sábado, 21 de janeiro de 2012

Parasitismo ou Independência?



Parasitismo ou Independência?

A Dependência Deve Ser Transcendida, Para

Que Surja a Verdadeira Auto-Responsabilidade

The Theosophical Movement

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Segundo a teosofia clássica, a independência individual é

indispensável para que exista um verdadeiro auto-conhecimento.

Sem auto-responsabilidade, não há auto-libertação. A adesão

cega a um grupo leva ao parasitismo dos “rebanhos” inconscientes.

Neles, os cegos são conduzidos por cegos ao longo do caminho

“largo e fácil” que perpetua a ignorância. Porém a indispensável

independência individual é sobretudo interna, e não implica

separação nem separatividade. A independência é relativa: ela anda

junto com a interação e a interdependência que unem todos seres.

O texto a seguir é traduzido da edição de janeiro de 2010 de “The

Theosophical Movement”, a revista mensal internacional editada na

Índia por associados da Loja Unida de Teosofistas. O título original

é “Questions and Answers”, e o artigo foi publicado nas páginas 29-31.

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Pergunta:

Como distinguir a interdependência da dependência, e alcançar o verdadeiro discernimento sobre o que é ser independente?

Resposta:

O processo de crescimento é o avanço desde a dependência para a interdependência. Nós nascemos, em primeiro lugar, porque alguma mulher nos carregou durante cerca de nove meses em seu útero, e nos alimentou. Uma criança abandonada após o parto iria chorar até morrer. As crianças que são alimentadas mas não são acariciadas nem ganham colo, isto é, não recebem amor e calor humano, também morrem. Não existe algo como “homem independente”. Desde a nossa infância, ocorre uma contribuição de muitas pessoas para nós sejamos quem somos. Para as nossas necessidades básicas de alimentação, de roupas e de abrigo, nós dependemos de outros. Também somos emocionalmente dependentes dos outros, e da mesma forma os outros dependem de nós. Observamos esta dependência e interdependência nos reinos inferiores da natureza, e neste caso ela é descrita como simbiose, o que significa uma vida conjunta de organismos diferentes. Mutualismo é uma forma de simbiose em que a relação entre os indivíduos produz benefício para eles. No entanto, o parasitismo é a forma de simbiose em que um indivíduo é dependente e se beneficia às custas do outro. A interdependência pode facilmente degenerar em dependência se recebemos passivamente e sem retribuir. Passamos a usar o outro até o ponto de tirar dele sua energia física ou psíquica.

No momento em que reconhecemos que nós também necessitamos fazer nossa própria contribuição, o processo se torna uma interdependência. Caso contrário somos parasitas, ou, como o Bhagavad Gita assinala, somos apenas ladrões que recebem sem fazer uma retribuição. A lei da fraternidade universal se expressa no processo de cooperação entre os seres. Sabemos que uma cidade entra em completo caos quando os coletores de lixo, ou os químicos e farmacêuticos, ou os motoristas, entram em greve. Quando um país sofre de alguma calamidade, tal como terremoto, tsunami, fome ou recessão econômica, os seus efeitos são sentidos em outros países.

Em última instância, independência e interdependência devem ser elementos de um estudo sobre Carma Coletivo. “Ninguém pode cometer um erro sozinho, nem arcar sozinho com as consequências do erro.” Através das nossas ações boas ou más, nós aceleramos ou retardamos o progresso da raça humana, ainda que em uma proporção muito pequena. Por exemplo, vivendo neste século, temos à nossa disposição comodidades como um transporte melhor, computadores e equipamentos elétricos. Mas isso também significa ter que suportar crime, corrupção e poluição. Este é o aspecto coletivo do carma. Nele nós compartilhamos e suportamos consequências boas e más, pelo fato de fazermos parte do conjunto. Não estamos sozinhos nesta peregrinação. Temos que “chegar ao destino” na companhia de outros peregrinos e não através do isolamento. E no entanto, ninguém pode nos tirar do atoleiro e colocar-nos sob o sol. A mãe pode alimentar o bebê, mas a criança deve comer e fazer a digestão do alimento. Assim, também, nós somos ajudados por seres espirituais, mas cada indivíduo avança tomando decisões certas ou erradas. A interdependência é um fator importante do progresso espiritual, e é através da interdependência que a verdadeira independência é percebida.

A família, a nação, a raça humana, etc., nos deram algumas características, e, como indivíduo, cada vez que erradicamos uma má tendência da nossa natureza pessoal fazemos uma contribuição para a purificação das tendências da nossa família, da nossa nação e da raça humana; estamos mudando seu Carma como coletividade e afirmando a nossa independência. Mesmo vivendo na quarta ronda, Buddha e Shankara possuíram um conhecimento que a média da humanidade só irá adquirir na quinta e na sexta rondas.[1] O sr. William Judge escreve:

“Você pode percorrer a trajetória necessária em 700 encarnações, em sete anos, ou em sete minutos.” Um indivíduo pode avançar à frente da raça humana. [2]

No livro “Letters That Have Helped Me”, William Judge diz:

“Estou cansado das pessoas que bocejam uma e outra vez e são tão norte-americanamente ‘independentes’ - como se os seres humanos pudessem em algum momento ser independentes uns dos outros.” Este é o ponto central da questão. Existe um estado de liberdade positiva, no qual o indivíduo existe como um ser independente, mas unido a outros seres humanos, e em unidade com o mundo e a natureza. Um homem realmente livre desenvolveu a sua divindade até o ponto de ser capaz de viver com outros homens e mulheres sem interferir em suas vidas.

NOTAS:

[1] As Rondas são períodos extremamente longos de evolução das mônadas humanas. O tema é abordado na obra “A Doutrina Secreta”, de Helena Blavatsky. (Nota dos editores de www.filosofiaesoterica.com. )

[2] “Letters That Have Helped Me”, William Q. Judge, Theosophy Co., Los Angeles, p. 21.


Fonte: www.filosofiaesoterica.com e blog www.teosofiaoriginal.com

sábado, 7 de janeiro de 2012

O Despertar da Vontade.


O Despertar da Vontade
A Força Criadora Produz Magnetismo Positivo


A vontade é um fator ativo, é criadora, e tende a surgir do eu superior, ou alma espiritual. O desejo, porém, surge predominantemente do eu inferior, é inerte, e não consegue agir de modo construtivo.
A alma ganha magnetismo através do desenvolvimento da vontade. A verdadeira alquimia consiste em desenvolver simultaneamente o discernimento, a vontade, e a sabedoria. Neste processo, o sofrimento é um mestre indesejável, mas necessário.
Eliphas Levi escreveu:
“O príncipe Sakiamuni, conhecido como Buddha, disse que todos os tormentos da Alma Humana surgem do medo ou do desejo; e ele concluiu com duas frases que podem ser expressas deste modo: ‘Não deseje, pois, coisa alguma, nem mesmo a Justiça; espere, porque cedo ou tarde o céu irá estabelecê-la. O Nirvana não é aniquilação: ele é, na Ordem da Natureza, a grande pacificação’.”
Para Eliphas Levi, “querer sem medo e sem desejo é o segredo da vontade Onipotente”. [1] Aquele que nada deseja, é rico. Quem não teme coisa alguma está livre. Aquele que só quer o que é correto, é feliz.
Mas a Vontade só vence quando é ampla, e ela só é ampla quando é elevada. A vontade elevada é universal e altruísta, porque surge do eu superior ou alma espiritual. A verdadeira vontade é vitoriosa por dois motivos: 1) Ela aponta para a direção certa; e 2) Ela sabe esperar.
NOTA:
[1] “The Paradoxes of the Highest Science”, Eliphas Levi, TPH, Adyar, India, 1922, 172 pp., ver p. 88. A obra tem edição brasileira. Trata-se de “Os Paradoxos da Sabedoria Oculta”, da Editora Pensamento.


Fonte: O Teosofista é o boletim eletrônico mensal do websitewww.FilosofiaEsoterica.com e do blog www.TeosofiaOriginal.com