Devemos superar nossa visão limitada de nós mesmos e do mundo ao nosso redor. Fora dos muros de todo pensamento egoísta está a consciência mais ampla que dá o verdadeiro sentido à vida. É recomendável, portanto, avaliar constantemente nossa capacidade de deixar de lado nosso pequeno "eu". Devemos ter urna direção definida na vida porque a dispersão de metas impede uma existência com frutos mais duradouros.
Quando se pensa em um programa de autodesenvolvimento espiritual, o primeiro grande desafio é reunir a vontade necessária para colocá-lo em prática. Uma vontade concentrada e organizada será vitoriosa, a curto ou longo prazo, especialmente se a meta escolhida for pura e altruísta. Uma vontade dispersa ou dividida, em compensação, é garantia de indecisão e fracassos.
"Toda tendência da nossa vida moderna, com seus confortos", escreveu Clara Codd, "é destruir nossa vontade e nossa capacidade de resistência". Só tem vontade firme aquele que é capaz de dizer não a si mesmo e de enfrentar dificuldades, aquele que tem mais prazer em fazer a coisa certa que em fazer a coisa fácil.
No início, fazer o que é correto pode ser difícil. Com o tempo, torna-se um hábito agradável. A disciplina, no princípio, é como veneno, mas acaba co mo néctar, ensina o Bhagavad Gita. O fortalecimento da vontade é essencial. "0 homem auto-indulgente nunca pode vir a ser o santo, o iluminado, aquele que irradia Deus", explica Clara Codd.
Outro aspecto da vontade fraca é a indecisão. Ninguém com essa característica pode ser feliz por muito tempo. Tomada a decisão de seguir por um caminho, é preciso ir adiante mesmo que as emoções resmunguem o contrário. Depois de um bom tempo, pudesse fazer uma avaliação dos resultados e corrigir a estratégia, se necessário.
Fonte: Trecho extraído da publicação de Carlos Cardoso Aveline na revista Planeta - Abril 1997

terça-feira, 2 de agosto de 2011

O Cultivo da Tranquilidade


O Cultivo da Tranquilidade

É Mais Eficaz Avançar Passo a Passo

Sílvia Lúcia de Oliveira


“Não faz nenhuma diferença o que nós fazemos;

o que importa é como nós fazemos qualquer coisa.

E como sempre há algo sendo feito, nós sempre

temos a oportunidade de fazê-lo corretamente.”

Robert Crosbie

O tempo parece-nos na maioria das vezes curto o suficiente para justificar a agonia de fazer tudo rápido, de um jeito qualquer, dispensando caprichos e reflexões que exigiriam mais alguns minutos. Escoando no atropelo, vamos alinhavando uma vida sem debruns e acabamentos. Deixa-se de lado o que parece à primeira vista ser dispensável, utilizando um critério de escolha que prioriza rapidez e sacrifica todos os demais quesitos. E sobe a pressão arterial aos solavancos de um viver turbinado de afazeres.

Fazemos as coisas sem nelas pensar, sem que nossa mente se permita sedimentar decisões, questionar sentidos e significados. Muito do estresse cotidiano e de suas conseqüências pessoais e coletivas é fruto desse tocar a vida ao ritmo de urgências fabricadas. A agitação física e mental estabelece um turbilhão de pensamentos simultâneos que turvam a atenção e sobrecarregam nosso sistema de raciocínio. Cansamo-nos mais, atrapalhamo-nos desejando abarcar vários assuntos num só ato. E pior, prosseguimos deixando coisas caírem pelo apressado caminho de nossa existência.

Entretanto, por mais que sejam atravessados momentos ou situações agitadas, a mente tranqüila sempre será mais capaz de buscar e encontrar as melhores alternativas, abreviando esforços e frustrações. Nossas ocupações podem ser adequadamente cumpridas na cadência dos dias, sem a necessidade de nos preocuparmos com o que possa eventualmente deixar de ser feito. O tempo mostrará se o que foi deixado para trás fará ou não falta. Na maioria absoluta das vezes, as pequenas falhas cotidianas não se transformarão em perdas irreparáveis.

Podemos fazer muitas coisas se nos permitirmos dar um passo de cada vez, um após o outro, sem nos desviarmos de metas propostas e procurando sempre a melhor forma possível. Com o pensamento liberto das pressões desnecessárias, conseguimos olhar a vida saboreando suas cores, seus sabores e principalmente estabelecendo importância adequada a cada momento.

A tranqüilidade é o fruto maduro de uma atitude de viver caprichosamente germinada nos pequenos atos e nas situações banais do dia a dia. Tranqüilidade se cultiva, com zelo e cuidado persistentes; não se compra pronta e nem se engole em cápsulas. Quando se alcança tal equilíbrio, se descobre uma serenidade profunda e duradoura, jamais conquistada com a química dos remédios.

Retornando às palavras iniciais de Crosbie, o que importa na vida é o modo como fazemos as coisas, independente de serem simples ou complexas; rotineiras ou não. O fundamental é caprichar, fazer bem feito e, como a pressa sempre foi inimiga da perfeição, manter sempre a calma e a preservar a tranqüilidade.

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A crônica acima foi publicada inicialmente na edição de 15 de maio de 2010 do jornal 'Agora', em Rio Grande, RS.


imagem: google

sábado, 23 de julho de 2011

O Significado da Paz


Um rei que ofereceu um prêmio ao artista que pintasse o melhor quadro que representasse a paz. Muitos artistas tentaram. O rei olhou todos os quadros, mas apenas gostou mesmo de dois, e teve de escolher entre ambos. Um quadro retratava um lago sereno. O lago era um espelho perfeito das altas e pacíficas montanhas a sua volta, encimado por um céu azul com nuvens brancas como algodão. Todos os que viram este quadro acharam que ele era um perfeito retrato da paz. O outro quadro também tinha montanhas. Mas eram escarpadas e calvas. Acima havia um céu ameaçador do qual caía chuva, e no qual brincavam relâmpagos. Da encosta da montanha caía uma cachoeira espumante. Não parecia nada pacífica. Mas quando o rei olhou, ele viu ao lado da cachoeira um pequeno arbusto crescendo numa fenda da rocha. No arbusto uma mãe pássaro havia feito seu ninho. Lá, no meio da turbulência da água feroz, se instalara a mãe pássaro em seu ninho em perfeita paz. Qual pintura você acha que ganhou o prêmio? O rei escolheu a segunda Sabe por quê? "Porque," explicou o rei, "paz não significa estar num lugar onde não há barulho, problemas ou trabalho duro.”Paz significa estar no meio disso tudo e ainda estar calmo no seu coração. Este é o significado real da paz

domingo, 17 de julho de 2011

Toda Natureza é Consciente!


Toda Natureza é Consciente

A psicologia “moderna” mantém uma triste ilusão antropocêntrica: a ilusão segundo a qual o ser humano é o dono exclusivo da consciência.

Assim como outras áreas de conhecimento científico, a psicologia convencional parte da premissa de que o universo é inconsciente. Ela pensa que o mundo vegetal também é inconsciente. Ela vai além e considera que o mundo animal é inconsciente, e que o próprio ser humano é, amplamente, governado por algo que ela insiste em chamar de “inconsciente”.

O que vemos nesta situação é uma forma estreita de consciência imaginando que só ela própria é consciência, e que tudo o mais no universo é destituído de inteligência.

A arrogância − neste caso − é diretamente proporcional à ignorância. Em pleno século 19, H.P. Blavatsky escreveu:

“A ordem inteira da natureza evidencia uma marcha progressiva em direção a uma vida mais elevada. Há um planejamento na ação das forças aparentemente mais cegas. Todo o processo de evolução, com suas adaptações intermináveis, é uma prova disso. As leis imutáveis que eliminam as espécies fracas e frágeis, abrindo espaço para as fortes, e que asseguram ‘a sobrevivência do mais adaptado’, embora sejam cruéis na sua ação imediata − trabalham todas em função daquela grande meta. O próprio fato de que ocorrem adaptações, e que os mais adaptados realmente sobrevivem na luta pela existência, mostra que o que é chamado de ‘Natureza inconsciente’ constitui na verdade um agregado de forças manipuladas por seres semi-inteligentes (Elementais) guiados pelos Espíritos Planetários Superiores (Dhyan Chohans), cujo agregado coletivo forma o verbum manifestado do LOGOS imanifestado, e constitui ao mesmo tempo a MENTE do Universo e a sua LEI imutável.” [1]

E H.P. Blavatsky acrescenta, na edição original do texto, a seguinte nota de rodapé:

“Tomada em um sentido abstrato, a Natureza não pode ser ‘inconsciente’, porque ela é a emanação da consciência ABSOLUTA e portanto é um aspecto desta (no plano manifestado). Onde está o homem suficientemente audaz para pretender negar que a vegetação e mesmo os minerais têm uma consciência própria e peculiar? Tudo o que ele pode dizer é que esta consciência está além da sua compreensão.”

Esta é mais uma evidência no sentido de que, segundo a teosofia, não há matéria morta no universo, e a consciência universal permeia tudo o que existe. Em seu livro “A Lei do Triunfo”, Napoleon Hill escreveu sobre a inteligência presente em cada célula orgânica, e ligou este fato a certos hábitos de alimentação:

“As células de toda vegetação, bem como as da vida animal, são dotadas de um elevado grau de inteligência. (...) Pelo fato de que muitas formas animais (inclusive o homem) vivem de devorar os animais menores e mais fracos, a ‘inteligência celular’ desses animais que entram no homem e se tornam parte dele traz consigo o medo nascido da experiência de ter sido comida viva.” [2]

De fato, a literatura teosófica ensina que comer carne − isto é, comer cadáveres de animais − é algo que embrutece o ser humano, e este embrutecimento começa pelo nível da inteligência celular. Napoleon Hill aborda a interação entre as emoções e os órgãos digestivos do ser humano:

“Sabe-se que os aborrecimentos, as emoções ou os temores interferem com o processo digestivo e, em casos extremos, detêm inteiramente este processo (.....). É claro, pois, que o espírito cumpre um papel na química da digestão e da distribuição dos alimentos” [3]

Napoleon Hill discute a relação entre o estado de espírito do indivíduo e a inteligência celular do seu corpo físico:

“A preguiça não é mais do que o resultado da ação de uma mente pouco ativa sobre as células do corpo. (.....) As células agem de acordo com o estado mental, exatamente da mesma maneira como os habitantes de uma cidade agem de acordo com a psicologia da massa que a domina. Se um grupo de cidadãos eminentes procura fazer com que a cidade adquira a reputação de ‘progressista’, esta ação influencia a todos os que vivem ali. Uma mente ativa e dinâmica conserva as células do corpo em constante estado de atividade.” [4]

E ainda:

“Os pensamentos dominantes na nossa mente − ou seja, os pensamentos mais profundos e freqüentes que nos vêm − influenciam a ação do nosso corpo. Cada pensamento posto em ação pelo cérebro atinge e influencia todas as células do corpo.” [5]

Não existem, portanto, coisas ou seres inconscientes. Existem apenas seres e objetos cuja consciência nós ainda somos incapazes de perceber. Em algum momento, a psicologia convencional terá que adequar-se à verdade dos fatos e ir além da pretensão darwinista do século 19, segundo a qual a única forma existente de consciência é a consciência verbal do hemisfério cerebral esquerdo do ser humano, aquela consciência que rotula e classifica, e que julga o futuro com base no passado.

Na verdade, toda natureza é consciente, embora nem todos os seres tenham a consciência individualizada, ou percepção auto-consciente. Além disso, é importante saber que a percepção auto-consciente – de acordo com o budismo e a filosofia esotérica – é também uma forma de ilusão, de maya. Para que se alcance a sabedoria, ela deve ser transcendida, ao mesmo tempo que é preservada como instrumento.

O hemisfério cerebral esquerdo é útil, mas as inteligências das outras áreas cerebrais também devem ser usadas. (Um Estudante de Teosofia)

NOTAS:

[1] “The Secret Doctrine”, Helena P. Blavatsky, “Theosophy Company”, Los Angeles, volume I, pp. 277-278. Na edição da Ed. Pensamento, SP. Ver “A Doutrina Secreta”, vol. I, pp. 308-309.

[2] “A Lei do Triunfo”, de Napoleon Hill, José Olympio Editora, RJ, 18ª Edição, 1997, 736 pp., ver p. 132.

[3] “A Lei do Triunfo”, obra citada, p. 58.

[4] “A Lei do Triunfo”, obra citada, p. 609.

[5] “A Lei do Triunfo”, obra citada, p. 614.

Fonte: Boletim O TEOSOFISTA, Agosto 2009.

http://www.filosofiaesoterica.com/ler.php?id=704

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Trabalho Inútil...



Quando os ensinamentos não chegam ao nosso coração...
Boa Reflexão...



“Um velho monge e um jovem monge estavam andando por uma estrada quando chegaram a um rio que corria veloz. O rio não era nem muito largo nem muito fundo, e os dois estavam prestes a atravessá-lo quando uma bela jovem, que esperava na margem, aproximou-se deles. A moça estava vestida com muita elegância, abanava o leque e piscava muito, sorrindo com seus olhos muito grandes.


– Oh – ela disse -, a correnteza é tão forte, a água é tão fria, e a seda do meu quimono vai se estragar se eu o molhar. Será que vocês podem me carregar até o outro lado do rio?

E ela se insinuou sedutora para o lado do monge mais jovem.

O jovem monge não gostou do comportamento daquela moça mimada e despudorada. Achou que ela merecia uma lição. Além do mais, monges não deveriam se envolver com mulheres. Então, ele a ignorou e atravessou o rio. Mas o monge mais velho deu de ombros, ergueu a moça e a carregou nas costas até o outro lado do rio. Depois os dois monges continuaram caminhando pela estrada.

Embora andassem em silêncio, o monge mais novo estava furioso. Achava que o companheiro tinha cometido um erro ao ceder aos caprichos daquela moça mimada. E, pior ainda, ao tocá-la tinha desobedecido às regras dos monges. O jovem reclamava e vociferava mentalmente, enquanto eles caminhavam subindo montanhas e atravessando campos. Finalmente, ele não agüentou. Aos gritos, começou a repreender o companheiro por ter atravessado o rio carregando a moça. Estava fora de si, com o rosto vermelho de tanta raiva.

– Ora, ora – disse o velho monge. – Você ainda está carregando aquela mulher? Eu já a pus no chão há uma hora.

E, dando de ombros, continuou a caminhar.”


Fonte: Contos Budistas, Editora Martins Fontes, uma coletânea de contos extraídos de várias culturas asiáticas, recontados por Sherab Chödzin e Alexandra Kohn, ilustrações de Marie Cameron.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Assédio da Luz, assédio das Sombras...

Assédio da Luz, assédio das Sombras...

No momento atual da humanidade, já sabemos, já lemos e já experienciamos que todos somos assediados espiritualmente. Esse assédio pode ser por parte da Luz ou das Sombras.

A nossa sintonia pessoal, a qual é construída com base nas nossas emoções, pensamentos, sentimentos e atitudes, determinam o que vamos atrair: assedio da luz ou das sombras. Mesmo assim, ainda podemos estar sintonizados em vibrações nobres e sermos assediados pelas sombras, como também podemos estar sintonizados em condições precárias a ainda assim, sermos assediados pelos seres de Luz.

Quando o assédio é feito por seres destituídos de amor e respeito, sem fins de moral elevada, os consideramos obsessores.

Quando o assédio é feito por seres com objetivos elevados, sintonizados com o bem maior, os consideramos como amparadores, guias, mentores ou amigos espirituais.

Pela natureza da vida sabemos, a interação entre plano espiritual e plano físico é tão íntima como a relação do ovo e da sua casca, pois estão intimamente ligados. Um existe para que o outro exista, portanto estão interagindo o tempo todo.

O plano físico e o plano espiritual coexistem no espaço de nossa existência, ou seja, não temos como bloquear essa interação, mas temos como trabalhar no sentido de fazer com que essa “troca” seja a mais saudável possível.

Não há como evitar, o assédio espiritual é constante, atuante, exatamente como o ar que respiramos. A nossa escolha é se respiraremos um ar puro ou poluído, que na prática quer dizer, se nossa sintonia será estabelecida com os assediadores do bem ou do mal.

Agora, nesse exato momento que você lê esse texto, você está naturalmente em sintonia com o plano espiritual, então faça uma oração de coração aberto, receptivo, com intenção pautada no amor, para que os seres de luz venham até você e lhe inspirem os melhores valores e sentimentos. Só isso basta por hora!

Então silencie a mente e sinta a melhoria no seu padrão vibracional, pois sua energia pessoal melhorará em instantes. Se você gosta de testar tudo na prática, então avalie agora e veja os resultados.

O mais importante é que saibamos definitivamente, que quando agirmos com descaso, sem consciência, sem atenção a princípios e valores de elevada moral, pautados no amor, no equilíbrio, no respeito e na regra de ouro* presente em todas as religiões, como consequência natural, seremos assediados pelo lado sombra da existência espiritual.

Quanto mais assédio do mal, mais medo, mais egoísmo, mais distração consciencial, mais doença, mais ignorância.

Quanto mais assédio do bem, mas coragem, mais altruísmo, mais prosperidade, mas consciência espiritual e mais alegria de viver.

Não precisamos enxergar, ouvir ou ver o assédio da luz para que ela aja em nossas vidas, assim como não precisamos ver a energia elétrica para que ela atue, bem como não precisamos ver o ar para respirá-lo. Entretanto, de forma simples e objetiva, precisamos focar nossos pensamentos e atitudes no sentido do bem maior, para desfrutarmos de assédios espirituais de seres de elevado quilate moral, e dessa forma recebermos as bênçãos que é viver nessa sintonia. É simples, é fácil e é transformador viver com essa atenção e essa consciência.

*Regra de ouro: não faça para o seu próximo o que não gostaria que lhe fizesse e ame seu próximo como a ti mesmo.

por: Bruno J. Gimenes - orientado espiritualmente por Cristopher

http//:brunojgimenes.luzdaserra.com.br

sábado, 2 de julho de 2011




Carma, Destino e Ética

Um Diálogo Sobre a Lei da Vida

Carlos Cardoso Aveline

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Uma versão do texto a seguir foi publicada de modo
anônimo na edição de junho de 2009 de “O Teosofista”, o
boletim eletrônico do website www.FilosofiaEsoterica.com .



Estudante A:

Qual é a relação entre a lei do carma e a lei da solidariedade?

Estudante B:

A relação nem sempre é fácil de ver. Mas é profunda e fundamental. Há uma ilusão perigosa na ideia de que “se uma pessoa sofre, é porque ela merece”. Esta crença leva à omissão de solidariedade e, em última instância, à hipocrisia. A pessoa pode não merecer o sofrimento, e isso ocorre em grande parte dos casos. Ainda quando ela o merece, é uma ingenuidade alguém que observa o sofrimento pensar simplesmente que “o carma não é meu, portanto não tenho nada com isso”. Um erro não justifica o outro, e a lei do carma não favorece o egoísmo. De que maneira se deve ajudar o próximo, porém? Esta é uma questão complexa. O mero sentimento de simpatia sincera pode ajudar muito. O melhor modo de ser altruísta não é ajudar materialmente este ou aquele indivíduo, e sim trabalhar pelo progresso espiritual da humanidade toda.
Deixemos isso de lado, por enquanto, e examinemos mais de perto a ideia de que a injustiça e o sofrimento são, frequentemente, imerecidos. Quero mencionar cinco exemplos práticos a respeito.
1) Na valiosa lenda dos Evangelhos, Jesus, evidentemente, não merecia ser morto.
2) Nos últimos dois mil anos, a perseguição dos judeus não foi merecida, e nada justifica o massacre promovido no século 20 pelo nazi-fascismo.
3) O genocídio dos indígenas das três Américas nos últimos 500 anos - embora abençoado pelo clero cristão - foi um crime contra a humanidade, evidentemente imerecido e injustificável.
4) As crianças que morrem atualmente por falta de recursos e de médicos nos hospitais públicos brasileiros não merecem a morte.
5) As vítimas inocentes das guerras e do terrorismo nos últimos anos nada fizeram que justifique a violência contra elas.
A responsabilidade cármica por atos de injustiça não é das vítimas, mas de quem comete as injustiças.
A valente defesa dos que são injustamente atacados constitui um preceito central em filosofia e em teosofia.
Por algum motivo, a pseudo-teosofia e um certo semi-esoterismo frequentemente esquecem deste fato. Esta grave distorção da lei do carma deve ser apontada e esclarecida.

Estudante A:

Você está dizendo que os acontecimentos lamentáveis do tempo presente não são uma conseqüência mecânica do passado. Eles têm uma componente de carma novo, e a repetição cega do passado pode, e deve, ser interrompida. Nada nos impede de criar a cada instante um presente e um futuro melhores.

Estudante B:
Exatamente: existe uma coisa chamada carma novo.
Todo novo carma depende de quem age e não de quem sofre a ação. Mas quem recebe a ação também age, ao decidir como receberá a ação do outro. Para nós, é mais importante ver o presente como semente de futuro do que fruto do passado. Interessa saber que decisões tomamos a cada momento.
Os Aforismos de Ioga de Patañjali ensinam que o mal que ainda não ocorreu pode ser evitado.
A legislação brasileira estabelece que todo cidadão tem o dever e o direito de interromper e impedir qualquer crime que esteja ocorrendo perto de si. A legislação brasileira não diz em momento algum que a responsabilidade cármica pelos atos de violência é das vítimas. Crimes não devem ser fantasiosamente imaginados como “atos de justiça cármica”.
As “Cartas dos Mahatmas” mostram que tanto a natureza como as pessoas cometem erros e injustiças, inclusive erros graves, que serão dinamicamente corrigidos pela lei do carma.
É verdade que, nos níveis inferiores de consciência, o carma é pesado e funciona de um lado como uma colheita mecânica do que se plantou, e de outro lado como um plantio cego que causará ainda mais sofrimento no futuro. Mas nos níveis superiores, os erros são corrigidos, ao invés de “castigados”; e o carma novo é criado conscientemente na direção correta. É para isso que aponta a teosofia.
O objetivo da lei do carma não é de modo algum punir, mas ensinar a lei da harmonia. Não há ética alguma que justifique cruzar os braços e lavar as mãos diante das injustiças cometidas.

Estudante A:

Como funciona o conceito de fraternidade, na prática?

Estudante B:

A fraternidade universal é dinâmica. O carma é a lei que preside a interação entre todos os seres. Ele regula os mais diferentes níveis de realidade do universo e do planeta. Os mestres de sabedoria não estão acima da lei do carma. Eles são mestres precisamente porque se identificaram com a lei do carma no que ela tem de mais elevado. Estão a serviço da Lei. Por esse motivo, não fazem favores pessoais a ninguém. Este é outro fato que a pseudo-teosofia esquece.
O carma é a lei da ética e da harmonização constante. E podemos deduzir que, se existe necessidade de uma constante harmonização, é porque, em Kali Yuga - a era de longo prazo em que estamos - nem todas as ações ou situações são justas, corretas e harmoniosas. Quem pensa que “o sofrimento é sempre merecido” talvez queira dizer a alguém que tenha perdido uma pessoa amada:
“Parabéns, amigo. Seu filho de cinco anos de idade morreu ontem, por falta de socorro em um hospital público. Isso é muito merecido. O carma não falha. Parabéns por corrigir desta forma seus graves erros do passado. Sorria e fique feliz.”
Quem pensa isso não conhece o funcionamento da lei do carma. Existem milhares de maneiras possíveis de compensar os erros do passado. Algumas são construtivas e curam as feridas. Outras são tão brutais que compensam, mas não corrigem, e apenas afundam as almas ainda mais na ignorância, o que levará a mais compensações, que, por sua vez, corrigirão ou não a situação.

Estudante A:

Qual é, então, a alternativa?

Estudante B:

O axioma budista esclarece: “O ódio não se extingue pelo ódio, o ódio só se extingue pelo amor.” Assim, também, o sofrimento não se extingue pelo sofrimento, mas pela compreensão e pela ação correta. A função do movimento teosófico é elevar o nível do funcionamento da lei do carma, para que ela saia do círculo vicioso do ódio e da frustração que se realimentam.
A lei do carma precisa ser compreendida do ponto de vista da compaixão e da alma espiritual, ou não será compreendida. Não há lei do carma que justifique a injustiça praticada no instante presente. Não há carma que legitime a violência e o roubo praticados hoje. Não há carma que justifique a falta de piedade ou solidariedade. Se milhares de pessoas estão morrendo de fome neste momento na África, não há carma que justifique esta situação. Há explicações, seguramente. Nenhuma delas nos exime de agir solidariamente em relação à humanidade. O fato de que somos imperfeitos e de que nossa ação solidária será necessariamente falha tampouco justifica a indiferença ou a inação.

Estudante A:

Observo que os erros obedecem a um movimento pendular, compensando carmicamente uns aos outros. Mas você menciona que nem toda compensação serve para libertar a alma do erro.

Estudante B:

Erros diferentes compensam uns aos outros. Mas este “pêndulo de compensações” não é suficiente para corrigi-los. Na realidade, um erro não pode corrigir outro erro. Um erro só se corrige pela ação correta. Por isso devemos combater a fonte comum de todos os equívocos, e não apenas esta ou aquela ação errada isoladamente. E sem uma solidariedade profunda com quem sofre, não há nem pode haver uma compreensão autêntica da lei do carma. Quando observamos o processo vivo da interação entre Ignorância, Ilusão e Sofrimento, percebemos que é mais eficaz atuar a longo prazo, combatendo as CAUSAS do sofrimento coletivo, e plantando um Bom Carma de Sabedoria para Todos.

Estudante A:

Normalmente se pensa que o carma é uma relação com o passado. Nos diálogos do e-grupo SerAtento, porém, o carma é visto sobretudo como uma relação com o futuro.

Estudante B:

De fato, o carma mais importante é aquele que está sendo plantado a cada momento. Este é o leme que dá direção à vida. Por outro lado, uma parte fundamental do carma do momento presente consiste em saber como colhemos o carma maduro do passado.
A luz astral é sutil e não funciona mecanicamente. O modo como o carma maduro “aterrissará” na terceira dimensão do espaço-tempo convencional está em ABERTO, até o momento em que ele toca o chão do plano concreto. Se houver frustração e ódio ao colhê-lo, ele tomará forma de um modo. Se houver humildade, sabedoria e flexibilidade, será um processo diferente. A solidariedade no sofrimento faz uma diferença cármica decisiva para quem sofre, e também para quem é solidário. Solidariedade é uma energia búdica. Pertence ao eu superior. E, onde entra a inteligência da alma imortal, tudo se cura e todos se libertam interiormente, mesmo em meio a grandes dificuldades.

Estudante A:

Os omissos erram ao adotar a pose de sábios, como se fossem “demasiados santos para sujar as suas mãos com a defesa da ética”.

Estudante B:

Sem dúvida. Ao lavar as mãos com o ambíguo sabonete da omissão, eles sujam suas almas. É frio, e falso, o raciocínio segundo o qual “o carma dos outros não é meu carma”. É verdade que o carma tem uma forte dimensão individual, mas todos os carmas individuais interagem entre si o tempo todo. Acreditar na separação, pensando que não é preciso ser solidário, impede a ação da alma imortal, cuja inteligência é destituída da ideia ilusória de separação entre “meus interesses” e “interesses dos outros”.
“Tudo que é humano me diz respeito”, escreveu o pensador clássico Terêncio. Os numerosos exemplos de auto-sacrifício individual por uma causa nobre, presentes ao longo da história da humanidade, não surgem por acaso. Eles ocorrem porque o foco de consciência do indivíduo sábio está em sua alma espiritual e, portanto, o indivíduo já não vê distinção entre o que é bom para si mesmo e o que é bom para os outros.
Assim, quando a teosofia afirma que o passo inicial na caminhada é querer o bem da humanidade, ela está dizendo que a meta primeira de quem busca a sabedoria é erguer o foco da sua própria consciência até a alma espiritual. A alma superior busca a felicidade de todos os seres porque obedece, como por instinto, à Lei (cármica) da fraternidade universal.

Estudante A:

Esta visão parece exigir uma certa dose de ética e de coragem.

Estudante B:

Talvez. A atitude com que vivenciamos o sofrimento e a alegria é um fator decisivo. Vale a pena ter coragem diante do sofrimento próprio, solidariedade diante do sofrimento alheio, e humildade e moderação diante das nossas vitórias.

Estudante A:

Deste ponto de vista, a lei do carma é uma lei da ética e da solidariedade.

Estudante B:

Sem dúvida. Os aspectos individuais do carma perdem importância, à medida que a compaixão é reconhecida como a Grande Lição a ser aprendida com ajuda da Lei do Carma. Ao agir movido pela boa vontade, o indivíduo ainda errará, sem dúvida. Mas, errando, ele aprenderá; enquanto que aquele que se omite comete um erro do qual não se tira facilmente lição alguma.
O cidadão planetário sabe, por exemplo, que a devastação das florestas não é “um problema cármico das árvores, que devem ter cometido algum erro no passado”.
Estudando filosofia esotérica, o cidadão percebe que a teosofia original faz despertar nele um sentimento de co-responsabilidade universal. E ele compreende que este sentimento estará na base das próximas civilizações.

Estudante A:

Sabemos que além de boa vontade é preciso discernimento. Em que condições a ação solidária é eficaz?

Estudante B:

Em sua obra “Sobre o Dever” (Livro I, item XIV), o pensador clássico romano Marco Túlio Cícero estabelece três condições para uma ação generosa.
Em primeiro lugar, diz ele, a ação deve ser justa e não deve prejudicar ninguém. Em segundo lugar, ela deve ser proporcional aos meios e à possibilidade da pessoa que fará o bem. Finalmente, aquele que é objeto da generosidade deve merecer a ajuda. E é fácil ver que, do ponto de vista teosófico, ninguém merece mais ajuda do que o eu superior ou a alma imortal dos nossos semelhantes. O despertar da inteligência espiritual é a grande meta e também a necessidade histórica da evolução humana no século 21.