Síndromes Evolutivas
Por Dalton Campos Roque – www.consciencial.org
Existem dois erros evolutivos graves: as mimeses e as antimimeses. As mimeses são repetições dos erros efetuados nas encarnações passadas, algo bem comum, mas essa interpretação pode ter desdobramentos que veremos depois.
A antimimese é o extremismo antagônico, diante do erro efetuado em vida passada, que leva ao extremo oposto no presente. É o paradoxo da lucidez. Lúcido do erro que cometeu em vida passada, e desesperado para não repeti-lo, inclina-se a pessoa para o extremo oposto, cometendo um erro novo e grave em sentido contrário; e se efetuado com extremismo, pode se manifestar com radicalismo.
A lucidez relativa e suficiente de perceber o erro passado não é suficiente para perceber o novo erro presente, tornando a repeti-lo por meio de atitudes radicalmente opostas.
Há várias síndromes evolutivas comuns:
1. Sentimento de Estrangeiro ou Síndrome do Estrangeiro;
2. Síndrome da Repetição ou Mimese;
3. Síndrome da Antimimese ou Extremismo do Contrário;
4. Síndrome de Swedenborg, o desvio da programação existencial (dharma) no fim do curso da vida;
5. Síndrome do Descaso Evolutivo;
6. Síndrome do Atacadismo Consciencial;
7. Síndrome da Salvação;
8. Síndrome do Evoluído;
9. Síndrome do Fundamentalismo.
A seguir iremos explicar melhor cada uma.
1. Síndrome do Estrangeiro ou Sentimento de Estrangeiro
São pessoas que encarnaram com bagagem de um bom curso intermissivo, mas possuem imaturidades marcantes em diversas facetas de sua personalidade.
Apresentam muitos pontos positivos e podem melhorar bastante numa vida. São inadequados em grande período da vida ou em toda ela, apesar de mostrarem talentos e bons traços de caráter e inteligência. Possuem traços de ingenuidade, apesar da excelente bagagem espiritual e forte intelectualidade.
A característica dessa síndrome é que parcela expressiva das pessoas que são “espiritualistas” (não espiritualizadas) tentam se encaixar à força nela, pois a maioria das pessoas possui algum tipo de inadequação e insegurança, mas isso é normal e natural em 99% das pessoas. Já escrevemos um artigo específico sobre esta síndrome no site www.consciencial.org.
2. Síndrome da Mimese ou Síndrome da Repetição
Quando repetimos um acerto de vida passada, chama-se “acerto”, mas quando repetimos um erro, chama-se “mimese”. Repetir o acerto é denominado continuísmo consciencial, ou seja, uma continuação de um trabalho social/espiritual/consciencial que dinamiza a própria evolução espiritual.
Se fizermos uma análise reencarnatória, a rigor tudo será sempre continuísmo, seja piorando, seja melhorando consciencialmente, pois nós somos e seremos sempre nós mesmos, e tudo, quando não for a semântica, será a interpretação que se dá aos conceitos que se propõem.
O que escrevo aqui são apenas conceitos sob minha interpretação. Peço que o leitor não leve o texto ao rigor absoluto da letra, mas como ideia geral bem flexível.
3. Síndrome da Antimimese ou Extremismo do Contrário
É um pavor criado, oriundo de um trauma extrafísico, num desencarne qualquer, óbvio, em vida anterior. A pessoa leva uma vida correta seguindo o plano de seu curso intermissivo[1] muito bem. Depois de seguir um bom percurso, ela de desvia ou desiste por qualquer motivo, o que não vem ao caso agora, e perde um bom trabalho que realizou. [1] Temos outro artigo explicando em detalhes o que é curso intermissivo, no mesmo site citado.
A pessoa desencarna e quando vai analisar seus resultados no extrafísico (plano astral) fica chocada e aborrecida (trauma). E ela promete a si mesma não repetir o erro nas próximas vidas e introjeta isso com tanta força que, ao reencarnar, radicaliza essa emoção e age ao contrário ao erro da vida anterior, radicalizando em seus pensamentos e ações. Um exemplo, grosso modo, desse comportamento seria uma pessoa que se desviou da ciência para a religião numa vida e na seguinte radicaliza suas posições no sentido da ciência.
A antimimese, sob visão de duas vidas, pode ser simplificado assim: numa vida, o início num bom caminho e o desvio ao final; na vida seguinte, o início no bom caminho e o desvio ao final, mas em posições opostas.
4. Síndrome de Swedenborg
Emanuel Swedenborg (1688-1772) foi um grande cientista de seu tempo, o mais erudito entre seus contemporâneos. Desenvolveu muitos estudos e ideias sofisticadas para sua época. Aos 55 anos de idade, teve um momento de clarividência mais intensa e a partir dessa época voltou-se ao dogmatismo religioso.
O que aconteceu com Swedenborg foi um desvio violento de sua programação existencial, após aproximadamente dois terços de sua vida. Portanto, essa expressão só pode ser aplicada nos casos de tarefeiros que trocam suas tarefas de esclarecimento por tarefas de consolação, ou simplesmente as abandonam.
Aos tarefeiros que programaram para sua encarnação tarefas de consolação e as abandonaram não se aplica a presente expressão.
5. Síndrome do Descaso Evolutivo
Aqui se enquadra a maioria esmagadora da humanidade. Entram majoritariamente os antiéticos, sejam céticos, sejam materialistas, sejam espiritualistas. Qualquer um que seja predominantemente antiético. O típico sujeito que deseja levar vantagem em tudo. E também os que vivem uma vida fútil e vazia de princípios e valores humanos.
6. Síndrome do Atacadismo Consciencial
É o fato que surge em movimentos metafísicos – qualquer um que não seja materialista ou cético – estruturas grandes, como forma de se propagarem suas “verdades” e crenças ao maior número de pessoas de forma empresarial, organizada, hierarquizada e em forma semelhante a franquias modeladoras – no caso em estudo, franquias conscienciais.
Um líder gera um movimento que cresce, que se empolga, e se deslumbra, muitas vezes, ao criar uma industrialização, que empacota suas ideias, que antes eram originais e livres, e as reduzem a definições pequenas, conceitos reduzidos, perdendo conteúdo e qualidade. É bom lembrarmos uma lei bioenergética que diz: “Uma multidão se nivela por baixo e um grupo evolutivo se nivela pela média baixa.”
Quanto maior o atacadismo, mais baixa será a qualidade consciencial do produto final. Às vezes o custo-benefício evolutivo de um atacadismo consciencial é pior que um trabalho focado num grupo menor e de maior qualidade. Nestes casos, quanto maior a quantidade, menor a qualidade.
7. Síndrome da Salvação
A Síndrome da Salvação é a febre manipuladora de movimentos dogmáticos proselitistas e absolutistas. Incluem-se aqui também os movimentos que acreditam na reencarnação. Há dogmas oficiais e assumidos, mas há dogmas velados e dissimulados em movimentos que adoram certos ícones e não admitem nada fora de suas obras. A maioria da humanidade está inserida aqui.
8. Síndrome do Evoluído
A Síndrome do Evoluído é mais comum em movimentos mais esclarecidos e intelectualizados. Esses movimentos se caracterizam por possuírem um poderoso acervo dos artefatos do saber. Orgulham-se disso, envaidecem-se, não praticam as virtudes da alma, crendo-se superiores aos demais, que desdenham. Seus adeptos caem na distorção da realidade, própria dessa síndrome.
9. Síndrome do Fundamentalismo
Quando a Síndrome da Salvação é praticada por pessoas extremistas, estes a transformam num movimento fundamentalista de diversos graus de ódio e destruição.
Conclusão
As síndromes não são estanques, não são absolutas. Cada grupo ou pessoa pode possuir várias delas em diversos graus. Elas se interpermeiam, gerando características bem peculiares e específicas. São hipóteses conscienciais de trabalho a serem mais estudadas e desenvolvidas com o tempo.