sexta-feira, 21 de novembro de 2014

SERENIDADE


(EQUILÍBRIO EMOCIONAL)
     Serenidade significa fé e confiança nos desígnios do Eterno; provém da paz de uma consciência tranquila que renova os recursos espirituais para a longa jornada.
Não transborda orgulho nem prepotência. Permanece no campo da luta pacientemente à espera de que a força do Bem tudo possa renovar.
Como um trator a aplainar os caminhos acidentados, possui a estabilidade da segurança e a força da confiança que impulsiona de maneira imperturbável.
A serenidade não destrói o erro, mas tolera-o enquanto compreende que ele não possui forças para transformar-se, porém não se perturba, pois crê firmemente que o erro é produto da ignorância e que toda treva será desfeita pela luz.
Na jornada evolutiva um princípio de autoconfiança deve manter o servo na atitude serena, pois o erro procura sem cessar destruir a base de sustentação da virtude, que é a serenidade, produto da certeza na vitória do Bem.
A alma serena sabe suportar porque tem esperança e é humilde, confiando no Bem, embora conheça a realidade de ser ainda imperfeita.  Tem a sabedoria de suportar com paciência os vendavais porque conquistou a dupla força que a sustenta: a confiança na vitória do Bem e a consciência dos seus poucos méritos, que a faz suportar a luta necessária do aprendizado.
A serenidade é fruto da conquista do equilíbrio emocional e só é consolidada através das lutas, nas quais a alma necessita recompor-se inúmeras vezes, como o lutador que pára a fim de haurir a força do oxigênio renovador.
Serenidade é persistência por amor a Deus e ao próximo.  É compaixão diante dos erros alheios, é esperança na renovação do semelhante desviado, é fraternidade enfim!  É humildade, é tolerância, é paciência.
Diante desses valores surge logo a objeção de que, em sã consciência, não somos ainda capazes de alcançar tais realizações de forma espontânea e que o esforço excessivo torna-se artificial, pouco real e menos produtivo para a harmonia do ser imperfeito que constituímos. Vem-nos então a certeza de que, se possuíssemos a virtude, não necessitaríamos analisá-la, pois já estaria assimilada e, no pleno gozo de suas vantagens, nada mais seria preciso do que utilizá-la a bem geral. Se a dissecamos é para que fiquem nítidas diante de nós suas partes componentes e, tendo-as em mira, renovemos nossas disposições favoráveis à construção de valores novos em nosso íntimo. 
Nesse desejo de aprender e assimilar não vai uma tentativa de sufocação da alma, por comprimi-la em moldes de excessiva pureza; não vai tão pouca uma admoestação às vossas deficiências.
 Somos companheiros de aprendizado e nada mais justo do que buscarmos esclarecer a mente, na esperança de fornecer-lhe os elementos indispensáveis a um discernimento claro e oportuno, como o alimento positivo que fortaleça a alma, facilitando-lhe as realizações.
A conquista da serenidade exclui por completo a auto-recriminação, que sensibiliza de maneira negativa, predispondo mal o espírito para a luta. A alma serena é capaz de observar os próprios erros sem perturbação. Dissolve-os, a pouco e pouco, no esforço de renovação de suas atitudes.
O equilíbrio emocional ou serenidade é produto da aquisição de uma arte. Como toda a arte exige uma predisposição ou tendência, expressa num desejo, numa procura constante e atingir a realização. Sem essa base, nada poderá ser feito. Não se espera que, de uma alma avessa à disciplina e ao esforço, possa surgir o "talento" indispensável à aquisição dessa arte.
Embora as tendências atuais do progresso artístico dêem plena liberdade ao gênio criador, o artista não poderá dispensar os pincéis, as tintas, o cinzel, enfim, todo o aparelhamento tradicional para a evolução de sua obra.  Da mesma forma, a conquista do equilíbrio emocional não implica na submissão rígida a valores classicamente estereotipados!
Há largueza e flexibilidade suficientes para que cada qual chegue a externar suas aptidões, formando o quadro individual de sua criação, sem, no entanto dispensar os instrumentos dessa realização: 1) a vontade firmemente dirigida e utilizada como elemento de libertação dos próprios valores positivos, pois à semelhança do cinzel ela se encarregará de burilar as arestas indesejáveis, sem prejudicar, por golpes violentos, a harmonia do conjunto que se molda; 2) aliada ao esclarecimento pela aplicação ao estudo das melhores diretrizes, poderá ser comparada à tela colocada com firme determinação diante do artista, cujo pincel, manipulado esclarecidamente, formará a obra de arte, com o auxílio das tintas vivas do Amor, que é a expressão mais alta da beleza na vida!
Serenidade são humildade e amor.  Praticai-a com vontade firme.  Pode e deve ser conquistada como prova de que já sentimos o perdão do Senhor para os nossos males e que esperamos imperturbáveis, que esse mesmo perdão atinja a alma aflita de nossos irmãos.
  Paz,
  RAMA-SCHAIN
texto extraído do Livro: Mensagens do Grande Coração.
psicografia AMÉRICA PAOLIELLO MARQUES E WANDA BAPTISTA PEREIRA JIMENEZ

quinta-feira, 3 de julho de 2014

POR QUE ADOECEMOS

 
A doença é provocada por agentes físicos que alteram o funcionamento normal do corpo. Todas as vezes que a saúde for perturbada, é sinal de que existem elementos físicos interferindo nas atividades biológicas.
As causas orgânicas das enfermidades podem ser tanto os fatores externos que se alojam numa determinada parte do corpo, prejudicando-o, quanto as atividades do próprio organismo que se alteram, perturbando a ordem biológica ou, ainda, alguma lesão provocada por acidente.
Portanto, não existe um estado corporal alterado sem ter havido algum fator da esfera física gerando tais alterações biológicas.
A ciência médica tem identificado cada vez mais os agentes desencadeadores das doenças e, com isso, combatido inúmeras enfermidades. A identificação dos males físicos tem sido um dos principais desafios da classe científica. Para conseguir combater, é preciso conhecer o tipo de distúrbio que o corpo apresenta. Somente a partir disso, é possível prescrever um tratamento que combata o mal que aflige o corpo.
O fato de a medicina ainda não ter descoberto a origem de determinada doença não significa que não haja um processo orgânico causando tais alterações biológicas. Conforme: a tecnologia se aperfeiçoa, mais ela se aproxima da cura das doenças.
A óptica metafísica aponta a condição interna da pessoa como a raiz dos males físicos. No entanto, ela não contesta a existência de agentes orgânicos ou inorgânicos presentes num organismo doente.
Mas o fato de existir determinadas condições físicas provocando as doenças não significa necessariamente que há falhas no sistema biológico, casualidade ou, mesmo; façanhas do oportunismo de vírus ou bactérias que se alojam no organismo, mas, sim, debilidade do corpo ou incapacidade de se defender dos invasores.
Segundo a óptica metafísica, as doenças refletem algumas condições emocionais desarmônicas, que são geradas pelos conflitos interiores. A verdadeira causa das enfermidades está no interior da pessoa, em sua condição psiquemocional e, principalmente, no sentimento do doente.
Esses processos interiores enfraquecem o corpo, deixando-o vulnerável às invasões ou mesmo às alterações nas funções biológicas, originando as doenças. O corpo somente é afetado por algum mal físico se existirem conflitos interiores provocando sentimentos perturbadores que vão interferir negativamente nas funções biológicas.
Para compreender um pouco melhor essa relação entre as doenças físicas e as causas metafísicas, vejamos alguns exemplos:
O corpo manifesta, por meio dos processos inflamatórios e infecciosos, as turbulências energéticas geradas pela irritabilidade ou inconformismo da pessoa. Esse estado interior surge em meio aos episódios desagradáveis que interferem negativamente em casa, no trabalho ou mesmo nos relacionamentos, comprometendo a harmonia numa dessas áreas da vida. Sem ter como evitar tais episódios, resta ao indivíduo abalado pelas interferências ficar profundamente chateado e até irritado. Esses sentimentos são nocivos ao sistema imunológico do corpo, enfraquecendo as defesas do organismo e prejudicando o combate aos invasores, que, por sua vez, se alojam nos órgãos, caracterizando as infecções.
A formação de nódulos, tumores ou cistos em determinado órgão representa as forças energéticas que se tornam negativas por estarem acumuladas numa região do corpo. Esse emaranhado energético é provocado pelos conflitos interiores que surgem a partir da vontade de manifestar algo na vida, seguidos pela auto-sabotagem ou por crenças contrárias à expressão dos conteúdos inerentes ao ser. Desse modo, a pessoa impõe a ela mesma os bloqueios e recalques que a impedem de fluir livremente pelas diversas situações da vida, respeitando sua integridade e preservando sua originalidade.
O principal objetivo da metafísica da saúde é identificar, no extraordinário universo emocional, a condição interna que se encontra em desarmonia, onde principiam os desarranjos fisiológicos; é oferecer ao doente a consciência das condições internas causadoras dos males físicos; é convidá-lo a uma reflexão sobre si mesmo, sugerindo que ele reavalie seus sentimentos e mude algumas crenças. Desse modo ele estará promovendo as reformulações internas necessárias para resgatar definitivamente a saúde do corpo e conquistar a paz interior e a harmonia no meio exterior.
Existem algumas queixas de sintomas desagradáveis que não estão alojados no corpo em forma de doença. Nesses casos, as pessoas não estão fisicamente doentes. Elas têm o padrão metafísico da doença, mas numa intensidade insuficiente para a somatização no corpo. Essa é uma ocasião oportuna para interferir no processo, alterando a condição emocional antes de a doença se radicar no corpo.
A metafísica da saúde propõe-se a traçar um paralelo entre os órgãos do corpo e as qualidades do ser, como se os talentos da alma representassem a fonte geradora das energias necessárias para organizar os tecidos do corpo, mantendo tanto a coesão atômica quanto a preservação das atividades biológicas, garantindo a saúde.
Dessa forma, a saúde representa a boa condição da pessoa no emprego dos conteúdos interiores no meio exterior. A vida possibilita o exercício das qualidades, que se transformam em habilidades. Ao atuar nos diversos setores da vida, como o profissional, o afetivo, etc., desenvolvem-se aptidões que facultam ao indivíduo o poder de lidar com o meio externo, aprimorando as qualidades e desenvolvendo as habilidades.
Quando as pessoas deparam com as dificuldades da vida e não conseguem administrar as adversidades, de maneira a continuarem vertentes suas aptidões no meio externo, surgem os conflitos interiores, que se agravam ao ponto de se manifestar no corpo em forma de doença.
Os tropeços da vida representam para alguns uma espécie de ferida que corrói interiormente, minando as qualidades. Por outro lado, há quem passa pelas mesmas dificuldades e não lesa o corpo, porque não se deixa abater pelos obstáculos do cotidiano; passa pelas tormentas existenciais sem ruminar as indignações e cultivar a revolta. Considera os tropeços como um caminho de amadurecimento e as desilusões com as pessoas queridas como um processo de reciclagem e seleção nos relacionamentos.
A metafísica da saúde não é um recurso empregado exclusivamente para os casos de doenças. Apesar de se basearem nelas para explanação da filosofia do bem viver, os estudos metafísicos objetivam principalmente a conscientização maior do indivíduo e a compreensão dos processos existenciais, evitando o auto-abandono e tantos conflitos que surgem nas pessoas ao lidar com as adversidades da vida.
A metafísica da saúde representa um excelente recurso de auto-ajuda, dando às pessoas a compreensão necessária para que elas resolvam suas próprias dificuldades, harmonizando-se interiormente. Melhora a auto-estima por meio da conscientização dos potenciais inerentes ao ser, despertando autovalorização.
 
Extraído do Livro - Metafísica da Saúde  vol 3:
Valcapelli & Gaspareto,
Centro de Estudos Vida & Consciência Editora Ltda
 
 

quarta-feira, 26 de março de 2014

A Ciência e a Razão


   
O  pensamento  humano  avança.  Cada  século,  cada  povo  segue  um  conceito  de  acordo  com  o  desenvolvimento  que obedece a leis a que estais submetidos. Em qualquer campo, a nova idéia vem sempre do Alto e é intuída pelo gênio. Depois, dela vos apoderais, a observais, a decompondes, a viveis, passando, então, à vossa vida e às leis.
Assim, desce a ideia e, quando se fixa na  matéria,    esgotou  seu  ciclo,    aproveitastes  todo  seu  suco  e  a  jogais  fora  para  absorverdes,  em  vossa  alma  individual  e coletiva novo sopro divino.
Vosso século possuiu e desenvolveu uma ideia toda própria que os séculos precedentes não viam, pois estavam atentos em receber e desenvolver outras. Vossa ideia foi a ciência, com que acreditastes descobrir o absoluto, embora essa também seja uma ideia relativa que, esgotado seu ciclo, passa; eu venho falar-vos exatamente porque ela está passando.
Vossa ciência lançou-se num beco escuro, sem saída, onde vossa mente não tem amanhã. Que vos deu o último século?
Máquinas como jamais o mundo as teve (mas que, no entanto, são apenas máquinas) e, em compensação, ressecou vossa alma.
Essa ciência passou como um furacão destruidor de toda a fé e vos impõe, com a máscara do ceticismo, um rosto sem alma.  Sorris despreocupados, mas  vosso  espírito  morre  de  tédio  e  ouvem-se  gritos  dilacerantes.  Até vossa própria  ciência  é  uma  espécie de desespero metódico, fatal, sem mais esperanças. Terá ela resolvido o problema da dor? Que uso sabe fazer dos poderosos meios que  lhe  deram  os  segredos  arrancados  da  natureza?  Em  vossas  mãos,  o  saber  e  a  força  transformam-se  sempre  em  meios  de destruição.
Para  que  serve,  então,  o    saber,  se  ao  invés  de  impulsionar-vos  para  o Alto, tornando-vos melhores, para vós se torna instrumento de perdição? Não riais, ó céticos, que julgais ter resolvido tudo, porque sufocastes o grito de vossa alma que anseia por subir! A dor vos persegue e vos encontrará em qualquer lugar. 
Sois crianças que julgais evitar o perigo escondendo a cabeça e fechando  os  olhos,  mas  existe  uma  Lei,  invisível  para  vós,  todavia  mais  forte  que  a  rocha,  mais  poderosa  que  o  furacão,  que caminha inexorável movimentando tudo, animando tudo; essa Lei é Deus. Ela está dentro de vós, vossa vida é uma exteriorização dela e derramará sobre vós alegria ou dor, de acordo com a justiça, como o merecerdes. Eis a síntese que vossa ciência, perdida nos infinitos pormenores da análise, jamais poderá reconstituir. Eis a visão unitária, a concepção apocalíptica que venho trazer-vos.
Para  que  me  possa  fazer  compreender,  é  mister  que  fale  de  acordo  com  vossa mentalidade e me coloque no momento psicológico que vosso século está vivendo. É indispensável que eu parta justamente dos postulados da vossa ciência, para dar-lhe uma direção totalmente nova.
 Vosso sistema de pesquisa objetiva, à base da observação e experiência, não vos pode levar além de certos resultados. Cada meio pode fornecer certo rendimento e nada mais, e a razão é um meio. A análise não poderia chegar à grande síntese, grande aspiração que ferve no fundo de todas as almas, senão por meio de um tempo infinito, de que não dispondes.
  Vossa ciência arrisca-se a não concluir jamais e o “ignorabimus” quer dizer falência. A tarefa da ciência não pode ser apenas a de multiplicar vossas comodidades.
  Não estranguleis, não sufoqueis a luz de vosso espírito, única alegria e centelha da vida, até o ponto de tornar a  ciência,  que  nasce  do  vosso  intelecto,  uma  fábrica  de  comodidades.  Esta é  prostituição  do  espírito,  é vergonhosa venda de vós mesmos à matéria.
A ciência pela ciência não tem valor, vale apenas como meio de ascensão da vida. Vossa ciência tem um pecado original: dirigir-se apenas à conquista do bem-estar material. A verdadeira ciência deve ter como finalidade tornar melhores os homens. Eis a nova estrada que precisa ser palmilhada. Essa é a minha ciência ².
 
*     *     *
 
Não  falo  para  ostentar  sabedoria  ou  para  satisfazer  a  curiosidade  humana,  vou  direto  ao  objetivo:  para  melhorar-vos moralmente,  pois  venho  para  fazer-vos  o  bem.  Não  me  vereis  despender  qualquer  esforço  para  adaptar  e  enquadrar  meu pensamento  ao  pensamento  filosófico  humano,  ao  qual  me  referirei  o  menos  possível.  Ao  contrário,  ver-me-eis  permanecer continuamente  em  contato  com  a  fenomenologia  do  universo.  Importa escutar verdadeiramente  essa  voz,  que  contém  o pensamento  de  Deus.
 Compreendei-me,  vós  que  não  acreditais,  vós  céticos,  que  julgais  sabedoria  a  ignorância  das  coisas  do espírito e, no entanto, admirais o esforço de conquista que o homem, diariamente, exerce sobre as forças da natureza. Ensinar-vos-ei a vencer a morte, a superar a dor, a viver na grandiosidade imensa de vossa vida eterna.
Não acorrereis com entusiasmo ao esforço necessário para  obter  tão grandes resultados? Vamos, pois,  homens de boa vontade, ouvi-me! Primeiro compreendei-me com o intelecto e quando este ficar iluminado e virdes claramente a nova estrada que vos traço, palpitará também vosso coração e nele se acenderá a chama da paixão, para que a luz se transmude em vida e o conceito em ação.
O momento é crítico,  mas  é  mister  avançar.  E então (coisa incrível para a construção psicológica que o último século imprimiu em vós)  nova  verdade  vos  é  comunicada  por  meios que desconheceis, para que possais descobrir o novo  caminho.
O Alto, que vos é invisível, nunca deixou de intervir nos momentos culminantes da História. Que sabeis do amanhã, que sabeis da razão por que  vos  falo?  Que podeis imaginar  daquilo  que  o  tempo  vos  prepara,  vós,  que  estais  imersos  no  átimo  fugidio?
Indispensável avançar, mais que isso não vos seria possível. As vias da arte, da literatura, da ciência, da vida social estão fechadas, sem amanhã.  Não tendes mais o alimento  do  espírito  e  remastigais  coisas  velhas  que    são  produtos  de  refugo  e  devem  ser expelidos da vida. Falarei do espírito e vos reabrirei aquela estrada para o infinito, que a razão e a ciência vos fecharam.
Ouvi-me, pois. A razão que utilizais é um instrumento que possuís para prover os misteres, as necessidades mais externas da vida: conservação do indivíduo e da espécie.
Quando lançais este instrumento no grande mar do conhecimento, ele se perde, porque neste campo, os sentidos (que muito servem para vossas necessidades imediatas) somente esfloram a superfície das coisas e sua incapacidade absoluta de penetrar a essência vós a sentis. A observação e a experiência, de fato, deram-vos apenas resultados exteriores  de  índole  prática,  mas  a  realidade  profunda  vos  escapa  porque  o  uso  dos  sentidos  como  instrumento  de  pesquisa, embora ajudado por meios adequados, vos fará permanecer sempre na superfície, fechando-vos o caminho do progresso.
Para avançar ainda, é preciso despertar, educar, desenvolver uma faculdade mais profunda: a intuição. Aqui entram em função  elementos  complementares  novos  para  vós.
 Algum cientista jamais pensou que,  para  compreender  um  fenômeno,  fosse indispensável a própria purificação moral? Partindo da negação e da dúvida, a ciência colocou a priori uma barreira intransponível entre o espírito  do observador e o fenômeno. O eu que observa permanece sempre intimamente estranho ao fenômeno, atingido apenas pela estrada estreita dos sentidos. Jamais o cientista abriu sua alma, para que o mistério encarasse o próprio mistério e se comunicassem e se compreendessem. O cientista jamais pensou que é preciso amar o fenômeno, tornar-se o fenômeno observado vivê-lo;  é  indispensável  transportar  o  próprio  Eu,  com  sua  sensibilidade,  até  o  centro  do  fenômeno,  não  apenas  com  uma comunhão, mas com uma verdadeira transfusão de alma.
Compreendeis-me? Nem todos poderão compreender, pois ignoram o grande princípio do amor; ignoram que a matéria é, em todas as suas formas (até nas menores) sustentada, guiada, organizada pelo espírito que, em diversos graus de manifestação, existe por toda  a  parte. 
Para compreender a  essência  das  coisas,  tereis  que  abrir  as  portas  de  vossa  alma  e  estabelecer,  pelos caminhos  do  espírito,  essa  comunicação  interior,  entre  espírito  e  espírito;  deveis  sentir  a  unidade  da  vida que irmana todos os seres, desde o mineral até o homem, em trocas de interdependências, numa lei comum; deveis sentir esse liame de amor com todas as outras formas da vida, porque tudo, desde o fenômeno químico até o social, é vida,  regida por um princípio espiritual.
Para compreender, é necessário que possuais uma alma pura e que um liame de simpatia vos una a todo o criado.
A ciência ri de tudo isso e por esse motivo deve limitar-se a produzir comodidades e nada mais.
Nisto que vos estou a dizer reside exatamente a nova orientação que a personalidade humana deve conseguir, para poder avançar.
extraído do livro: A Grande Síntese - Pietro Ubaldi
 
 
1 - V. o volume Grandes Mensagens. (1.1)
2    -  Para  compreender  esse  estilo  incomum,  é  necessário  conhecer  a  técnica  da  gênese  deste  pensamento,  mediante  a  leitura  de  outros  volumes, os primeiros, pertencentes à obra.  (1.7)