quinta-feira, 18 de agosto de 2011

NA TRILHA DA REFORMA INTERIOR

Toda transformação tem raizes no cotidiano, e não há melhor maneira de evoluir espiritualmente do que vivenciando, dia a dia, as proposições que conduzem o ser humano nesse sentido. Aqui são expostos alguns pontos básicos dessa jornada evolutiva.
O tempo é precioso. Os minutos, às vezes, até parecem escorrer lentamente. Mas uma vida inteira pode se derramar, com surpreendente rapidez, pela interminável repetição do momento presente que chamamos de "agora".
No plano material, nossa eternidade que é interior - não existe. O passado é feito de memórias; o futuro é imaginação. De instante em instante, escoa o tempo que nos é dado viver. O período de uma existência humana é relativamente breve e deve ser aproveitado da melhor forma possível.
A vida se enriquece quando ultrapassa a mera busca de conforto - seja físico, emocional ou mental. No entanto, isso requer disciplina, criatividade, desapego e um amplo conjunto de virtudes que cada indivíduo irá desenvolvendo, de acordo com suas próprias decisões, ao longo do tempo.
Para o dr. Jayadeva Yogendra, instrutor do The Yoga Institute, na índia, um programa pessoal para uma vida mais completa, voltada ao crescimento espintual, pressupõe os seguintes pontos básicos:
1) Aceitar as situações da vida - "Ioga é a arte de viver", diz ele. Na ioga, aprendemos a aceitar a vida como ela é, a buscar seu significado, a desenvolver confiança na natureza e no futuro. E preciso observar a realidade serenamente, sem as distorções do apego ou da rejeição.
2) Colocar nossos deveres numa escala de prioridades - Seja definindo prioridades ou compreendendo nossas próprias motivações, é indispensável estudar nossa natureza interior. Como me relaciono com a vida? Quando decido fazer algo, surge em mim um sentimento de dever? Posso cumprir meus deveres experimentando o prazer do trabalho bem-feito, sem esperar recompensas?
3) Participar plenamente da vida - A sinceridade, a devoção e a consciência do dever geram atenção e concentração. A estabilidade da nossa atitude mental deve ser cultivada. Assim, o significado do trabalho iniciado torna-se cada vez maior. Nosso nível de consciência passa por uma mudança sutil, mas abrangente.
4) Ampliar constantemente nossos horizontes - Devemos superar nossa visão limitada de nós mesmos e do mundo ao nosso redor. Fora dos muros de todo pensamento egoísta está a consciência mais ampla que dá o verdadeiro sentido à vida. É recomendável, portanto, avaliar constantemente nossa capacidade de deixar de lado nosso pequeno "eu". Devemos ter urna direção definida na vida porque a dispersão de metas impede uma existência com frutos mais duradouros.
Quando se pensa em um programa de autodesenvolvimento espiritual, o primeiro grande desafio é reunir a vontade necessária para colocá-lo em prática. Uma vontade concentrada e organizada será vitoriosa, a curto ou longo prazo, especialmente se a meta escolhida for pura e altruísta. Uma vontade dispersa ou dividida, em compensação, é garantia de indecisão e fracassos.
"Toda tendência da nossa vida moderna, com seus confortos", escreveu Clara Codd, "é destruir nossa vontade e nossa capacidade de resistência". Só tem vontade firme aquele que é capaz de dizer não a si mesmo e de enfrentar dificuldades, aquele que tem mais prazer em fazer a coisa certa que em fazer a coisa fácil.
No início, fazer o que é correto pode ser difícil. Com o tempo, torna-se um hábito agradável. A disciplina, no princípio, é como veneno, mas acaba co mo néctar, ensina o Bhagavad Gita. O fortalecimento da vontade é essencial. "0 homem auto-indulgente nunca pode vir a ser o santo, o iluminado, aquele que irradia Deus", explica Clara Codd.
Outro aspecto da vontade fraca é a indecisão. Ninguém com essa característica pode ser feliz por muito tempo. Tomada a decisão de seguir por um caminho, é preciso ir adiante mesmo que as emoções resmunguem o contrário. Depois de um bom tempo, pudesse fazer uma avaliação dos resultados e corrigir a estratégia, se necessário.
Fonte: Trecho extraído da publicação de Carlos Cardoso Aveline na revista Planeta - Abril 1997

2 comentários:

chica disse...

Muito lindo e tem razão,No início é difícil, depois, difícil ainda, mas acostumamos pelo melhor...ou tentamos! beijos,chica

GEPER disse...

Sim, bastante difícil essa "Trilha da Reforma Interior", mas buscar superar essas dificuldades é que nos impulsiona para a melhoria, para evolução... Reflexionar neste texto do Aveline nos coloca de frente para esta questão! Valeu, ótimo para subsidiar nossos estudos!
Abraços,para todo o pessoal do Grupo!