terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O movimento depende daquilo que não se move.


O movimento depende daquilo que não se move.

(...) Arjuna parece estar preocupado que todas essas pessoas diante dele sejam mortas na Guerra, que deixem de existir. Krishna diz a ele que aquilo que existe sempre existirá, e aquilo que não existe nunca existe.

É bom que entendamos isso.

A religião sempre disse isso, mas a ciência também começou a falar nos mesmos termos. E é melhor começarmos com a ciência, porque a religião fala dos topos que a maioria das pessoas ainda não atingiu; a ciência fala sobre a base, sobre o chão, onde todas as coisas ficam.

Uma das descobertas mais profundas da ciência é de que a existência não pode ser posta na não-existência. Aquilo que existe não pode ser aniquilado. E aquilo que não existe também não pode ser criado.

Toda essa informação científica e know-how, todos os laboratórios do mundo e todos os cientistas do mundo juntos não podem aniquilar nem mesmo um grão de areia. Tudo o que podem fazer é transformá-lo, dar-lhe novas formas.

O que chamamos de criação do universo, o big bang, também não passa de uma manifestação de uma nova forma - não a criação de uma nova existência, apenas uma nova forma. E o que chamamos de "big crunch" não é a aniquilação da existência, apenas da forma, do formato. As formas mudam constantemente, mas o que está escondido dentro da forma é imutável.

É como a roda de uma carriola, que se move e gira, mas o ponto em seu centro se mantém estático. A roda gira ao redor de si. Aqueles que só olharem para a roda dirão que tudo é uma mudança, um fluxo. Aqueles que também olharem para o ponto central dirão que no centro de todo movimento existe algo que não se move, que permanece estático.

E o mais interessante é que se separarmos a roda do eixo, ela não é capaz de se mover! O movimento da roda depende daquilo que não se move. As formas mudam, mas a mudança depende daquilo que não tem forma, que não é mudado.

Quando Arjuna diz que todas essas pessoas morrerão, ele está falando sobre a forma. Ele está dizendo que todas essas pessoas serão aniquiladas; ele não sabe nada além da forma.

E Krishna está dizendo que não é que as pessoas que você vê hoje não existiam antes - elas existiam antes também: eu estava aqui antes e você estava aqui antes. E também não é que os que estão aqui hoje não estarão mais amanhã.

Não, nós estaremos aqui no futuro também - sempre, para sempre. A existência é do não-começo ao não-fim. (...)

Osho, em "Guerra e Paz Interior: Ensinamentos do Bhagavad Gita"

Publicado no blog palavras de Osho


imagem: Google

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