terça-feira, 26 de junho de 2012





O RUMO DA VIDA DEFINE O CARMA

"Para saber se um homem é, ou tem sido feliz ou infeliz, descubra em que direção está voltada a sua vontade." [1].

O significado da frase é claro: o carma depende do rumo da vida. Em inúmeros casos, no entanto, a vontade de um indivíduo não tem sequer uma direção definida. Sua vontade está dividida. Uma parte dela aponta para o alto. Outra parte aponta para os apegos e as comodidades pessoais. Um terceiro setor da vontade fica oscilando ao sabor do vento, como certas birutas de aeroporto, que apenas indicam para que lado o vento toca, e, talvez, a sua velocidade. 

A atual sociedade consumista coisifica as pessoas, manipulando-as para lá e para cá, iludindo-as com metas materiais de curto prazo, e tirando-lhes a possibilidade de definir um projeto claro para suas vidas. Por outro lado, o estudo da filosofia lhes devolve a condição plenamente humana, e lhes permite readquirir o controle do rumo da vida. Para quem deseja uma vida filosófica, uma das primeiras medidas práticas consiste em fazer coisas úteis durante o chamado tempo de "lazer": alguns exemplos são o estudo, a meditação, o ato de escrever e de debater sobre temas relativos à sabedoria. Quando aproveitamos bem as oportunidades que já estão ao nosso dispor, podemos confiar no fato de que logo surgirão novas oportunidades diante de nós.

O estudante de filosofia deve, pois, definir – de modo gradual mas com clareza crescente – quais são o seu rumo e o seu projeto de vida. Assim, o tempo nunca passará em vão. Não haverá falta de tempo para ele, e ele terá felicidade interior.
A tradição pitagórica afirma:
"Para o barqueiro que não sabe o rumo a seguir, todo vento é ruim".
Mas quando o barqueiro sabe o rumo da sabedoria, e conhece bem tanto o barco quanto o oceano, ele é capaz de avançar com seu barco veleiro na direção desejada, mesmo quando o vento é contrário. Uma vez definida a meta, basta usar corretamente os recursos que já estão ao seu alcance – e perseverar.



inslow Homer  (EUA 1836-1910)
aquarela