segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Depoimento

Um pouco de nossa caminhada em 2014
     O convite para participar do Geper chegou através de minha querida amiga Aida, ainda no ano passado. Fiquei muito feliz. Não tinha a menor ideia de como seriam esses estudos, nem do que tratava a Apometria, mas vim de mente e coração abertos a novas aprendizagens. Ao chegar no grupo, fui recebida carinhosamente e com muita amorosidade por todos.
     Num ambiente de alegria e bom humor estudamos com paixão, protegidos e amparados pela força e pela grandeza de nossa egrégora, de Ramatis e de todos os amigos espirituais que fazem parte dela.
     Durante o ano nos aventuramos, como consciências peregrinas que somos, na grandiosidade do cosmos e de seus sistemas planetários, criados por Deus através da transformação da energia primordial, e planificado carinhosamente pelos Engenheiros Siderais para abrigar nossas centelhas de consciências em sua jornada evolutiva.
     Extasiamo-nos com a magnífica beleza do Sol, divina matriz da vida, que generosamente nos doa gratuitamente energia, luz e calor, e torna irmãos todos os seres do universo.
     Aprendemos que, desde o princípio, do átomo ao arcanjo, na Natureza tudo se encadeia. Como cita Ubaldi: “A respiração do átomo, dada pela respiração do universo; a respiração do universo, dada pela respiração do átomo; uma criação sem fim, sem limites, em que o espaço e o tempo são apenas propriedades de uma fase, além da qual desaparecem; onde o relativo limitado, imperfeito, mas em evolução e inexaurível no infinito, forma e iguala o absoluto.”
     Deslumbramo-nos com o universo dos Logos, dos Arquétipos, dos Cristos, dos Devas, dos Espíritos Operadores. Chegamos ao surgimento das Mônadas, ainda incompreensível à nossa razão e imaginação, e sua incansável viagem cósmica pelos degraus evolutivos dos Planos Monádico, Atma, Buddhi, Mental Superior, Mental Inferior, Astral e Físico, assimilando de cada um os atributos necessários à sua ascensão.
     Vimos que todas as formas de vida lutam por evoluir espiritualmente, assim como nós; que a matéria nada mais é que energia condensada e que a massa de um corpo existe em função da velocidade dos átomos que a compõem. Alargamos nossa mente para além do plano físico, e percebemos que a distância que separa os seres nos diversos planos não é uma distância espacial, e sim um modo diferente de vibrar.
     Conscientizamo-nos de que cada célula de nosso corpo contém em si todos os aspectos adquiridos em todos os planos e reinos percorridos pela Mônada, desde sua criação. Ao despertarmos no mineral, nossas consciências assimilam o princípio da atração molecular. No vegetal, adquirimos a sensibilidade e a percepção do mundo exterior. No animal, nosso corpo móvel é dotado de um sistema nervoso que constitui uma delicada rede de comunicação interligando todas as partes do corpo e controlado pelo cérebro. Nesta fase, aprimoramos nossa sensibilidade, e iniciamos a desenvolver o instinto, a memória e a criar defesas de subsistência.
     Ao completar seu ciclo no reino animal, ocorre uma profunda mudança que permitirá à Mônada iniciar um novo ciclo direcionado à inteligência. Nosso Mental Superior se transforma num vórtice que, girando vertiginosamente, atrai para seu centro todas as forças e partículas que estão em derredor, surgindo, assim, o Corpo Causal. E ingressamos no Reino Elemental. É o início da individualidade e do Psiquismo. Será que fomos Duendes ou Fadas? Gnomos, Ondinas, Silfos ou Salamandras? 
     Enfim, a quintessenciada energia primordial vai se coagulando e entramos no Plano Físico. Chegamos ao reino Humano, o reino da razão e da responsabilidade, e encarnamos pela primeira vez usando um corpo de homem ou de mulher. Despertam em nós os aspectos fixados nos planos anteriores: Vontade, Sabedoria, Atividade, Pensamento e Sensação. Obscurece-se o animal e desperta o Homem. No início, vivemos em sociedades primitivas e selvagens, até que chegamos ao homem intelectualizado da era moderna, de pensamento crítico e inventivo.
     Nessa estrada infinita, a humanidade caminha em bloco, mas também podemos evoluir por esforço próprio, amparados e conduzidos pelos Devas e seus auxiliares pelos reinos deste Planeta. É necessário que passemos por todas as fases evolutivas: do “ter” ao “ser”, do egoísmo ao altruísmo, do ilusório ao realístico, até aprendermos a real mecânica da vida. Enquanto isso não acontecer, defrontamo-nos com o pórtico do Carma e do Dever, em reencarnações sucessivas, para que nossas consciências acertem as contas consigo mesmas.
     Para o Cosmo, não importa o tempo que consumimos nesse trajeto, pois tudo é um eterno Presente, e a eternidade não pode ser medida. Nossos passos terão uma velocidade maior à medida que nos libertarmos das ilusões da matéria.
          A partir daí, com os corpos Mental e Astral mais fortificados, encerramos nossa fase humana, recolhendo-se a Mônada ao plano Mental. Com o corpo Mental bem definido, não mais necessitará retornar à vida física e descerá apenas até o plano Astral. Após concluir essa fase, ingressará na fase evolutiva Super-Humana e assim, continuaremos, em infinitos ciclos, nossa viagem de volta para casa.
           O estudo da apostila “A Criatura” nos permitiu a leitura de uma ampla bibliografia, em que ficamos mais próximos dos sensacionais mestres: Jesus, Ramatis, Ubaldi, Power, Kardec, Chico Xavier, André Luiz, Blavatsky, Francisco de Assis, entre tantos outros. Envolvemos nossos corações e nossas mentes com seus maravilhosos ensinamentos que, com certeza,nos transformam, a cada instante, em pessoas melhores.
 
Carmem Santos. Dez 14

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

SERENIDADE


(EQUILÍBRIO EMOCIONAL)
     Serenidade significa fé e confiança nos desígnios do Eterno; provém da paz de uma consciência tranquila que renova os recursos espirituais para a longa jornada.
Não transborda orgulho nem prepotência. Permanece no campo da luta pacientemente à espera de que a força do Bem tudo possa renovar.
Como um trator a aplainar os caminhos acidentados, possui a estabilidade da segurança e a força da confiança que impulsiona de maneira imperturbável.
A serenidade não destrói o erro, mas tolera-o enquanto compreende que ele não possui forças para transformar-se, porém não se perturba, pois crê firmemente que o erro é produto da ignorância e que toda treva será desfeita pela luz.
Na jornada evolutiva um princípio de autoconfiança deve manter o servo na atitude serena, pois o erro procura sem cessar destruir a base de sustentação da virtude, que é a serenidade, produto da certeza na vitória do Bem.
A alma serena sabe suportar porque tem esperança e é humilde, confiando no Bem, embora conheça a realidade de ser ainda imperfeita.  Tem a sabedoria de suportar com paciência os vendavais porque conquistou a dupla força que a sustenta: a confiança na vitória do Bem e a consciência dos seus poucos méritos, que a faz suportar a luta necessária do aprendizado.
A serenidade é fruto da conquista do equilíbrio emocional e só é consolidada através das lutas, nas quais a alma necessita recompor-se inúmeras vezes, como o lutador que pára a fim de haurir a força do oxigênio renovador.
Serenidade é persistência por amor a Deus e ao próximo.  É compaixão diante dos erros alheios, é esperança na renovação do semelhante desviado, é fraternidade enfim!  É humildade, é tolerância, é paciência.
Diante desses valores surge logo a objeção de que, em sã consciência, não somos ainda capazes de alcançar tais realizações de forma espontânea e que o esforço excessivo torna-se artificial, pouco real e menos produtivo para a harmonia do ser imperfeito que constituímos. Vem-nos então a certeza de que, se possuíssemos a virtude, não necessitaríamos analisá-la, pois já estaria assimilada e, no pleno gozo de suas vantagens, nada mais seria preciso do que utilizá-la a bem geral. Se a dissecamos é para que fiquem nítidas diante de nós suas partes componentes e, tendo-as em mira, renovemos nossas disposições favoráveis à construção de valores novos em nosso íntimo. 
Nesse desejo de aprender e assimilar não vai uma tentativa de sufocação da alma, por comprimi-la em moldes de excessiva pureza; não vai tão pouca uma admoestação às vossas deficiências.
 Somos companheiros de aprendizado e nada mais justo do que buscarmos esclarecer a mente, na esperança de fornecer-lhe os elementos indispensáveis a um discernimento claro e oportuno, como o alimento positivo que fortaleça a alma, facilitando-lhe as realizações.
A conquista da serenidade exclui por completo a auto-recriminação, que sensibiliza de maneira negativa, predispondo mal o espírito para a luta. A alma serena é capaz de observar os próprios erros sem perturbação. Dissolve-os, a pouco e pouco, no esforço de renovação de suas atitudes.
O equilíbrio emocional ou serenidade é produto da aquisição de uma arte. Como toda a arte exige uma predisposição ou tendência, expressa num desejo, numa procura constante e atingir a realização. Sem essa base, nada poderá ser feito. Não se espera que, de uma alma avessa à disciplina e ao esforço, possa surgir o "talento" indispensável à aquisição dessa arte.
Embora as tendências atuais do progresso artístico dêem plena liberdade ao gênio criador, o artista não poderá dispensar os pincéis, as tintas, o cinzel, enfim, todo o aparelhamento tradicional para a evolução de sua obra.  Da mesma forma, a conquista do equilíbrio emocional não implica na submissão rígida a valores classicamente estereotipados!
Há largueza e flexibilidade suficientes para que cada qual chegue a externar suas aptidões, formando o quadro individual de sua criação, sem, no entanto dispensar os instrumentos dessa realização: 1) a vontade firmemente dirigida e utilizada como elemento de libertação dos próprios valores positivos, pois à semelhança do cinzel ela se encarregará de burilar as arestas indesejáveis, sem prejudicar, por golpes violentos, a harmonia do conjunto que se molda; 2) aliada ao esclarecimento pela aplicação ao estudo das melhores diretrizes, poderá ser comparada à tela colocada com firme determinação diante do artista, cujo pincel, manipulado esclarecidamente, formará a obra de arte, com o auxílio das tintas vivas do Amor, que é a expressão mais alta da beleza na vida!
Serenidade são humildade e amor.  Praticai-a com vontade firme.  Pode e deve ser conquistada como prova de que já sentimos o perdão do Senhor para os nossos males e que esperamos imperturbáveis, que esse mesmo perdão atinja a alma aflita de nossos irmãos.
  Paz,
  RAMA-SCHAIN
texto extraído do Livro: Mensagens do Grande Coração.
psicografia AMÉRICA PAOLIELLO MARQUES E WANDA BAPTISTA PEREIRA JIMENEZ

quinta-feira, 3 de julho de 2014

POR QUE ADOECEMOS

 
A doença é provocada por agentes físicos que alteram o funcionamento normal do corpo. Todas as vezes que a saúde for perturbada, é sinal de que existem elementos físicos interferindo nas atividades biológicas.
As causas orgânicas das enfermidades podem ser tanto os fatores externos que se alojam numa determinada parte do corpo, prejudicando-o, quanto as atividades do próprio organismo que se alteram, perturbando a ordem biológica ou, ainda, alguma lesão provocada por acidente.
Portanto, não existe um estado corporal alterado sem ter havido algum fator da esfera física gerando tais alterações biológicas.
A ciência médica tem identificado cada vez mais os agentes desencadeadores das doenças e, com isso, combatido inúmeras enfermidades. A identificação dos males físicos tem sido um dos principais desafios da classe científica. Para conseguir combater, é preciso conhecer o tipo de distúrbio que o corpo apresenta. Somente a partir disso, é possível prescrever um tratamento que combata o mal que aflige o corpo.
O fato de a medicina ainda não ter descoberto a origem de determinada doença não significa que não haja um processo orgânico causando tais alterações biológicas. Conforme: a tecnologia se aperfeiçoa, mais ela se aproxima da cura das doenças.
A óptica metafísica aponta a condição interna da pessoa como a raiz dos males físicos. No entanto, ela não contesta a existência de agentes orgânicos ou inorgânicos presentes num organismo doente.
Mas o fato de existir determinadas condições físicas provocando as doenças não significa necessariamente que há falhas no sistema biológico, casualidade ou, mesmo; façanhas do oportunismo de vírus ou bactérias que se alojam no organismo, mas, sim, debilidade do corpo ou incapacidade de se defender dos invasores.
Segundo a óptica metafísica, as doenças refletem algumas condições emocionais desarmônicas, que são geradas pelos conflitos interiores. A verdadeira causa das enfermidades está no interior da pessoa, em sua condição psiquemocional e, principalmente, no sentimento do doente.
Esses processos interiores enfraquecem o corpo, deixando-o vulnerável às invasões ou mesmo às alterações nas funções biológicas, originando as doenças. O corpo somente é afetado por algum mal físico se existirem conflitos interiores provocando sentimentos perturbadores que vão interferir negativamente nas funções biológicas.
Para compreender um pouco melhor essa relação entre as doenças físicas e as causas metafísicas, vejamos alguns exemplos:
O corpo manifesta, por meio dos processos inflamatórios e infecciosos, as turbulências energéticas geradas pela irritabilidade ou inconformismo da pessoa. Esse estado interior surge em meio aos episódios desagradáveis que interferem negativamente em casa, no trabalho ou mesmo nos relacionamentos, comprometendo a harmonia numa dessas áreas da vida. Sem ter como evitar tais episódios, resta ao indivíduo abalado pelas interferências ficar profundamente chateado e até irritado. Esses sentimentos são nocivos ao sistema imunológico do corpo, enfraquecendo as defesas do organismo e prejudicando o combate aos invasores, que, por sua vez, se alojam nos órgãos, caracterizando as infecções.
A formação de nódulos, tumores ou cistos em determinado órgão representa as forças energéticas que se tornam negativas por estarem acumuladas numa região do corpo. Esse emaranhado energético é provocado pelos conflitos interiores que surgem a partir da vontade de manifestar algo na vida, seguidos pela auto-sabotagem ou por crenças contrárias à expressão dos conteúdos inerentes ao ser. Desse modo, a pessoa impõe a ela mesma os bloqueios e recalques que a impedem de fluir livremente pelas diversas situações da vida, respeitando sua integridade e preservando sua originalidade.
O principal objetivo da metafísica da saúde é identificar, no extraordinário universo emocional, a condição interna que se encontra em desarmonia, onde principiam os desarranjos fisiológicos; é oferecer ao doente a consciência das condições internas causadoras dos males físicos; é convidá-lo a uma reflexão sobre si mesmo, sugerindo que ele reavalie seus sentimentos e mude algumas crenças. Desse modo ele estará promovendo as reformulações internas necessárias para resgatar definitivamente a saúde do corpo e conquistar a paz interior e a harmonia no meio exterior.
Existem algumas queixas de sintomas desagradáveis que não estão alojados no corpo em forma de doença. Nesses casos, as pessoas não estão fisicamente doentes. Elas têm o padrão metafísico da doença, mas numa intensidade insuficiente para a somatização no corpo. Essa é uma ocasião oportuna para interferir no processo, alterando a condição emocional antes de a doença se radicar no corpo.
A metafísica da saúde propõe-se a traçar um paralelo entre os órgãos do corpo e as qualidades do ser, como se os talentos da alma representassem a fonte geradora das energias necessárias para organizar os tecidos do corpo, mantendo tanto a coesão atômica quanto a preservação das atividades biológicas, garantindo a saúde.
Dessa forma, a saúde representa a boa condição da pessoa no emprego dos conteúdos interiores no meio exterior. A vida possibilita o exercício das qualidades, que se transformam em habilidades. Ao atuar nos diversos setores da vida, como o profissional, o afetivo, etc., desenvolvem-se aptidões que facultam ao indivíduo o poder de lidar com o meio externo, aprimorando as qualidades e desenvolvendo as habilidades.
Quando as pessoas deparam com as dificuldades da vida e não conseguem administrar as adversidades, de maneira a continuarem vertentes suas aptidões no meio externo, surgem os conflitos interiores, que se agravam ao ponto de se manifestar no corpo em forma de doença.
Os tropeços da vida representam para alguns uma espécie de ferida que corrói interiormente, minando as qualidades. Por outro lado, há quem passa pelas mesmas dificuldades e não lesa o corpo, porque não se deixa abater pelos obstáculos do cotidiano; passa pelas tormentas existenciais sem ruminar as indignações e cultivar a revolta. Considera os tropeços como um caminho de amadurecimento e as desilusões com as pessoas queridas como um processo de reciclagem e seleção nos relacionamentos.
A metafísica da saúde não é um recurso empregado exclusivamente para os casos de doenças. Apesar de se basearem nelas para explanação da filosofia do bem viver, os estudos metafísicos objetivam principalmente a conscientização maior do indivíduo e a compreensão dos processos existenciais, evitando o auto-abandono e tantos conflitos que surgem nas pessoas ao lidar com as adversidades da vida.
A metafísica da saúde representa um excelente recurso de auto-ajuda, dando às pessoas a compreensão necessária para que elas resolvam suas próprias dificuldades, harmonizando-se interiormente. Melhora a auto-estima por meio da conscientização dos potenciais inerentes ao ser, despertando autovalorização.
 
Extraído do Livro - Metafísica da Saúde  vol 3:
Valcapelli & Gaspareto,
Centro de Estudos Vida & Consciência Editora Ltda
 
 

quarta-feira, 26 de março de 2014

A Ciência e a Razão


   
O  pensamento  humano  avança.  Cada  século,  cada  povo  segue  um  conceito  de  acordo  com  o  desenvolvimento  que obedece a leis a que estais submetidos. Em qualquer campo, a nova idéia vem sempre do Alto e é intuída pelo gênio. Depois, dela vos apoderais, a observais, a decompondes, a viveis, passando, então, à vossa vida e às leis.
Assim, desce a ideia e, quando se fixa na  matéria,    esgotou  seu  ciclo,    aproveitastes  todo  seu  suco  e  a  jogais  fora  para  absorverdes,  em  vossa  alma  individual  e coletiva novo sopro divino.
Vosso século possuiu e desenvolveu uma ideia toda própria que os séculos precedentes não viam, pois estavam atentos em receber e desenvolver outras. Vossa ideia foi a ciência, com que acreditastes descobrir o absoluto, embora essa também seja uma ideia relativa que, esgotado seu ciclo, passa; eu venho falar-vos exatamente porque ela está passando.
Vossa ciência lançou-se num beco escuro, sem saída, onde vossa mente não tem amanhã. Que vos deu o último século?
Máquinas como jamais o mundo as teve (mas que, no entanto, são apenas máquinas) e, em compensação, ressecou vossa alma.
Essa ciência passou como um furacão destruidor de toda a fé e vos impõe, com a máscara do ceticismo, um rosto sem alma.  Sorris despreocupados, mas  vosso  espírito  morre  de  tédio  e  ouvem-se  gritos  dilacerantes.  Até vossa própria  ciência  é  uma  espécie de desespero metódico, fatal, sem mais esperanças. Terá ela resolvido o problema da dor? Que uso sabe fazer dos poderosos meios que  lhe  deram  os  segredos  arrancados  da  natureza?  Em  vossas  mãos,  o  saber  e  a  força  transformam-se  sempre  em  meios  de destruição.
Para  que  serve,  então,  o    saber,  se  ao  invés  de  impulsionar-vos  para  o Alto, tornando-vos melhores, para vós se torna instrumento de perdição? Não riais, ó céticos, que julgais ter resolvido tudo, porque sufocastes o grito de vossa alma que anseia por subir! A dor vos persegue e vos encontrará em qualquer lugar. 
Sois crianças que julgais evitar o perigo escondendo a cabeça e fechando  os  olhos,  mas  existe  uma  Lei,  invisível  para  vós,  todavia  mais  forte  que  a  rocha,  mais  poderosa  que  o  furacão,  que caminha inexorável movimentando tudo, animando tudo; essa Lei é Deus. Ela está dentro de vós, vossa vida é uma exteriorização dela e derramará sobre vós alegria ou dor, de acordo com a justiça, como o merecerdes. Eis a síntese que vossa ciência, perdida nos infinitos pormenores da análise, jamais poderá reconstituir. Eis a visão unitária, a concepção apocalíptica que venho trazer-vos.
Para  que  me  possa  fazer  compreender,  é  mister  que  fale  de  acordo  com  vossa mentalidade e me coloque no momento psicológico que vosso século está vivendo. É indispensável que eu parta justamente dos postulados da vossa ciência, para dar-lhe uma direção totalmente nova.
 Vosso sistema de pesquisa objetiva, à base da observação e experiência, não vos pode levar além de certos resultados. Cada meio pode fornecer certo rendimento e nada mais, e a razão é um meio. A análise não poderia chegar à grande síntese, grande aspiração que ferve no fundo de todas as almas, senão por meio de um tempo infinito, de que não dispondes.
  Vossa ciência arrisca-se a não concluir jamais e o “ignorabimus” quer dizer falência. A tarefa da ciência não pode ser apenas a de multiplicar vossas comodidades.
  Não estranguleis, não sufoqueis a luz de vosso espírito, única alegria e centelha da vida, até o ponto de tornar a  ciência,  que  nasce  do  vosso  intelecto,  uma  fábrica  de  comodidades.  Esta é  prostituição  do  espírito,  é vergonhosa venda de vós mesmos à matéria.
A ciência pela ciência não tem valor, vale apenas como meio de ascensão da vida. Vossa ciência tem um pecado original: dirigir-se apenas à conquista do bem-estar material. A verdadeira ciência deve ter como finalidade tornar melhores os homens. Eis a nova estrada que precisa ser palmilhada. Essa é a minha ciência ².
 
*     *     *
 
Não  falo  para  ostentar  sabedoria  ou  para  satisfazer  a  curiosidade  humana,  vou  direto  ao  objetivo:  para  melhorar-vos moralmente,  pois  venho  para  fazer-vos  o  bem.  Não  me  vereis  despender  qualquer  esforço  para  adaptar  e  enquadrar  meu pensamento  ao  pensamento  filosófico  humano,  ao  qual  me  referirei  o  menos  possível.  Ao  contrário,  ver-me-eis  permanecer continuamente  em  contato  com  a  fenomenologia  do  universo.  Importa escutar verdadeiramente  essa  voz,  que  contém  o pensamento  de  Deus.
 Compreendei-me,  vós  que  não  acreditais,  vós  céticos,  que  julgais  sabedoria  a  ignorância  das  coisas  do espírito e, no entanto, admirais o esforço de conquista que o homem, diariamente, exerce sobre as forças da natureza. Ensinar-vos-ei a vencer a morte, a superar a dor, a viver na grandiosidade imensa de vossa vida eterna.
Não acorrereis com entusiasmo ao esforço necessário para  obter  tão grandes resultados? Vamos, pois,  homens de boa vontade, ouvi-me! Primeiro compreendei-me com o intelecto e quando este ficar iluminado e virdes claramente a nova estrada que vos traço, palpitará também vosso coração e nele se acenderá a chama da paixão, para que a luz se transmude em vida e o conceito em ação.
O momento é crítico,  mas  é  mister  avançar.  E então (coisa incrível para a construção psicológica que o último século imprimiu em vós)  nova  verdade  vos  é  comunicada  por  meios que desconheceis, para que possais descobrir o novo  caminho.
O Alto, que vos é invisível, nunca deixou de intervir nos momentos culminantes da História. Que sabeis do amanhã, que sabeis da razão por que  vos  falo?  Que podeis imaginar  daquilo  que  o  tempo  vos  prepara,  vós,  que  estais  imersos  no  átimo  fugidio?
Indispensável avançar, mais que isso não vos seria possível. As vias da arte, da literatura, da ciência, da vida social estão fechadas, sem amanhã.  Não tendes mais o alimento  do  espírito  e  remastigais  coisas  velhas  que    são  produtos  de  refugo  e  devem  ser expelidos da vida. Falarei do espírito e vos reabrirei aquela estrada para o infinito, que a razão e a ciência vos fecharam.
Ouvi-me, pois. A razão que utilizais é um instrumento que possuís para prover os misteres, as necessidades mais externas da vida: conservação do indivíduo e da espécie.
Quando lançais este instrumento no grande mar do conhecimento, ele se perde, porque neste campo, os sentidos (que muito servem para vossas necessidades imediatas) somente esfloram a superfície das coisas e sua incapacidade absoluta de penetrar a essência vós a sentis. A observação e a experiência, de fato, deram-vos apenas resultados exteriores  de  índole  prática,  mas  a  realidade  profunda  vos  escapa  porque  o  uso  dos  sentidos  como  instrumento  de  pesquisa, embora ajudado por meios adequados, vos fará permanecer sempre na superfície, fechando-vos o caminho do progresso.
Para avançar ainda, é preciso despertar, educar, desenvolver uma faculdade mais profunda: a intuição. Aqui entram em função  elementos  complementares  novos  para  vós.
 Algum cientista jamais pensou que,  para  compreender  um  fenômeno,  fosse indispensável a própria purificação moral? Partindo da negação e da dúvida, a ciência colocou a priori uma barreira intransponível entre o espírito  do observador e o fenômeno. O eu que observa permanece sempre intimamente estranho ao fenômeno, atingido apenas pela estrada estreita dos sentidos. Jamais o cientista abriu sua alma, para que o mistério encarasse o próprio mistério e se comunicassem e se compreendessem. O cientista jamais pensou que é preciso amar o fenômeno, tornar-se o fenômeno observado vivê-lo;  é  indispensável  transportar  o  próprio  Eu,  com  sua  sensibilidade,  até  o  centro  do  fenômeno,  não  apenas  com  uma comunhão, mas com uma verdadeira transfusão de alma.
Compreendeis-me? Nem todos poderão compreender, pois ignoram o grande princípio do amor; ignoram que a matéria é, em todas as suas formas (até nas menores) sustentada, guiada, organizada pelo espírito que, em diversos graus de manifestação, existe por toda  a  parte. 
Para compreender a  essência  das  coisas,  tereis  que  abrir  as  portas  de  vossa  alma  e  estabelecer,  pelos caminhos  do  espírito,  essa  comunicação  interior,  entre  espírito  e  espírito;  deveis  sentir  a  unidade  da  vida que irmana todos os seres, desde o mineral até o homem, em trocas de interdependências, numa lei comum; deveis sentir esse liame de amor com todas as outras formas da vida, porque tudo, desde o fenômeno químico até o social, é vida,  regida por um princípio espiritual.
Para compreender, é necessário que possuais uma alma pura e que um liame de simpatia vos una a todo o criado.
A ciência ri de tudo isso e por esse motivo deve limitar-se a produzir comodidades e nada mais.
Nisto que vos estou a dizer reside exatamente a nova orientação que a personalidade humana deve conseguir, para poder avançar.
extraído do livro: A Grande Síntese - Pietro Ubaldi
 
 
1 - V. o volume Grandes Mensagens. (1.1)
2    -  Para  compreender  esse  estilo  incomum,  é  necessário  conhecer  a  técnica  da  gênese  deste  pensamento,  mediante  a  leitura  de  outros  volumes, os primeiros, pertencentes à obra.  (1.7)
 

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Apenas alguns lembretes

                               Apenas alguns lembretes    
                  

                         Lembre-se que você é um espírito imortal vivendo breve experiência num corpo físico.
                       Lembre-se que seu corpo é feito de matéria e, como tal, sofre o desgaste natural, mas esse desgaste não atinge o espírito imortal.
                      Assim,quando você perceber que a sua pele está enrugando, lembre-se que esse é um fenômeno que não alcança o espírito.
                     Enquanto sua pele enruga, seu espírito pode ficar mais radiante e mais iluminado. Você não pode deter os segundos nem evitar que se transformem em anos.
                     Sua esperança jamais poderá estar atrelada a sua forma física, pois o ser pensante que você é o mais importante e sobreviverá por toda a eternidade. Sua força e sua vitalidade independem da sua idade.
                     Seu espírito é o agente capaz de espanar a poeira do tempo. Lembre-se que você não é um corpo que tem um espírito, mas um espírito temporariamente vivendo num corpo físico.
                    Chegará um dia em que você se deparará com uma linha de chegada e perceberá que logo à frente há outra linha de partida... A vida é feita de idas e vindas... Partidas e chegadas. Um dia você terá que abandonar esse corpo, mas lembre-se de que jamais a abandonará a vida. ...Lembre-se de que cada dia é uma oportunidade de viver, e viver bem.
                      Se acontecer de cometer um engano, não detenha o passo; siga em frente que logo adiante encontrará outro desafio... A vida é feita de desafios...  Vencemos uns, somos vencidos por outros, mas não podemos deter os passos. E o maior de todos os desafios é vencer-se a si mesmo, usando a razão para não se deixar dominar por vícios e prazeres excessivos e prejudiciais. Importante é não perder tempo, vivendo de lembranças amargas e fotografias pela metade, amarelas e empoeiradas...
                      O dia mais importante é o dia de hoje. Hoje você tem a oportunidade de reescrever a sua história... Conhecer novas paisagens... colecionar  imagens de cores vivas.
                         Lembre-se sempre que você é um espírito feito de luz, e a luz sempre pode suplantar as trevas, por mais densas que sejam.  O importante é que jamais detenha o passo. Se as forças físicas não lhe permitem mais correr como antes, ande depressa.  Se algo impedir de andar depressa, caminhe lentamente, mas siga em frente.
                         E se por algum motivo não puder mais caminhar sem apoio, use bengalas, muletas, mas continue.
                          E se um dia você não puder mais movimentar seu corpo para continuar andando, voe com o pensamento. Seu pensamento, nada e ninguém podem deter.  Você é livre para pensar, para aprender, para alcançar os céus em busca de esperança e paz.   
                           O essencial é que você não pare nunca... Deus não criou você para a derrota. Deus criou você para a vitória, para a felicidade plena.  E essa conquista é parte que lhe cabe.
                                                     Este é apenas um lembrete, pois um dia um sublime alguém já nos disse tudo isso e nos esquecemos. Esquecemos que ele saiu do corpo, mas jamais saiu da vida.
                                      O Seu suave convite ainda paira no ar.
                      “Quem quiser vir após mim tome a sua cruz negue-se a si mesmo e siga-me” Esquecemos que Ele afirmou com convicção e firmeza: “Nenhuma das ovelhas que o pai me confiou se perderá”. Eu sou uma das ovelhas e você também é. Não importa a que religião você pertença.  Não importa a que religião eu pertença. 
                         Somos as ovelhas que o Criador confiou ao Sublime Pastor, para que Ele nos ensine o caminho que nos levará ao Pai.
                         Este é apenas um lembrete que você pode desconsiderar.  Mas uma coisa é certa: você não deixará de existir, pois é espírito imortal. Não evitará os percalços nem as lições da caminhada, pois é filho de Deus.  Pense Nisso.

 Trechos do livro: Universalismo Crístico de Roger Bottini Paranhos; coletados por Alcir Bolassel.     

           

domingo, 10 de março de 2013

A Ação Humanitária Eficaz...



Madre Teresa de Calcutá

“Ao ajudar o desenvolvimento dos outros, o teosofista acredita que não está apenas ajudando-os a cumprir o Carma que é deles, mas que também está, no sentido mais estrito, cumprindo o seu próprio Carma como indivíduo. O que ele tem sempre em vista é o desenvolvimento da humanidade, do qual tanto ele como os outros são partes integrantes. E ele sabe que qualquer fracasso da sua parte em responder ao que há de mais elevado em si causa um atraso não só para si mesmo, mas para todos, no avanço evolutivo. Por suas ações, ele pode tornar mais difícil ou mais fácil, para a humanidade, alcançar o próximo nível, mais elevado, de existência. (“A Chave Para a Teosofia”, H. P. Blavatsky, capítulo 12; página 234 na edição da Theosophy Co., India.)

Deste modo, é através do cumprimento correto dos deveres da vida, como um Sacrifício (Yajna) oferecido ao Eu Superior, o Eu de Todos, que o verdadeiro devoto ingressa no caminho do serviço mais elevado a seus semelhantes e a todos os seres, o caminho que produz harmonia, iluminação e progresso espiritual para todos. À luz do conhecimento espiritual que surge em nós através da devoção pelo Ser de todos os seres e do cumprimento do nosso dever,  começamos a identificar cada vez mais claramente as maneiras, as motivações e os métodos de serviço altruísta que produzem o maior bem para todos.
“Nós acreditamos na tarefa de aliviar a fome da alma, tanto quanto, se não mais do que a fome do estômago”, escreveu H.P.Blavatsky.   

Os sofrimentos e as dores do homem surgem de pensamentos e ações baseados em idéias equivocadas da vida, porque ele tem que colher o que plantou. O homem sábio, portanto, ao mesmo tempo que alivia a aflição dos outros, sempre que as condições o permitem, também os ajuda, até onde é possível, a alcançar uma perspectiva mais elevada da vida; a obter uma base mais verdadeira de pensamento e ação e uma compreensão da sua responsabilidade e do seu dever em relação aos seus semelhantes. Portanto, o estudante que aspira a um verdadeiro serviço altruísta pela humanidade estará sempre esforçando-se para preparar-se, através do estudo, da exemplificação e do serviço, para ser mais capaz de ajudar e ensinar outras pessoas; e colocando em prática, todo o tempo, as idéias teosóficas de compaixão, ensinadas e exemplificadas pelos grandes professores e benfeitores da humanidade:
“Aja individualmente e não coletivamente; siga os preceitos do Budismo do Norte: ‘Nunca ponha comida na boca de um faminto através das mãos de outra pessoa’; ‘Nunca deixe que a sombra do teu próximo (uma terceira pessoa) se coloque entre você e o objeto da sua generosidade’; ‘Nunca dê tempo para que o sol seque uma lágrima antes que você o faça’. E também, ‘Nunca dê dinheiro aos necessitados, ou comida para o sacerdote que a pede à sua porta, através dos seus empregados, para que o seu dinheiro não diminua a gratidão, e sua comida não se transforme em bílis.’ (“A Chave Para a Teosofia”, H.P.B., capítulo 12, pp. 241-242 da edição da Theosophy Company, Índia)

As idéias teosóficas sobre caridade significam um esforço pessoal pelos outros; uma compaixão e amabilidade pessoais; um interesse pessoal no bem-estar dos que sofrem; uma simpatia, uma previsão e uma assistência pessoais em seus problemas ou necessidades. Nós, teosofistas, não acreditamos em dar dinheiro ... através das mãos de outras pessoas ou organizações. Acreditamos em dar ao dinheiro mil vezes mais poder e eficácia através do nosso contato pessoal e nossa simpatia com aqueles que o necessitam... porque a gratidão faz mais bem à pessoa que a sente, do que à pessoa por quem ela é sentida.” (Ibid., p. 242 da edição indiana da Theosophy Co.)

 NOTA:   [1]  Estas palavras entre aspas constam da frase final da Declaração da LUT. (Nota do tradutor)




imagem: Google.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Teosofia...




"Podes criar no dia de hoje as tuas chances para o dia de amanhã. Na Grande Viagem as causas semeadas a cada hora produzem a colheita dos seus efeitos, porque uma justiça inflexível governa o mundo. Com a força poderosa da sua ação impecável, ela traz para os mortais vidas de felicidade ou sofrimento, resultado cármico de todos os nossos pensamentos e ações anteriores."
Helena P. Blavatsky


segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A Decisão de Agir





A Decisão de Agir

Fortalecer a vontade implica fazer menos coisas - ou pelo menos ter um foco mais claro na vida, e colocar tudo o que se faz em função deste foco -; porque uma mente dispersa não tem a possibilidade 
de desenvolver uma vontade forte. Ao contrário. Uma mente dispersa é um sintoma infalível da ausência de uma vontade diretora.
Para que a vontade não seja cega, é necessário fortalecer também a visão.
A clareza de visão surge de um objetivo de vida nobre e amplo, elevado, livre das distorções do desejo pessoal. O desejo, o medo e a ambição escravizam o rumo do pensamento e distorcem violentamente
a visão se não forem deixados de lado, ou, pelo menos, observados com vigilância e neutralizados.
Há áreas da vida em que nossa vontade é mais forte, em outras não tanto. É preciso buscar e identificar os nossos "pontos cegos", em que não enxergamos, ou em que enxergamos com dificuldade.
É importante olhar as coisas desde vários pontos de vista. O óbvio é frequentemente difícil de ver. Comparadas todas as nossas impressões, avaliadas as informações disponíveis, devemos perceber com calma o momento correto para tomar a decisão,
sabendo a responsabilidade que ela implica.
Uma vez tomada uma decisão, deve-se colocá-la em prática com força, dando sempre o máximo de importância à ligação entre o que pensamos, o que dizemos, o que decidimos, e o que fazemos.

Fraternalmente, Carlos.
Fonte: e-grupo SerAtento:
www.filosofiaesoterica.com


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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O Cultivo da Tranquilidade




O Cultivo da Tranquilidade

É Mais Eficaz Avançar Passo a Passo
Sílvia Lúcia de Oliveira

“Não faz nenhuma diferença o que nós fazemos;
o que importa é como nós fazemos qualquer coisa.
E como sempre há algo sendo feito, nós sempre
temos a oportunidade de fazê-lo corretamente.”
Robert Crosbie

O tempo parece-nos na maioria das vezes curto o suficiente para justificar a agonia de fazer tudo rápido, de um jeito qualquer, dispensando caprichos e reflexões que exigiriam mais alguns minutos. Escoando no atropelo, vamos alinhavando uma vida sem debruns e acabamentos. Deixa-se de lado o que parece à primeira vista ser dispensável, utilizando um critério de escolha que prioriza rapidez e sacrifica todos os demais quesitos. E sobe a pressão arterial aos solavancos de um viver turbinado de afazeres.

Fazemos as coisas sem nelas pensar, sem que nossa mente se permita sedimentar decisões, questionar sentidos e significados. Muito do estresse cotidiano e de suas conseqüências pessoais e coletivas é fruto desse tocar a vida ao ritmo de urgências fabricadas. A agitação física e mental estabelece um turbilhão de pensamentos simultâneos que turvam a atenção e sobrecarregam nosso sistema de raciocínio. Cansamo-nos mais, atrapalhamo-nos desejando abarcar vários assuntos num só ato. E pior, prosseguimos deixando coisas caírem pelo apressado caminho de nossa existência.

Entretanto, por mais que sejam atravessados momentos ou situações agitadas, a mente tranqüila sempre será mais capaz de buscar e encontrar as melhores alternativas, abreviando esforços e frustrações. Nossas ocupações podem ser adequadamente cumpridas na cadência dos dias, sem a necessidade de nos preocuparmos com o que possa eventualmente deixar de ser feito. O tempo mostrará se o que foi deixado para trás fará ou não falta. Na maioria absoluta das vezes, as pequenas falhas cotidianas não se transformarão em perdas irreparáveis.

Podemos fazer muitas coisas se nos permitirmos dar um passo de cada vez, um após o outro, sem nos desviarmos de metas propostas e procurando sempre a melhor forma possível. Com o pensamento liberto das pressões desnecessárias, conseguimos olhar a vida saboreando suas cores, seus sabores e principalmente estabelecendo importância adequada a cada momento.

A tranqüilidade é o fruto maduro de uma atitude de viver caprichosamente germinada nos pequenos atos e nas situações banais do dia a dia. Tranqüilidade se cultiva, com zelo e cuidado persistentes; não se compra pronta e nem se engole em cápsulas. Quando se alcança tal equilíbrio, se descobre uma serenidade profunda e duradoura, jamais conquistada com a química dos remédios.

Retornando às palavras iniciais de Crosbie, o que importa na vida é o modo como fazemos as coisas, independente de serem simples ou complexas; rotineiras ou não. O fundamental é caprichar, fazer bem feito e, como a pressa sempre foi inimiga da perfeição, manter sempre a calma e a preservar a tranqüilidade.                                           
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A crônica acima foi publicada inicialmente na edição de 15 de maio de 2010  do jornal 'Agora', em Rio Grande, RS.


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