segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

A Chave da Felicidade...


A chave da felicidade

:: Elisabeth Cavalcante :: 


“Acho que sou feliz.
Eu quero tudo o que tenho,
só desejo o que posso 
E sou da minha idade.
Será isso a tal felicidade?"
Climério Ferreira - poeta e compositor piauiense.

É incrível como aqueles que vivem conectados plenamente com sua sensibilidade e atentos aos pequenos detalhes que compõem a riqueza da vida, como os artistas, acabam por contatar a sabedoria divina que habita neles, sem que façam qualquer esforço neste sentido.

Os versos acima, escritos por um poeta e compositor popular, revelam em poucas palavras os ensinamentos que os Mestres espirituais têm transmitido ao longo de muitos anos.

Expressam de modo simples e objetivo o segredo para se alcançar a felicidade, que nada mais é do que aceitar tudo o que possuímos e recebemos da vida, como um bem precioso. Ao invés de renegar o que a existência nos atribui, devíamos querer exatamente o que recebemos, desejar apenas o que está ao nosso alcance e vivenciar nossa idade cronológica de modo natural.

Numa época em que muitos correm atrás da eterna beleza física, - como se somente ela simbolizasse o sentido da palavra juventude -, e se recusam a aceitar que o tempo passa, assumir a idade que se tem de modo sereno é uma conquista ao alcance somente daqueles que já alcançaram um grau considerável de consciência, e já não se deixam arrastar pelos apelos da massificação.

De acordo com os ensinamentos do budismo, o desejo é a fonte de toda a infelicidade, pois ele nos torna eternamente insatisfeitos com aquilo que possuímos, e leva-nos a criar um novo desejo tão logo alcançamos algo pelo qual tenhamos ansiado intensamente.

Naturalmente isto acontece porque vivemos em função da mente, cuja principal característica é criar desejos, expectativas e metas a serem atingidas, e colocar a nossa chance de felicidade sempre no futuro. Enquanto corremos atrás de tudo aquilo que ainda não possuímos, o valor do que já está ao nosso alcance passa despercebido, na maior parte do tempo.

Conquistar um estado de Ser espontâneo, autêntico e natural, é viver o momento presente de maneira total, focando-se naquilo que acontece nesse exato instante, ainda que nele estejamos sofrendo alguma dor ou tristeza. Vivenciar plenamente o agora é assumir essa tristeza, mas não se apegar a ela de modo patológico, ou enxergá-la como nossa única condição de vida.

É possível descobrir na tristeza e na dor uma nova consciência, a de que a existência é uma imensa colcha de retalhos, que vamos compondo com pedaços belos e outros nem tanto. Mas todos, juntos, formam um rico painel, composto não só de cor como de sombra. Sem qualquer um deles, o resultado não seria o mesmo e certamente ficaria incompleto, e nos impediria de compreender o real significado da palavra Todo.

“Até agora, você viveu de um determinado modo - você não gostaria de viver de um modo diferente? Até agora, você pensou de um certo modo - você não gostaria de vislumbrar novas perspectivas? Então fique alerta e não dê ouvidos à mente.

A mente é o seu passado, tentando, constantemente, controlar o seu presente e o seu futuro. É o passado morto que continua a controlar o presente vivo. Simplesmente fique alerta com relação a isso.

Mas qual é o caminho? Como a mente continua a fazer isso? A mente o faz com o seguinte - ela diz: ‘Se você não me der ouvidos, não será tão eficiente quanto eu. Se fizer uma coisa habitual, poderá ser mais eficiente, porque já a fez antes. Se fizer uma coisa nova, você não poderá ser tão eficiente’. 

A mente continua a falar como um economista, um especialista em eficiência.
Continua a dizer: ‘É mais fácil fazer isso assim. Por que fazer do modo mais difícil? Siga a lei do menor esforço’.

Lembre-se: sempre que você tiver duas coisas, duas opções, escolha a nova. Escolha a mais difícil, escolha aquela que exigirá maior consciência. Em vez da eficiência, escolha sempre a consciência. Assim, você criará a situação ideal para a meditação. 

Tudo isso são apenas algumas sugestões; a meditação acontecerá - não estoudizendo que apenas por realizá-las você entrará em meditação,- mas elas serão úteis: produzirão em você a condição necessária, sem a qual a meditação não pode ocorrer.

Seja menos eficiente, porém mais criativo. Deixe que esse seja o estímulo. Não se preocupe muito com fins utilitários. Em vez disso, lembre-se constantemente de que você não está aqui na vida para se tornar uma mercadoria. Você não está aqui para se tornar algo útil; isso seria pouco digno. Você não está aqui para se tornar cada vez mais eficiente. 

Você está aqui para se tornar cada vez mais vivo; você está aqui para setornar cada vez mais inteligente; você está aqui para se tornar cada vez mais feliz, extasiantemente feliz. Mas isso é totalmente diferente dos caminhos da mente”. 

OSHO – Criatividade.

imagem: Felipe Pombo


sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Os Arquétipos Como Um Reflexo


Os Arquétipos como um Reflexo

Os arquétipos são, num certo sentido, projeções dos reflexos de todas as qualidades emocionais que vêm do âmago da experiência humana – a força e a fraqueza, o amor e o ódio, a coragem e o medo. Eles nos mostram de frente e de costas, mostram nossa luz e nossa sombra, nossa qualidades positivas e negativas, o espírito multifacetado da consciência humana – o Herói e o Vilão, o Bobo e o Sábio, o Que Dá e o Que Recebe, o Destruidor e o Agente de Cura.
Nossas experiências cotidianas no mundo refletem os arquétipos que colecionamos em nosso mundo emocional interior, reconhecer esse fato pode nos ajudar a entender nossas motivações e comportamentos mais claramente. Por exemplo, quando nos sentimos desamparados frente a situações difíceis, podemos se identificados como o arquétipo da Vítima. Mas podemos constatar também que temos outros arquétipos mais positivos, como o da Mãe, o do Guerreiro, ou o do Sábio. Quer sejamos homens ou mulheres, essas qualidades arquetípicas existem dentro de cada um de nós tanto como um ideal, quanto um potencial a ser expresso em nossa própria vida. Podemos nos incorporar essas qualidades nos amando e cuidando de nós mesmos – em outras palavras, tornando-nos nosso próprio arquétipo da Mãe, do Guerreiro ou do Sábio. Criar arquétipo saudáveis em nossa vida é fundamental para a cura e para o crescimento pessoal.
Quando ampliamos nossos arquétipos dessa forma, temos a oportunidade de entrar em contato com os centros mais elevados de consciência, e de viver de acordo com a profunda sabedoria que temos dentro de nós. Para que cresçamos interiormente, a energia de qualquer arquétipo problemático ou negativo deve ser dissipada, de modo que possamos liberar a energia vital que ele está bloqueando. Precisamos com urgência dessa energia para seguir adiante na nossa vida, fazendo-a florescer.

Fonte: As Várias Etapas da Autodescoberta.  Ambika Wauters, Ed. Cultrix

imagem: Google

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O que são Arquétipos?


O que são Arquétipos?

Os arquétipos surgiram do âmago da experiência humana. Eles representam as qualidades positivas e negativas que existem dentro de cada um de nós. Cada arquétipo representa um padrão fixo e específico do comportamento humano: são arquétipos típicos as divindades da Grécia e da Roma antigas, os deuses e as deusas da guerra, do amor, da cura, da comunicação e tantos outros.

Os arquétipos estão personificados nos personagens que aparecem nos mitos e no folclore, através dos tempos - a Linda Princesa, a Buxa Malvada, o Cavaleiro da  
Amardura Reluzente e muitos outros mais. Eles também são as projeções do glamour e da excitação que vemos atualmente no cinema e na televisão. A imagem de Marylin Monroe, por exemplo, é uma forma de beleza e de sensualidade arquetípicas, que representa o arquétipo da Sereia ou da Vamp. 

Reagimos aos arquétipos porque eles espelham aspectos do nosso próprio inconsciente. Então, quando um personagem arquetípico - seja um herói ou um vilão, uma madrastra malvada ou uma criança orfã - é retratado num filme ou numa peça de teatro, somos tocados pela profunda reação emocional que o personagem nos desperta e algo dentro de nós entra em ressonância com ele.


Os arquétipos emergem como heróis ou vilões de todas as culturas. O arquétipo do Guerreiro tem sido representado por Davi, no Velho Testamento, por Aquiles e por Ulisses, na Mitologia Grega e pelo Rei Artur, nas histórias da Távola Redonda. Ele aparece em todos os mitos e histórias que tratam da busca do Herói. A quintessência do arquétipo do macho de nossos dias é Rambo. O motivo de gostarmos tanto dessas histórias é que elas conservam o encanto do arquétipo do Guerreiro, que triunfa sobre terríveis imprevistos. Todos nós podemos nos relacionar com esses mitos, uma vez que todos eles desempenham um papel na nossa vida.

Os arquétipos são universais. O arquétipo da Mãe, por exemplo, existiu ao longo da história sob disfarces variados, e é valorizado em todas as culturas. Ele representa o princípio feminino da criação, não importa como seja chamado: Maria, Ísis, Ishtar, Quan Yin, ou Sofia. esse arquétipo é o espírito do amor, da pureza e da gentileza que vive dentro de todos nós. 

Fonte: As várias etapas da autodescoberta, Ambika Wauters, Ed. Cultrix

imagem: Professional Blogger

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Entregue-se e terá sucesso...


Entregue-se e terá sucesso.

Curve-se, e ficará de pé.

Esvazie-se, e será preenchido.

Abandone o velho, e deixe o novo entrar.

Fique com pouco, e terá espaço para receber mais.

Os Sábios se destacavam, porque se vêem como parte do Todo.

Brilham, porque não pretendem impressionar.

Empreendem grandes coisas, porque não buscam o reconhecimento.

A sabedoria deles está contida no que são, não em suas opiniões.

Como se recusam a lutar, ninguém luta com eles.

  Os antigos diziam: "Entregue-se e terá sucesso."

Será essa uma frase sem sentido?

Tente.

Se você for sincero, encontrará a realização.

Tao-Te King, de Lao-Tzu, Capítulo22 (Piatkus, 1995, apud. Ambika Wauters.)

imagem: Sai Baba, Google.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Os Modos do Pensamento, Segundo as Tradições Espirituais


Os Modos do Pensamento, Segundo as Tradições Espirituais 

Wagner Borges

 
Nós somos o que pensamos.
Muito mais do que imaginamos.
Muito mais do que supomos.
Mais ainda do que sentimos. 

Se pensarmos melhor, melhor seremos.
Isso é lei básica do pensamento.
A energia segue automaticamente o que pensamos.
Logo, melhora as energias quem pensa melhor.

Quem pensa em melhorar, melhora só de pensar.
O pensamento é o artífice do destino.
Cada pensamento é um sulco na mente,
Por onde correm as energias e os sentimentos.

Cada escolha, modos do pensamento.
Cada ato, escolha do pensamento.
Cada destino, modos de escolha.
Cada um é o que pensa! 

Quem pensa, escolhe; Quem semeia, colhe.
Quem planta cerejas, colherá cerejas.
Quem semeia vento, colherá tempestade.
Quem semeia luz, já melhora, só por semear. 

Cada ato é pensamento exteriorizado.
Cada palavra é a sonorização do pensamento.
Cada gesto é movimento do pensamento.
Cada energia manifestada, modos do pensamento. 

Pensamos, logo existimos.
Ou, melhor, existimos porque pensamos.
Ou, seria mais acertado dizer?:
"Pensamos, logo complicamos!" 

O pensamento vai e vem pelos sulcos...
Sua natureza é o movimento.
E esse é o seu tormento: a agitação.
O remédio: a meditação. 

* * *

Ao longo dos milênios, os sábios espirituais vêm falando aos povos 
sobre a necessidade da educação dos pensamentos e emoções. Cada um deles, de acordo com o contexto de sua época e cultura, falou as 
mesmas verdades. 

Alguns deles foram direto ao ensinamento, outros escolheram o caminho das parábolas, e outros mais ensinavam pelo olhar silencioso e a consciência expandida em outros planos invisíveis ao olhar comum.

Seja pelos caminhos iniciáticos do antigo Egito ou da Grécia, ou pelos caminhos iogues ou taoístas, ou ainda, pelos ensinamentos budistas ou sufis, surge sempre a ênfase na educação do pensamento. 

Seja ensinado por Jesus ou Buda, Krishna ou Mahavira, Maomé ou Ghandi, o certo é que a melhoria dos pensamentos é um dos fundamentos básicos para qualquer ser humano interessado em progredir na senda espiritual. 

Baseado nisso, vamos olhar algumas dicas sobre os modos do pensamento, extraídas de várias fontes espirituais. 

Hermetismo: PENSE NA LUZ! SEJA LUZ! O TODO ESTÁ EM TUDO! RÁ!
Cristianismo: PENSE NO BEM DE TODOS! PRATIQUE O AMOR! AMÉM!
Budismo: PENSE NA PAZ! SEJA UM CANAL DE COMPAIXÃO! OM MANI PADME HUM!
Hinduísmo: PENSE NO DIVINO QUE VOCÊ É! OM... OM... OM!
Taoísmo: PENSE NO TAO! SEJA SERENO! DANÇE COM O CHI!
Sufismo: PENSE LEVE! RODOPIE COM A LUZ! FESTEJE A VIDA!
Islamismo: PENSE FIRME NO DIVINO! ELE É LUZ SEM IGUAL! 

Lançando um olhar universalista sobre esses ensinamentos espirituais, nota-se, claramente, que se destaca o toque consciencial de pensar em valores maiores e baseados na LUZ. Talvez o modo do pensamento mais adequado aos nossos esforços seja esse: PENSAR LUMINOSAMENTE! 

É óbvio que é mais fácil falar ou escrever sobre isso, do que praticar e melhorar o clima mental, passo a passo, na prática do viver diário, sempre cheio de coisas para complicar essa boa intenção. Mas, é certo que, mesmo só pensando nisso inicialmente, já melhoramos só de pensar. Pelo menos, é melhor do que nem pensar nisso.
Ou seja, pensar nisso já é LUZ!

Fonte: IPPB

imagem: Indio

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

A Escravidão Está Na Mente


A Escravidão Está Na Mente 


  Radha Burnier  
  Presidente Intenacional da Sociedade Teosófica 

 
Uma bem conhecida sentença em um dos Upanishads, afirma que a mente, por si só, é causa, tanto da escravidão, como da libertação do homem. A maioria das pessoas acreditam que está presa pelas circunstâncias e agem como se fossem vítimas, porque não compreendem as forças e condições existentes em torno delas. O homem primitivo, que observava o relâmpago e o trovão, o desaparecimento do sol e a descida da escuridão sobre a terra e vários outros fenômenos, sentia-os como ameaças e que ele devia apaziguar os deus e, para isso, recorrer a feiticeiros, aprender encantamentos, erigir colunas totêmicas e fazer todo tipo de coisas para afastar o mal que ele acreditava pudesse sobrevir. Os mesmos fenômenos, vistos pelo homem moderno, não geram nele mais o medo, porque o conhecimento o fez compreender as leis e forças operando por detrás dos fenômenos. 

Há uma teia de forças na natureza que cria as condições nas quais as pessoas vivem. Elas incluem forças como a gravidade, a eletricidade e o magnetismo. O homem sabe como essas forças funcionam e é capaz de predizer as condições que serão criadas. Pode controlar as circunstâncias em torno dele, alterando e regulando tais leis. O conhecimento habilita-o a mudar as condições e a não considerar a si mesmo como vítima delas. Esta é a posição do homem agora em relação àquela parte do mundo fenomênica que passou a compreender. 

Vôos à Lua e comunicação através de satélites com distantes partes da terra são maneiras de conquistar o ambiente. Mas o conhecimento do homem, mesmo agora, pertence a um campo muito limitado. Os homens brilhantes que podem manipular a natureza e neutralizar as forças de gravidade, etc., são também vítimas das circunstâncias no campo psicológico. A ignorância torna-os temerosos e inseguros e tão escravizados pelas forças interiores, quanto o homem primitivo o era em relação às forças externas, físicas. No campo psicológico também, as forças criam as condições e aquele que quiser ser livre e destemido, deve compreender as leis que operam. Uma das três grandes verdades proclamadas no livro “O Idílio do Lótus Branco”, declara: “CADA HOMEM É SEU ABSOLUTO LEGISLADOR, O DISPENSDOR DE GLÓRIA OU ESCURIDÃO PARA SI MESMO, O DECRETADOR DE SUA VIDA, RECOMPENSA E PUNIÇÃO”.

Em outras palavras, cada homem cria as condições ao seu redor, o seu carma. A escravidão nada mais é senão a prisão construída pelas forças-cármicas que cada um cria. A escrividão diz-se estar no ciclo de nascimentos e mortes, a compulsão para o sofrer. São modos diferentes de afirmar a mesma coisa.

A maioria das pessoas acredita que pode escapar das conseqüências de seus atos, mentais e físicos. Existem algumas que reconhecem, pelo menos teoricamente, que não é possível escapar das conseqüências das forças que liberam, mas não crêem realmente nisso. Se acreditassem no carma, seriam extremamente cuidadosas acerca de tudo o que fazem, o que pensam e sentem, seu relacionamento com as outras pessoas e assim por diante. A fraqueza da crença é tornada evidente pela negligência na conduta. È possível escapar às conseqüências de um ato no mundo físico durante o curso de uma vida. No caso de uma pessoa que rouba, ela pode ser presa imediatamente ou sua falta pode permanecer encoberta durante muito tempo; mas não pode escapar dos resultados indefinidamente, pois “os moinhos de Deus moem lentamente”, trituram até pedaços extraordinariamente pequenos. No entanto, o que é mais sério não é a descoberta do roubo e a pessoa ser presa, mas o efeito da conseqüência imediata no campo psicológico. 

Aquele que engana outra pessoa e pensa que pode ir embora, ilude-se dolorosamente. Muitas pessoas encobrem fatos ou os deturpam ao relatá-los, pretendendo serem diferentes do que são. Não é raro se mostrar uma face diferente sob circunstâncias diferentes. Tudo isso acontecem porque no fundo da mente há um sentimento de que se pode escapar. Na verdade, porém, há um efeito imediato quando há qualquer ação. Quando há um ato de enganar, dá surgimento a um certo “momento” na psique da pessoa. Esta é a a imediata, mas invisível conseqüência. Há muitas coisas na psique que não são percebidas. Há as memórias conscientes e também as inconscientes. Se você encontra alguém a quem não vê ou na qual você não pensa há anos em sua mente consciente, pode não haver memória dessa pessoa, se ela é desta ou daquela maneira. Tudo desaparece. Posteriormente você a encontra e a reconhece. Esse reconhecimento significa que, embora a mente consciente não mantivesse nenhuma memória, a inconsciente manteve-a e essa recordação veio à superfície. O reconhecimento implica em comparar como agora ela aparece, seu comportamento, seus gestos, etc. 

Contudo, há memórias mais profundas. As pessoas têm recordações da infância que estão além da lembrança, exceto sob hipnose ou em momentos de crise. Atrás do limiar da memória consciente há toda um área, como um iceberg oculto. Se a energia é liberada na psique, o “momento” também pode submergir abaixo do nível consciente. Quando há uma oportunidade adequada, ele consegue manifestar-se. Por exemplo, quando uma ação é fraudulenta, como dissemos antes, um “momento” é criado, que pode estar oculto e dormente, abaixo do nível consciente. Num determinado instante, transforma-se num impulso para fazer o mesmo tipo de coisa. Isto torna-se um círculo vicioso, de escravidão; a ação que cria a tendência, a tendência que impele à ação, seja ela de fraude, medo ou inveja, ou uma mistura de vários tipos.

No ser humano existem inúmeras tendências “empurrando” a pessoa indiretamente, queira ou não, saiba ou não. Quando uma pessoa sofre de timidez ou medo, cada sombra a faz sentir que pode haver um inimigo oculto. Quando há orgulho, um homem imagina que há intenção de ofendê-lo, mesmo diante de uma afirmação inocente a seu respeito. Além disso, a mente inconsciente conecta o sentimento com características externas pertencentes a outra pessoa, de quem o perigo ou o insulto é pensado decorrer. Assim, as pessoas têm reações compulsivas contra negros ou brancos, judeus, etc. e contra todos os tipos de coisas. “Momento”, tendências e compulsões vêm à tona no campo da ação, não apenas do passado recente mas das profundezas até de nossa natureza animal. A maioria das pessoas age de acordo com esse profundo condicionamento.

Enquanto há compulsão de dentro, um “momento” sobre o qual não há controle, não há liberdade de modo algum. É a escravidão que a mente cria, porque está num estado de não apercebimento, já que não se dá ao trabalho de descobrir o que está acontecendo a si mesma.

Os condicionamentos da mente criam enormes problemas – de cor, nacionalismos, diferenças raciais, etc. Por causa desse condicionamento existente, ela identifica-se com a família, a comunidade, a religião, etc. Mas a mente pode libertar-se se vê que está criando círculos dentro dos quais está escravizada. Não é necessário que alguém seja vítima de qualquer circunstância. Em lugar de criar “momentos” de insinceridade ou medo através do não-apercebimento, a pessoa pode gerar outras energias, tais como paciência, afeição e calma. Estas regras surgem através do apercebimento e têm uma qualidade de estabilidade. Não são reações. 

Atrás da vigilância e do cuidado exercidos na vida diária, a pessoa pode começar a perceber o que é o estado de liberdade. Dentro da mente há possibilidades de escravidão, como de liberdade. Não se tem de rezar a algum Deus, encontrar um sacerdote, para libertar a si mesmo, mas apenas descobrir o que está profundamente no interior. O Bhagavad Gita fala do homem estável, que não é dependente, porque as circunstâncias não têm poder sobre ele. Isto é o que todos os seres humanos têm de aprender. Pela ativa vigilância, a pessoa cessa de ser vítima das condições e torna-se uma fonte de energia espiritual. 

imagem: Julia T
 

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O Tema é... Conversando sobre Crises e Mudanças Interiores


Conversando Sobre Crises e Mudanças Interiores
 
(Resposta de um Amparador à Seguinte Pergunta: "Por que alguém em crise projeta nos outros o motivo de seus dramas e, raramente, se toca de que é o causador de seus próprios problemas?")
 
Só se ofende quem quiser. Só se exalta quem quiser.
Quando alguém sabe o que está fazendo, a crítica não irrita e o elogio não amplia o ego. Se o discernimento é o comandante do raciocínio, o certo se faz certo, naturalmente.
Remoques e mágoas são manchas que muitos carregam dentro de si mesmos. O mais fácil é sempre colocar a culpa dos próprios fracassos em alguém.
Muitos mudam de lugar ou de centro espiritual, mas, sem mudanças interiores, de que adianta ir de um lugar para outro? As mágoas continuarão dentro e os mesmos erros serão cometidos mais à frente, apenas de maneiras diferentes.
Quem quiser mudar as provas cármicas a que vem sendo submetido, que, simplesmente, mude suas vibrações de irritação e observe por onde os seus pensamentos e sentimentos trafegam. Mudando-se a vibração psíquica, mudam-se as energias e as condições de cada um. 
E tal mudança vibracional acarreta novas condições, que gerarão outras causas, a que se seguirão, naturalmente, os efeitos correspondentes.
Muitos se revoltam diante das dificuldades, mas nada fazem para enfrentá-las com inteligência e compreensão. Pelo contrário, revoltam-se contra a situação e descambam para climas psíquicos danosos, que, por absoluta sintonia vibracional, atraem diversas entidades desencarnadas desequilibradas para seu perímetro espiritual. Muitas obsessões de longo curso se iniciam assim.
É fundamental elevar a consciência acima das turbulências psíquicas, para haurir dos planos elevados as inspirações benfeitoras e novos recursos invisíveis para superação das provas em curso. 
A prece sincera, a meditação profunda, a reflexão ponderada sobre as coisas, a pulsação da luz nos chacras e na aura, e uma atitude positiva e aberta para enfrentar as crises são recursos que cada um pode usar.
Em lugar da revolta, mente aberta para aprender algo com a crise. Em lugar de apontar culpados pelos dramas, paciência para lidar consigo mesmo, o verdadeiro causador de todas as coisas em seu universo interior. Em lugar de lutar contra Deus, render-se a Ele, e investir mais no brilho de seus olhos.
Afinal, alguém de olhar opaco ou injetado de revolta não conseguirá gerar nada criativo como causa e, por conseqüência direta, os efeitos serão negativos.
Cada efeito na vida é engendrado pelas causas postas em ação pela própria consciência. Melhorar as causas, para melhorar os efeitos, é o que se tem a fazer, nada mais, nada menos. O resto é conseqüência direta disto.
 
     - Os Iniciados -
    (Recebido espiritualmente por Wagner Borges - São Paulo, 10 de julho de 2004.)www.ippb.org.br

sábado, 22 de novembro de 2008

Paciência...



PACIÊNCIA

Quando se arvora teu espírito, na ebulição dos tormentos da consciência, haverás de exercitar o melhor de teus remédios: "A PACIÊNCIA”.
O que é a paciência? É a ciência de fazer a PAZ ou de estar em paz.
Se observarmos a humanidade nos últimos 100 anos, podemos notar que a aceleração dos processos do tempo passou a ser condição essencial para o "progresso do Homem”, a nossa própria velocidade de locomoção de um ponto para outro evoluiu de l0 km horário (uma carroça) aos limites cada vez maiores a ponto de aeronaves que atingem duas ou três vezes a velocidade do som, e com isto nós também ficamos contaminados com os efeitos da velocidade, e aceleramos todos os nossos sentidos.
O que teria a velocidade mecânica ou a dinâmica material com o nosso espírito? Com o nosso procedimento diário? Muito, passamos de uma mensuração do tempo de sol, dia, noite, lua, mês, ano para uma cronologia de hora, minuto, segundo, milésimos de segundo.
Buscamos numa corrida desenfreada vencer todos os obstáculos na menor fração de tempo. E ai perdeu-se a nossa essência como seres integrados a natureza.
O nosso metabolismo exige certos procedimentos, e têm uma regra disciplinar que não pode ser agredida, senão perde o equilíbrio natural, a falta de sono, a alimentação inadequada e fora de horários, a falta de exercícios a correria do dia a dia, nos levam a transgredir essas leis.
Qual é o nosso procedimento ao iniciar o dia? A semana? - São 06h30min da manhã, desperta o relógio, retirando-nos do sono mais gostoso e profundo. Reagimos, estremecemos nosso corpo todo, somos sacudidos em toda a nossa estrutura orgânica, nossa primeira reação é dar um soco no despertador. Ai então nos jogamos da cama, como se fossemos um saco de batatas, e nos esparramamos em mau humor, já criando a primeira tarefa do dia começar a juntar batatas, e aí passamos o dia inteiro juntando batatas.
É sabido que as nossas reações e os nossos estados emotivos produzem em nosso corpo determinadas reações psico-fisiológicas que interferem no sistema nervoso cérebro espinhal, endócrino, linfático, sanguíneo, ósseo muscular e outros fenômenos específicos. Quando isso ocorre estabelecemos um padrão vibratório para o dia e a partir daí, se não exercitar a paciência, vamos produzir toxinas sobrecarregando o baço, fígado, sistema respiratório, cardíaco, e juntando “lixo” em todo o lugar por onde passar: fila do ônibus, fila do banco, caixa do supermercado etc.etc.etc. Ao final do dia estamos exaustos e concluímos: “basta o meu dia hoje foi uma porcaria”. 
Nós somos os algozes da nossa perturbação, e muitas vezes pensamos que se encontra fora de nós àquilo que está nos perturbando, quando na realidade está muito mais perto , basta aquietarmos nossa mente e veremos quanto inimigos cultivamos dentro de nós. Isto são as nossas sombras, o nosso lado negativo.
Vamos pensar sobre os caminhos que trilhamos desde as primeiras horas da manhã, e todas as energias que consumimos e todas as toxinas que acumulamos desnecessariamente.
Observa a paciência com que a natureza elabora seu trabalho, desde a gotícula que leva séculos para esculpir a caverna, ou como o vento que grão a grão dá contornos a pedra.
Nenhuma árvore dá frutos, sem antes passar pela floração, tudo acontece ao seu devido tempo, até o fruto só estará apto a ser consumido após a maturação.
Elabora teus planos baseados na PACIÊNCIA, e não queiras chegar ao final sem venceres as etapas necessárias... Exercite a ciência da PAZ.

                                                                                                            Gilberto Pires

imagem: rstoever

sábado, 15 de novembro de 2008


SMARA, SMARA...

(Iniciados e Trilhas Espirituais)

Se tu és capaz de olhar o cadáver de alguém querido, com 
serenidade e compreensão, sabedor que a viagem dele e a tua continuam em planos diferentes.. .

Se tu sabes que a Mãe Natureza recicla todos os corpos e 
os transforma continuamente. ..

Se teu coração te diz que o teu amor está nas Mãos do 
Ancião dos Dias...

Se tu sentes um Grande Amor, mesmos sem poder explicá-
lo...

Se tu sabes ler no coração dos outros, o que eles mesmos 
não sabem...

Se tu sentes o Grande Espírito operando sutilmente em 
ti...

Se já caístes e levantastes tantas vezes e, mesmo assim, 
tu continuas lutando pelos objetivos que te movem o viver...

Se tu caminhas pela vida sem te iludir pelas coisas 
transitórias do mundo...

Se tu és capaz de ver a luz das estrelas num grão de 
areia...

Se tu perdoas, aos outros e a ti mesmo, e segue em frente 
sem mágoas...

Se tu enches tua aura de luz branca e abraças o mundo em 
silêncio...

Se tu sabes que o Todo está em todas as trilhas...

Se teu riso e teu choro são limpos de coração...

Se tu morres e renasces a cada dia, com os olhos 
brilhando na senda...

Se teu beijo é sincero e o teu amor é lindo...

Se tua luz não é ilusória, mas vem do teu próprio 
espírito, que estuda e trabalha e se esforça em melhorar...

Se tu não deixas o ódio tomar guarida em teu coração...

Se, a cada dia, tu vences a ti mesmo, mais um pouco...

Se tu honras os ensinamentos dos mestres, não com 
adoração cega, mas com atitudes corretas entre os homens...

Se tu agradeces o dom da vida...

Se tu valorizas o teu corpo carnal como a um vazo sagrado 
emprestado pela Mãe Terra, para tua evolução...

Se tu oras em silêncio no templo secreto do coração...

Se tu irradias luz para os sofredores de todos os 
lugares...

Se os seres de luz te respeitam porque tu és esforçado na 
senda...

Se, mesmo em meio às pressões do mundo, tu ainda ergues o 
olhar para o infinito com ânimo de viver...

Se, como curador espiritual, tu sabes que és apenas um 
canal da sabedoria universal...

Se tu sabes que o invisível o se revela no visível...

Se tu sabes que o inefável é invisível aos olhos da 
carne, mas é visível à inteligência e ao coração...

Se tu sabes que és centelha viva do infinito...

Se tu sabes que guardiões espirituais acompanham teus 
passos na senda...

Se tu laboras em tua vida em prol dos magnos ideais de 
Liberdade, Igualdade e Fraternidade. ..

Se os teus passos são justos e tuas mãos luminosas...

E se tu respiras o Sopro Vital do Eterno, com teu pequeno 
coração sentindo a pulsação do Grande Coração do Todo em tudo...

Então, tu podes ser reconhecido como iniciado nas luzes 
do espírito pelos mestres e guardiões da senda secreta e invisível.

Sim, iniciado, porque em teu coração e em teus olhos 
habita o brilho do Eterno Ancião dos Dias, que faz e desfaz universos 
inteiros com um simples acenos de suas Mãos.

Teu hierofante (1) é Ele, só Ele... O Grande Espírito, o 
Todo que está em tudo!

P.S.: Confies no eterno, em ti mesmo.

Continues firme na senda; ela é em teu coração.

Honre tua jornada; pratique o bem.

Jamais traias teus pensamentos.

Tuas escolhas geram teu destino.

Teus chacras (2) são pequenos templos espirituais.

Compreendas: tua arrogância só te humilha!

Não use máscaras; seja você mesmo, sempre.

Mesmo que ninguém entenda o porquê, seja feliz.

Smara, Smara... (3)

Paz e Luz.

(Dedicado aos sábios espirituais Vyasa e Sry Aurobindo). 

- Texto inspirado espiritualmente por Sanat Khum Maat e o 
Grupo dos Iniciados (4).

- Wagner Borges – mestre de nada e discípulo de coisa 
alguma, agradecido ao Grande Arquiteto Do Universo, por tudo (5). 

São Paulo, 12 de novembro de 2008.

- Notas:

1. Hierofante – dentro das tradições herméticas de 
outrora, era o mestre que testava os neófitos – calouros – nos 
processos iniciáticos

2. Chacras - do sânscrito - são os centros de força situados no corpo 
energético e que têm como função principal a absorção de energia - 
prana, chi - do meio ambiente para o interior do campo energético e 
do corpo físico. Além disso, servem de ponte energética entre o corpo 
espiritual e o corpo físico.

Os principais chacras são sete – que estão conectados com as sete 
glândulas que compõem o sistema endócrino: coronário, frontal, 
laríngeo, cardíaco, umbilical, sexual e básico. 

3. Smara, Smara – do sânscrito – "lembre-se, lembre-se sempre!"

4. Os Iniciados - grupo extrafísico de espíritos 
orientais que opera nos planos invisíveis do Ocidente, passando as 
informações espirituais oriundas da sabedoria antiga, adaptadas aos 
tempos modernos e direcionadas aos estudantes espirituais do 
presente. 

Composto por amparadores hindus, chineses, egípcios, tibetanos, 
japoneses e alguns gregos, eles têm o compromisso de ventilar os 
antigos valores espirituais do Oriente nos modernos caminhos do 
Ocidente, fazendo disso uma síntese universalista. Estão ligados aos 
espíritos da Fraternidade da Cruz e do Triângulo. Segundo eles, 
são "iniciados" em fazer o bem, sem olhar a quem.



imagem: blogspot.com

domingo, 9 de novembro de 2008

Tudo o que Vive é teu Próximo


Longe de ser apenas uma alternativa alimentar, o vegetarianismo faz parte das alterações urgentes que se impõem aos cidadãos da Nova Era.
"A base do meu vegetarianismo não é física, mas ética", afirmava Gandhi, um dos autores dos quatro textos que compõem esta obra. A sua filosofia da não-violência nos confronta com a incoerência que constitui pregarmos a paz enquanto destruímos vidas, desnecessariamente.
C. W. Leadbeater, um dos pilares da Teosofia, descreve os efeitos energéticos desapercebidos que sobrecarregam as cidades modernas de energias de violência e depressão, com repercussões terríveis sobre os seres humanos, sobretudo crianças, e analisa as conseqüências, do ponto de vista oculto, da alimentação que, por desconhecimento, a humanidade ainda prefere conservar.
Um texto clássico de Ramatís, o conhecido mestre oriental, desvenda o verdadeiro mecanismo produtor das guerras e o substrato que se oculta por trás do domínio das Sombras sobre a humanidade, e que é de interesse de seus líderes conservar oculto para a consciência dos encarnados.
M. de Castro analisa as causas, nunca mencionadas, da fome do planeta e noticia as pesquisas mais atuais sobre as patologias do câncer, as associadas à terceira idade, a reposição hormonal e os distúrbios climatéricos. A posição dos espiritualistas e espíritas diante da alimentação e em face das Leis Maiores é examinada, incluindo a insofismável diretriz kardequiana que poucos têm a coragem de admitir.
O conteúdo desta obra pode ser a sua via de acesso à mudança que o tornará um dos agentes da paz na Terra e um dos "mansos e pacíficos" que a terão por herança nos milênios futuros. 

 Mariléia de Castro, Gandhi e C. W. Leadbeater e Ramatís - Ed. do Conhecimento

sábado, 8 de novembro de 2008

O Eu Amoroso


   

   O Eu Amoroso

A capacidade de amar começa com a capacidade de amar a si mesmo. Sem o amor por si mesmo é impossível amar de fato outro ser humano. A pessoa cheia de vergonha, de medo e de culpa e com pouca auto-estima sempre estará em conflito consigo mesma e , portanto, com o mundo. Essa questão tão essencial do amor por si mesmo tem de ser tratada.

A humanidade tende a tentar contornar certas áreas difíceis mediante a repressão insalubre dos sentimentos, que na verdade precisam ser curados. Isso é bem verdadeiro no tocante ao amor. Como o ego negativo tenta enganar você para fazê-lo ter a falsa impressão de que está agindo a partir de um sentimento de amor ou o mantém numa roda viva de defensividade contra qualquer vínculo real do coração, dentro de si mesmo e com relação ao mundo, é  vital que você reúna coragem para ver o nível preciso de amor que você tem por si mesmo.

Se você descobrir que se oculta por trás de uma fortalesa de repressão e é uma vítima de pouca auto-estima, este é o momento de encarar esse fato e de ser profundamente honesto consigo mesmo.

Uma das principais áreas que nos moldaram para o amor condicional foram as interações com nossos pais, que são para o eu infante o próprio mundo. Os pais em geral nos  exibem um amor que é quase todo condicional: se nos comportarmos adequadamente, somos recompensados; se, no entanto, agimos de uma maneira de que eles não gostam, o amor é aparentemente retirado. Isso costuma ocorrer sem má intenção; trata-se simplesmente dos pais pondo em prática aquilo que aprenderam com ensinamentos recebidos do mundo.

Todo pai, todo professor, toda instituição e todo governo tem de tomar consciência de como esse tipo de comportamento é prejudicial. Permanece no entanto o fato de que, para produzir uma mudança, temos de começar por nós mesmos, e, aqui isso significa extirpar da mente subconsciente os sistemas de crença deficientes, a pouca auto-estima e as ações e reações do ego negativo. Temos que aprender a amar a nós mesmos no exato lugar em que agora estamos, com todos os nossos aparentes defeitos, incapacidades e temores. Isso pode requerer algum trabalho, praticamente se você tiver uma opinião muito ruim acerca de si mesmo, mas estou aqui para lembrá-lo de que você é um filho divino de Deus. O amor é um direito inalienável do ser humano. O amor é quem e o que você é na essência. Assim comecemos a trabalhar com alguns instrumentos básicos para alterar a crença equivocada de que você possa ter com relação ao seu valor pessoal e ao amor por si mesmo, substituindo-a agora mesmo pelo reconhecimento de que você merece todo o amor do cosmos simplesmente porque existe.

O caminho da ascensão, Joshua David Stone. Ed. Pensamento.

  imagem: Dinieper

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O maior responsável pela sua dor é você

O maior responsável pela sua dor é você

Rosemeire Zago

 Dor da indiferença, do desprezo, do abandono, da perda. Com certeza são dores que fazem sangrar mais que qualquer ferida. Faz nos sentir sem valor, diminuídos, sem energia ou forças sequer para respirar, e o pior, faz nos sentir seres indignos de receber amor. Coloca ainda em risco nossa saúde mental, levando-nos muitas vezes a acreditar que nunca a tivemos. Ficamos sem rumo, sem o chão para nos apoiar, porque quase sempre não temos com quem contar, um ombro para chorar. Auto-estima e amor-próprio não fazem mais parte de nossos sentimentos. Perde-se o controle das palavras, das ações e até de si mesmo. 

O desejo racional nestes momentos raramente coincide com o desejo emocional. A razão pede para ir embora e a emoção pede para ficar, com o desejo enorme de encontrar alguém que venha nos salvar. Espera-se que alguém tire essa dor que dilacera tudo por dentro. Pura ilusão, pois a única pessoa que pode fazer algo por você, melhor que qualquer outra pessoa, é você mesmo, mesmo que se sinta incapaz para isso. A melhor forma de nos frustramos é esperarmos que alguém mude ou faça o que esperamos. 

Quando somos levados apenas pelas emoções, parece que perdemos o controle e não conseguimos discernir mais o certo e o errado. As emoções não obedecem à razão. O que fazer então, quando o conflito é gerado por tantos sentimentos?

É preciso neste momento tentar descobrir a causa da dor. Se continuar chorando, gritando, controlando, cada vez mais ficará com a dor que tanto machuca. Deve-se também buscar a certeza de qualquer atitude que vá tomar, para que não transforme o conflito em mais sofrimento ou arrependimento, muitas vezes impossível de ser transformado. Por mais que possamos responsabilizar alguém por nossas dores, somos nós mesmos que a causamos ao permitirmos que tal situação permaneça. Podemos culpar pais, irmãos, namorados, chefes, etc, mas isto nada adianta. 

A dificuldade está dentro de cada um de nós por não conseguirmos mudar os fatos, que por vezes podem ser difíceis de serem aceitos. É a interpretação que damos aos acontecimentos e situações que nos leva ao sofrimento. É quando esperamos algo que nunca vai chegar. Vale lembrar da Oração da Serenidade adotada pelos Alcoólicos anônimos no mundo inteiro:

"Que Deus me dê serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar,
coragem para mudar as que posso e
sabedoria para distinguir umas das outras". 

Já chorou tudo o que tinha para chorar, agora é hora de sair da posição de vítima, que não nos permite sair do lugar e tornar-se responsável pela própria vida. Chega de lamentações. Muitos machucam aos outros e a si mesmo para conseguir o que esperam, fazendo de tudo para resgatar o que um dia acreditou. É claro que muitas vezes alguém pode realmente tê-lo machucado, porém isto não deve servir de pretexto para manter o que tanto machuca. 

Ninguém está livre de problemas e nem das contrariedades da vida, mas manter tudo isto ou não só depende de cada um de nós. Se uma situação é intolerável, se você se sente desprezado, rejeitado, por que manter tal situação?... Não é preciso perder sua saúde mental para só depois tentar fazer algo. O momento de reagir é agora, enquanto há o mínimo de forças. É preciso compreender que as soluções estão dentro de nós e não em outra pessoa ou situação externa. É importante às vezes sairmos fora de nós mesmos e observarmos a situação como se estivéssemos assistindo a um filme, para então podermos colocar luz onde é só escuridão.

É sua responsabilidade fazer algo para melhorar. Não espere que o outro te dê amor, carinho, atenção, colo, te faça se sentir importante, você é quem deve se dar tudo isso. Devemos aprender a aceitar o que não pode ser mudado, aprender que não podemos colocar sentimentos dentro de alguém e muito menos, colocar nossa capacidade de amar nas mãos de alguém. Não é porque o outro não valoriza o que você é e faz, que tudo isso não tem importância. Tem sim e muita, o outro é que não tem sensibilidade para perceber seu real valor. Então para que continuar uma situação que machuca e te enfraquece tanto?

Tudo o que temos é o dia de hoje e dependerá de você vivê-lo da forma mais harmoniosa possível. Sua força vem de você e da construção de relacionamentos saudáveis com as outras pessoas e com você. As feridas podem e devem se cicatrizar, mas não permita que essa dor que dilacera e destrói tudo por dentro permaneça te fazendo desistir de você e de viver. Lembre-se: amor, atenção, carinho, amizade, não se pede. Apenas se recebe.



quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O tema é... Felicidade


 A felicidade 

 
Swami Sunirmalananda* 

 O que é a felicidade? Felicidade é uma sensação agradável da mente. Por exemplo: eu como um doce e isto me traz à mente uma sensação agradável. Ouço uma linda música, ela gera a mesma sensação, e, a isso, chamo felicidade. Mas se eu comer novamente o mesmo doce e ouvir a mesma música quando uma tragédia acontece, já não desfrutarei deles, não mais me trarão alegria. Assim, a felicidade é algo pessoal, depende inteiramente de cada um. Ou seja, é subjetiva. 

A mesma pessoa, lugar ou objeto que trouxeram felicidade em uma ocasião podem trazer sofrimento em outra. Por que isto acontece? Porque nós - e não as coisas do mundo externo - somos os responsáveis por nossa felicidade. Pessoas, lugares e objetos são apenas estímulos que afetam o cérebro, nos trazem sentimentos bons ou ruins e dependem do nosso estado de espírito. 

Onde encontramos a felicidade verdadeira? Ela é intrínseca a cada um de nós. Onde está localizada? Não está propriamente localizada: nós mesmos somos a felicidade. Sim, somos feitos da natureza da felicidade. Nossa natureza é felicidade imortal. O problema é que nos esquecemos desta simples verdade. 

Então, o que é esta experiência a que chamamos felicidade? É apenas um tênue reflexo, uma pequena fagulha do brilhante sol da felicidade que está oculto dentro de nós. É apenas uma sombra dessa felicidade eterna que aguarda para ser exposta. O que agora chamamos felicidade e sofrimento nada mais é do que diferentes estados de espírito. 

Assim, o mundo, com todo o seu brilho e esplendor, é só um salão de exposições estimulando sensações em nossas mentes. 

A verdadeira felicidade, chamada ananda, em sânscrito, é a meta de todos os seres. Todos têm esta meta, alguns de forma consciente, com conhecimento, outros não. 

De acordo com os Vedas, há um aumento gradual de felicidade à medida que evoluímos na vida: felicidade mundana, felicidade mental e felicidade espiritual. A maior delas, a felicidade espiritual, ocorre quando queremos conhecer Deus, ou quando queremos saber quem somos. 

Disse certa vez o sábio Swami Vivekananda: ''Nesta vida breve, se nós pudermos trazer, mesmo que seja apenas um momento de felicidade, para alegrar o coração de alguém, isto será religião de verdade. Todo o resto é disparate''. 

Portanto, você der alegria aos outros, você terá alegria. Porque nós e os outros não somos diferentes. Nós todos somos um. Para dar alegria aos outros, precisamos servi-los. Este é um dos melhores modos de viver na felicidade. 

Para concluir, uma mensagem de Sri Sarada Devi, a Santa Mãe : ''Quem tem mente pura vê tudo puro. Se desejas paz mental, não busques faltas nos outros. Ao contrário, procure ver tuas próprias faltas''. 

* Swami Sunirmalananda é monge budista da Ordem Ramakrishna 
Fonte: JB Online


segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A Consciência do Átomo


A Consciência do Átomo

Alice Bailey

A ciência é capaz de desvendar-nos partes da realidade, nichos ou fatias do universo material. Somente a visão abrangente e profunda da Sabedoria Milenar traz o conhecimento da estrutura global do Universo, e, mais que isso, de seu propósito.

Alice Bailey, fundamentada na ciência secreta imemorial – ensinada em todas as escolas iniciáticas do planeta –, mas tomando como matéria-prima as noções modernas da física atômica, empreende nesta obra a inigualável tarefa de desvendar-nos essa estrutura e funcionamento ocultos do Universo.
Do átomo ao arcanjo – que começou sendo átomo –, há no organismo cósmico uma interação, uma interdependência, uma unidade magnífica e funcional. Os caminhos esplendorosos da evolução da consciência seguem um esquema em que cada núcleo de consciência, seja um átomo ou um sol, passando pelo ser humano enquanto cresce na direção do maior que o abrange, lhe serve de célula ou componente.

As descobertas, sobretudo da física quântica recente, nada mais fizeram que corroborar essa anatomia e fisiologia do Cosmo, de que Alice Bailey conseguiu esboçar uma síntese precisa. Contudo, esta não é uma obra destinada aos cientistas ou familiarizados com os domínios da física, mas sim ao leitor comum, que poderá desvendar os segredos da constituição íntima do organismo universal, de que, como átomos humanos, somos constituintes.

Fonte: Editora Conhecimento.


domingo, 2 de novembro de 2008

Apometria

 O Que é Apometria

O termo apometria é composto das palavras gregas "apo", que significa "além de" e "metron", "medida". Designa o desdobramento espirital ou bilocação, bastante estudado por diversos autores clássicos, dentre eles Bozzano. O desdobramento se resume em essência na separação do corpo astral (ou mental) do corpo físico.

O desdobramento é relativamente fácil, sendo normal que ocorra uma ou outra vez, e de modo espontâneo (sem violação consciente),  no decurso de uma existência.De hábito, acontece durante o sono, ou no sono hipnótico (induzido por passes magnéticos ou por sugestão)  ou no êxtase místico; também pode ocorrer nos grandes choques emocionais, choques circulatórios, desmaios, coma, convalescenças de enfermidades graves, traumas físicos; pode ser conseqüência do uso de narcóticos e também no transe mediúnico; mais raramente, acontece no estado de vigília, de momento espontâneo, em sensitivos muito vibráteis. 

 Origens da Apometria.

A Apometria é processo de desdobramento do corpo astral ou mental, desconhecido, ao que parece, dos autores clássicos.Tampouco há notícia dele em publicações de cientistas ou estudiosos do psiquismo.Trata-se de técnica anímica, sem relação com o mediunismo.

No Hospital Espírita de Porto Alegre apareceu, em 1965, um cidadão que dizia possuir uma técnica de tratamento médico completamente diferente da medicina oficial: utilizava os serviços de médicos desencarnados, que indicavam a terapêutica para os males dos enfermos. O cidadão se chamava LUIZ RODRIGUES, era natural de Porto Rico mas estava radicado, há muitos anos, no Rio de Janeiro. A uma primeira vista, sua técnica em nada parecia diferir dos processor mediúnicos do Espiritismo kardequiano, não obstante insistisse em afirmar que não professava a Doutrina. Mas diferia, sim. E muito: ao invés de médicos desencarnados virem até o paciente, era o paciente que, desdobrado, ia até os médicos do astral, para o diagnóstico e terapêutica.

O Sr. RODRIGUES chamava sua técnica de hipnometria, nome que nos parece impróprio; ele não se valia de qualquer espécie de sono, nem buscava induzi-lo. Fazia, simplesmente, uma contagem pausada, regressiva, que começava pelo número correspondedente à idade do paciente. Finda a contagem, este se encontrava fora do corpo.

Constatamos: a técnica funcionava. Mas a causa do êxito nem o Sr. RODRIGUES sabia.

Assistimos a duas sessões hipnométricas e suspeitamos, já na primeira, de que a técnica deveria consistir no emprego de campos-de-força magnéticos, já que, para haver desdobramento, é necessário alguma forma de energia. Na realidade, a contagem de veria projetar uma sucessão de pulsos energéticos sobre o corpo astral ou mental do paciente, desdobrando-o.

Foi o que pudemos comprovar, logo de imediato, em uma série de experimentos.Isso nos levou a abandonar a designação "hipinometria", substituindo-a por apometria - que nos pareceu mais exata, por não ter conotações com o conceito de sono.

A técnica de desdobramento apométrico se revelou aplicável em qualquer criatura, não importando a idade, saúde, estado mental nem resistência que puder oferecer, uma vez que a energia atuante vem de fora, não dependendo da pessoa. Fácil de aplicar, a apometria tem inquestionável eficiência e não é mediunismo.

Técnicas hipnóticas de desdobramento (ou as que utilizam passes magnéticos)  são sempre limitadas, pois só se aplicam em determinados tipos de pacientes. Já a apometria apresenta resultados sempre positivos em todos, mesmo em oligofrênicos com racionalidade quase nula, inatingível pelo hipnotismo.

José Lacerda de Azevedo- Livro: Espirito e Máteria = Novos Horizontes para a Medicina - 4ª Edição págínas 81 e 82.

Imagem:  revista cristã de espiritismo

Elucidações do Além


Elucidações do Além 

"No Universo não existem fantasias nem milagres, mas tudo obedece a um processo de Ciência Cósmica com leis invariáveis. É óbvio, pois, que a operação de "pensar", "desejar" ou "sentir" do espírito exige sistemas, órgãos e mecanismos adequados na contextura do perispírito." Ramatís

              
Nesta obra, Ramatís simplifica temas transcedentais relativos à constituição oculta do homem. 
Os corpos astral e mental (perispírito), o duplo-etérico e suas funções, a descrição e funcionamento dos chacras etéricos e astrais, assim como noções sobre o prana, são tratados de forma didática, na característica forma de perguntas e respostas que o luminoso Mestre da Grécia antiga aprecia utilizar para transmitir o conhecimento. 
Faculdades psíquicas outrora comuns ao currículo das escolas iniciáticas – algumas hoje catalogadas como "faculdades mediúnicas" – são analisadas de forma clara e acessível ao estudante: a Radiestesia, a Psicometria, os fenômenos de efeitos físicos e de "voz direta", bem como o mecanismo astroetérico que produz os chamados "lugares assombrados". 
Em capítulo especial, Mestre Ramatís desvenda o processo reeducativo que se verifica, em casos de retardo mental severo, no psiquismo enfermo dos espíritos fazedores de guerra do passado. Outro capítulo peculiar descreve a missão social e espiritual do Brasil na liderança da Nova Era, analisando os componentes do psiquismo do povo brasileiro que o credenciam para essa condição. 
Há 35 anos esgotando sucessivas edições, esta obra já se impôs à preferência dos estudantes espiritualistas do Brasil.

Editora Conhecimento

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A Complicada Arte de Ver


 

A Complicada Arte de Ver

Rubem Alves 


Ela entrou, deitou-se no divã e disse: "Acho que estou ficando louca". Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. "Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões - é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto." 

Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementales", de Pablo Neruda. Procurei a "Ode à Cebola" e lhe disse: "Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: 'Rosa de água com escamas de cristal'. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver". 

Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física. 

William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê". Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo. 
Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra". Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema. 

Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem. "Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios", escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada "satori", a abertura do "terceiro olho". Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: "Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram". 

Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, "seus olhos se abriram". Vinícius de Moraes adota o mesmo mote em "Operário em Construção": "De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa - garrafa, prato, facão - era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção". 

A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas - e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não gozam... Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo. 
Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras. Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: "A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas". 

Por isso - porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver - eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar "olhos vagabundos"...

Fonte: Folha de São Paulo

imagem: http://www.flickr.com/photos/rodrigo_siqueira/ 



quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O Tema é... Evolução dos Paradigmas


Evolução dos Paradigmas



O QUE É PARADIGMA 

O paradigma é uma base, um ponto de referência científico, social e vulgar, um modelo aceito, seja constatado ou não, mas sempre uma tradição em qualquer área. Podemos subdividir em diversas áreas, mas a principal é a científica, pois são constatações teóricas-práticas inegáveis, pois são fatos experimentados. 

PARADIGMA CARTESIANO 

Nosso paradigma atual é o cartesiano ou newtoniano ou tridimensional, um paradigma já ultrapassado e insuficiente para explicar os fenômenos quânticos, conscienciais, espirituais e parapsíquicos. É o que a medicina, a psicologia e outras ciências usam para trabalhar e criar e por isto a medicina e a psicologia não encontraram respostas a muitas perguntas, veja bem, eu não disse soluções, mas respostas a indagações mais profundas sobre a consciência, a alma do ser humano que ela continua tratando de forma incompetente como robô. 

Só reconhece o que pode ser comprovado e repetido por experiência laboratorial, não reconhece o espiritual do ser humano, não aceita a questão das muitas vidas, das muitas dimensões, dos muitos corpos e o processo evolutivo infinito do ser humano. É voltado para o aqui e o agora, é meramente tridimensional. Renega o que tem medo e o que não estudou ou e difícil de estudar. É institucional. É o paradigma das religiões e da ciência convencionais e ortodoxas. 

PARADIGMA QUÂNTICO 

Baseia-se na função de onda quântica. O futuro é uma questão de probabilidade o pensamento, sentimento e energias atuam nas probabilidades (efeito plasma). Ainda limitado, começa a reconhecer as multidimensões e aceita abertamente a paranormalidade como um processo natural do Universo A física quântica, embora ainda dentro do paradigma cartesiano começa a especular sobre os fenômenos parapsíquicos, mas pode nos ajudar a entender algumas coisas. Nasceu à partir das idéias de Einstein que descobriu a Teoria da Relatividade e criou uma revolução na ciência. 

PARADIGMA CONSCIENCIAL 

Reconhece por um processo de autolucidez e experiência pessoal à condição espiritual do ser, ou seja, a sua pluri-existencialidade (muitas vidas), a sua multi-dimensionalidade (muitas dimensões), a sua multicoporeidade (muitos corpos ou holossoma), e o seu processo evolutivo ad-infinitum. Que o ser humano (entre outros seres) é muito mais que um corpo físico, é uma consciência, o só agora começa a despertar para isto. É supra instituição, é um sub-paradigma consciencial. 

Sabe que o futuro é uma onda bioenergética de probabilidades (karma negativo ponderado com o livre arbítrio), e que o pensene (pensamento + sentimento + energias) de qualidade é mais poderoso que o de má qualidade, embora não conheça totalmente aceita a cosmoética como lei cósmica natural e compreende que o processo tridimensional (prisão no espaço-tempo) é transitório e etapa evolutiva a ser conquistada através do aprendizado do amor fraterno e assistencial através das reencarnações. 

Dos três paradigmas é o mais evoluído e reconhece que o conhecimento é relativo ao ponto de vista do observador, melhor, do nível de consciência do mesmo, assim cada um de nós acredita que porta o melhor conhecimento, que possui e melhor conduta e que domina a verdade de forma absoluta até começar a enxergar o ego de forma mais ampla, universalista e inteligente, melhorando o processo de autocrítica e autolucidez. 

Este paradigma já existe há muitos séculos, vide os livros mais ricos e profundos da humanidade e multimilenares Vedas da Índia. No ocidente ele foi trazido pela Teosofia e desenvolvido e sustentado até hoje pelo espiritismo. A partir destas correntes, surgiu a Conscienciologia que apresenta o Paradigma Consciencial como se fosse original dela. Mero engano, esta neoreligião ou neociência, como queira, apenas deseja roubar para si o mérito de outras consciências muito antigas e mais evoluídas que nós agora e sempre.

                                                                                                                            Dalton e Andréa - www.consciencial.org

Imagem:  http://www.flickr.com/photos/biancaduarte/