C.W.Leadbeater
O pensamento revela-se como uma
vibração no corpo mental que se comunica com a matéria externa e produz um
efeito. Portanto, o pensamento em si é uma força real e definida, e o
interessante é que todos nós possuímos esse poder. Cada pensamento produz dois
efeitos externos principais: uma vibração irradiante e uma forma flutuante.
Analisemos como ambas afetam o pensador e as outras pessoas.
Em primeiro lugar, vamos lembrar da
força do hábito. Se acostumarmos nossos corpos mentais com certo tipos de
vibrações, eles aprenderão a reproduzi-las com facilidade e prontidão. Se
pensarmos um certo tipo de pensamento hoje, amanhã será mais fácil repetir o mesmo
pensamento. Se alguém começa a pensar mal dos outros, logo se torna fácil
pensar pior, e torna-se mais difícil pensar no bem deles. Cria-se assim um
ridículo preconceito que cega totalmente a pessoa, impedindo-a de ver os pontos
bons de seus semelhantes, e aumentando enormemente o mal nos outros.
Em seguida seus pensamentos começam a
incitar as emoções, e como só vê o mal nos outros começa a odiá-los. As
vibrações da matéria mental excitam as da matéria astral densa assim como o
vento perturba a superfície do mar. Todos sabemos que ao pensar em nossos erros
facilmente nos irritamos e freqüentemente ignoramos a conclusão inevitável de
que, pensando racionalmente e com calma, prevenimos ou dissolvemos a raiva.
A forma de pensamento gerada também
reage sobre o pensador. Se o pensamento destina-se a alguém, a forma dispara
como um míssil na sua direção, mas se o pensamento, como acontece com tanta
freqüência, diz respeito principalmente ao próprio pensador, esta permanece
flutuando nas proximidades, pronta a reagir sobre ele e duplicar-se, isto é,
pronta a estimular na sua mente o mesmo pensamento mais uma vez. Para o
pensador parecerá que o pensamento surgiu em sua mente vindo de fora, mas a
experiência é, na verdade, apenas o resultado mecânico de seus próprios
pensamentos prévios.
Observemos agora como esse fragmento de
conhecimento pode ser usado. Obviamente todo pensamento ou emoção produz um
efeito de longa duração, pois fortalece ou enriquece uma tendência e, além
disso, reage constantemente sobre o pensador. Portanto, fica claro que temos de
ter todo cuidado com os pensamentos ou emoções que permitimos surgir dentro de
nós mesmos. Não podemos nos desculpar como tantos fazem, dizendo que
sentimentos indesejáveis são naturais em certas condições. Temos de usar o
direito de controlar nossa mente e nossas emoções. Se podemos habituar-nos a
procurar as qualidades desejáveis nas pessoas que conhecemos, e não as
indesejáveis, nós nos surpreenderemos ao descobrir como as boas qualidades são
numerosas e importantes. Assim começaremos a gostar delas e a não evitá-las, e
teremos, pelo menos, a possibilidade de fazer avaliações mais justas das
pessoas.
Podemos dedicar-nos ao exercício útil
de admitir apenas pensamentos bons e agradáveis e, se persistirmos, logo começaremos
a perceber resultados. Nossas mentes trabalharão mais facilmente pêlos canais
da admiração e da simpatia ao invés da suspeita e do menosprezo, e, quando
nossos cérebros estiverem desocupados, os pensamentos que se apresentarem serão
bons e não maus, em uma reação natural das formas graciosas que criamos para
nos circundar. "O homem é aquilo que pensa em seu coração", e
obviamente o uso correto e sistemático do poder do pensamento torna a vida
muito mais fácil e agradável .
Reparemos agora como nossos pensamentos
afetam os outros. A ondulação irradiante, como muitas outras vibrações na
Natureza, tende a se duplicar. Por que um determinado objeto se aquece diante
do fogo? Porque a radiação das vibrações vindas da matéria incandescente leva
as moléculas do objeto a oscilarem mais rapidamente. Da mesma maneira, se
enviarmos com persistência ondulações de pensamentos agradáveis sobre outrem,
com o tempo uma vibração similar aos pensamentos de simpatia surgirá naquela
pessoa. Formas de pensamentos dirigidas para ela flutuarão à sua volta e agirão
quando surgir uma oportunidade. Assim como um mau pensamento pode ser um
demônio tentador tanto para o pensador quanto para outrem, assim também um bom
pensamento pode tornar-se um anjo guardião que encoraja a virtude e evita o
vício. Infelizmente é comum nos dias de hoje aquela atitude de estar sempre
procurando falhas nos outros, e as pessoas que agem assim não compreendem o mal
que causam. Se observamos suas conseqüências, veremos que o hábito da
bisbilhotice maliciosa é simples perversidade. Não importa se o escândalo tem
fundamento ou não; em qualquer dos casos ele só pode gerar o mal. Nesta
situação encontramos pessoas concentradas em algum suposto vício de alguém,
atraindo a atenção de muitas outras que, de outra forma, não se teriam dado
conta desse defeito.
Suponhamos que acusem sua vítima de ser
invejosa. De imediato centenas de pessoas começam a despejar no infeliz
sofredor torrentes de pensamentos sugerindo a idéia da inveja. Não é claro que,
se o pobre homem tiver tendência a esse desagradável vício, esta seria
grandemente intensificada pela avalanche que o atinge? E se, como normalmente
acontece, não houver qualquer razão para esse malicioso rumor, aqueles que o
espalhem estão fazendo de tudo para criar em sua vitima o próprio vício de cuja
existência imaginária eles tão selvagemente se regozijam.
Devemos pensar sempre nas coisas boas
de nossos amigos, não só porque isso é muito mais saudável para nós, mas também
porque assim elas se fortalecem. Quando formos obrigados a reconhecer alguma
qualidade má de um amigo, devemos ter o cuidado de não pensar nela, mas, sim,
na virtude oposta que queremos ajudá-lo a desenvolver. Caso ele seja avarento
ou pouco afetivo não devemos fazer comentários ou fixar nosso pensamento nesse
defeito, porque, se o fizermos, as vibrações por nós criadas tornarão as coisas
piores. Em vez disso, pensemos intensamente na qualidade que ele precisa
desenvolver, inundando-o com ondulações de generosidade e amor, pois assim
estaremos realmente ajudando nosso irmão.
Se o poder de pensamento for usado com
essas orientações, nós nos tornaremos verdadeiros centros de bênção em qualquer
lugar onde nos encontremos. Mas lembremos que essa força é limitada; por isso,
se quisermos ter o bastante dela para ser úteis, não a desperdicemos.
O homem comum não passa de ser um
centro de vibrações agitadas. Encontra-se constantemente preocupado,
incomodado, estressado com alguma coisa, em depressão profunda ou, então,
excitado sem razão, ao esforçar-se para mudar alguma circunstância ou tratar de
conseguir algo. Por uma razão ou outra, está sempre desnecessariamente agitado,
muitas vezes por causa de coisas insignificantes. Isso quer dizer que está o
tempo todo gastando força, dissipando inutilmente algo pelo qual é diretamente
responsável e que poderia torná-lo mais feliz e saudável.
Outra situação que o leva a dissipar
muita energia são as discussões desnecessárias. Está sempre tentando fazer
alguém concordar com suas opiniões pessoais. Esquece-se de que toda questão tem
sempre muitos lados ou aspectos, quer se trate de política, religião ou algum
outro interesse de curto prazo, e que os outros também têm direito ao seus
próprios pontos de vista, o qual de qualquer modo nada importa, pois os fatos permanecem
os mesmos independente do que cada um pense. A maior parte dos assuntos não
vale a pena discutir, e, normalmente, aqueles que falam mais alto e com mais
confiança são precisamente os que menos sabem.
Quem deseja usar o poder do pensamento
de maneira útil, seja para si mesmo ou para os outros, deve economizar suas
energias, ser calmo, comedido e refletir cuidadosamente antes de falar ou agir.
Que não fiquem dúvidas de que essa força do silêncio é muito poderosa. Qualquer
um que se entregue ao trabalho pode aprender a usá-la, e, com seu uso, cada um
de nós pode progredir bastante fazendo um grande bem para o mundo à nossa
volta.
Deve compreender-se bem esse poder do
pensamento e o dever de reprimir pensamentos maus, egoístas ou agressivos. Os
pensamentos produzem seus efeitos, quer desejemos ou não. Um homem sábio produz
intencionalmente os resultados da sua ação mental. Cada vez que controlamos
nossos pensamentos, a próxima vez o controle fica mais fácil. Enviar
pensamentos positivos aos outros é algo tão real quanto dar dinheiro; e é uma
forma de caridade que até o mais pobre dos homens pode fazer. É errado irradiar
depressão. Ela impede os pensamentos elevados, causa muito sofrimento às
pessoas sensíveis e é responsável pela maior parte do medo noturno das
crianças.
Ao permitir que pensamentos miseráveis
e maldosos sejam descarregados sobre uma criança, como muitos fazem, estamos
envolvendo-a em penumbra, e isso não está certo. Esqueçam-se da depressão e. em
vez de ceder a ela, enviem pensamentos de fortaleza para os doentes.
Nossos pensamentos não são -como se
poderia supor- assunto apenas da nossa própria conta, pois suas vibrações
afetam os outros. Os pensamentos maldosos têm alcance muito maior do que as
palavras, mas não podem afetar quem estiver totalmente livre da qualidade que
eles veiculam; por exemplo, o pensamento do desejo de beber não pode penetrar
no corpo de um homem totalmente abstêmio. Ele atinge seu corpo astral, porém,
como não pode penetrar, retorna ao emissor.
A vontade pode ser treinada para agir
diretamente sobre a matéria física. Para alguns talvez o exemplo mais comum
seja aquele do quadro usado muitas vezes nas práticas de meditação, no qual
podem ser observadas com freqüência alterações de expressão; as partículas
físicas são, sem dúvida alguma, afetadas por um pensamento forte e constante. A
Sra. Blavatsky costumava recomendar algumas práticas a seus discípulos,
dizendo-lhes para pendurarem uma agulha em um fio de seda e aprender a movê-la
pela força da vontade. Um escultor também usa o poder do pensamento, mas de
maneira diferente. Diante de um bloco de mármore, ele cria uma forte forma de
pensamento da estátua que deseja esculpir. A seguir coloca sua forma de
pensamento dentro do bloco e começa a remover o mármore que sobra fora da forma
de pensamento, deixando apenas a parte interpenetrada por ela.
Habituem-se a dedicar algum tempo todos
os dias a formular bons pensamentos e enviá-los a outras pessoas. È uma prática
fundamental para todos, e fará muito bem para as pessoas que os recebem também,
sem dúvida alguma.
(Extraído da obra A Vida
Interna, C.W. Leadbeater, Editora Teosófica, 1996.)