O Cultivo da Tranquilidade
É Mais Eficaz Avançar Passo a Passo
Sílvia Lúcia de Oliveira
“Não faz nenhuma diferença o que nós fazemos;
o que importa é como nós fazemos qualquer coisa.
E como sempre há algo sendo feito, nós sempre
temos a oportunidade de fazê-lo corretamente.”
Robert Crosbie
O tempo parece-nos na maioria das vezes curto o suficiente
para justificar a agonia de fazer tudo rápido, de um jeito qualquer,
dispensando caprichos e reflexões que exigiriam mais alguns minutos. Escoando
no atropelo, vamos alinhavando uma vida sem debruns e acabamentos. Deixa-se de
lado o que parece à primeira vista ser dispensável, utilizando um critério de
escolha que prioriza rapidez e sacrifica todos os demais quesitos. E sobe a
pressão arterial aos solavancos de um viver turbinado de afazeres.
Fazemos as coisas sem nelas pensar, sem que nossa mente se
permita sedimentar decisões, questionar sentidos e significados. Muito do
estresse cotidiano e de suas conseqüências pessoais e coletivas é fruto desse
tocar a vida ao ritmo de urgências fabricadas. A agitação física e mental
estabelece um turbilhão de pensamentos simultâneos que turvam a atenção e
sobrecarregam nosso sistema de raciocínio. Cansamo-nos mais, atrapalhamo-nos
desejando abarcar vários assuntos num só ato. E pior, prosseguimos deixando
coisas caírem pelo apressado caminho de nossa existência.
Entretanto, por mais que sejam atravessados momentos ou
situações agitadas, a mente tranqüila sempre será mais capaz de buscar e
encontrar as melhores alternativas, abreviando esforços e frustrações. Nossas
ocupações podem ser adequadamente cumpridas na cadência dos dias, sem a
necessidade de nos preocuparmos com o que possa eventualmente deixar de ser
feito. O tempo mostrará se o que foi deixado para trás fará ou não falta. Na
maioria absoluta das vezes, as pequenas falhas cotidianas não se transformarão
em perdas irreparáveis.
Podemos fazer muitas coisas se nos permitirmos dar um passo
de cada vez, um após o outro, sem nos desviarmos de metas propostas e procurando
sempre a melhor forma possível. Com o pensamento liberto das pressões
desnecessárias, conseguimos olhar a vida saboreando suas cores, seus sabores e
principalmente estabelecendo importância adequada a cada momento.
A tranqüilidade é o fruto maduro de uma atitude de viver
caprichosamente germinada nos pequenos atos e nas situações banais do dia a
dia. Tranqüilidade se cultiva, com zelo e cuidado persistentes; não se compra
pronta e nem se engole em cápsulas. Quando se alcança tal equilíbrio, se descobre
uma serenidade profunda e duradoura, jamais conquistada com a química dos
remédios.
Retornando às palavras iniciais de Crosbie, o que importa na
vida é o modo como fazemos as coisas, independente de serem simples ou
complexas; rotineiras ou não. O fundamental é caprichar, fazer bem feito e,
como a pressa sempre foi inimiga da perfeição, manter sempre a calma e a
preservar a tranqüilidade.
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A crônica acima foi publicada inicialmente na edição de 15 de
maio de 2010 do jornal 'Agora', em Rio
Grande, RS.
www.filosofiaesoterica.com
imagem: google
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